Dólar cai a R$ 5,80 e Bolsa “beija” 130 mil pontos com Trump e Europa
Investidores demonstram otimismo maior em relação a acordos sobre tarifas comerciais, apesar de Donald Trump dizer que não tem “pressa”
atualizado
Compartilhar notícia

O dólar encerrou a sessão desta quinta-feira (17/4), a última antes do feriado prolongado de Páscoa, em queda, enquanto a Bolsa de Valores brasileira fechou o pregão em forte alta, em um clima de maior otimismo em relação ao possível acordo entre Estados Unidos e os demais países em torno das tarifas comerciais.
Segundo analistas do mercado, o movimento de queda do dólar reflete o cenário global. Com as incertezas provocadas pelo tarifaço de Donald Trump, a moeda dos EUA vem perdendo valor em frente a boa parte das demais divisas.
Dólar
- A moeda norte-americana fechou a sessão cotada a R$ 5,804, em forte baixa de 1,03% frente ao real.
- Na cotação máxima do dia, o dólar bateu R$ 5,888. A mínima foi de R$ 5,796.
- Na véspera, o dólar havia recuado 0,44% e encerrado a sessão cotado a R$ 5,86.
- Com o resultado, a moeda dos EUA acumula ganhos de 1,73% no mês e perdas de 6,08% no ano frente ao real.
Ibovespa
- O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), terminou o pregão desta quinta em disparada: alta de 1,04%, “beijando” os 130 mil pontos (129,6 mil).
- Na pontuação máxima do dia, o indicador bateu 130.090,65 pontos.
- O resultado foi puxado pelo forte desempenho dos papéis da Petrobras, que subiram mais de 2%, e da Vale, com alta de quase 1%.
- No dia anterior, o indicador fechou o pregão em queda de 0,72%, aos 128,3 mil pontos.
- Com o resultado, a Bolsa do Brasil acumula baixa de 1,49% em abril e alta de 6,68% em 2025.
Trump volta artilharia para o Fed
Nesta quinta-feira, o mercado financeiro repercutiu as declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) sobre as tarifas comerciais impostas pelo governo do presidente norte-americano Donald Trump sobre mais de uma centena de países.
No dia anterior, Powell disse que o tarifaço de Trump pode impactar a inflação no país, o que levaria o Fed a apertar novamente os juros.
“As tarifas são maiores do que os analistas previam, certamente maiores do que esperávamos, mesmo no nosso cenário mais extremo”, disse Powell, que participou nessa quarta-feira (16/4) de um evento em Chicago (EUA).
“Podemos nos deparar com um cenário desafiador em que as metas do nosso duplo mandato entrem em conflito. Se isso acontecer, iremos considerar o quão distante a economia está de cada uma dessas metas e os diferentes horizontes de tempo em que essas lacunas poderão ser fechadas”, explicou o presidente do Fed.
Powell afirmou ainda que, apesar de a inflação ter desacelerado nos EUA, ela se encontra em patamar superior à meta do Federal Reserve, de 2% ao ano. Em março, o índice ficou em 2,4%, no acumulado de 12 meses.
Em sua última reunião, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed manteve inalterada a taxa básica de juros no intervalo de 4,25% a 4,5% ao ano.
A elevação da taxa básica de juros é o principal instrumento dos bancos centrais para controlar a inflação.
Publicamente, o Fed vem sendo alvo de críticas de Trump, que já cobrou da autoridade monetária a queda da taxa de juros.
Nesta quinta, Trump rebateu os comentários do chefe da autoridade monetária dos EUA e voltou a cobrar a queda dos juros no país.
“Os preços do petróleo caíram, os alimentos estão mais baratos e os EUA estão enriquecendo com as tarifas. O ‘atrasado’ já deveria ter reduzido as taxas de juros, como o BCE [Banco Central Europeu] fez há tempos, mas com certeza deveria reduzi-las agora. A demissão de Powell não pode vir rápido o suficiente”, afirmou Trump.
EUA sem pressa por acordo
Nesta quinta, Trump demonstrou que não está com pressa para fechar acordos com outros países em torno das tarifas.
“Haverá um acordo comercial. Espero firmemente por isso, mas será um acordo justo”, disse Trump após um almoço com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, em Washington (EUA), quando questionado por jornalistas sobre o andamento das negociações com a União Europeia (UE).
“Não temos pressa. Vamos ter pouquíssimos problemas para chegar a um acordo com a Europa ou com qualquer outro”, garantiu o presidente dos EUA.
Na véspera, representantes do governo do Japão não tiveram êxito em suas tratativas com as autoridades norte-americanas sobre o tarifaço. Segundo Trump, “muitas conversas de alto nível” estão acontecendo com diversos países.
“Estamos nos movendo bem. Praticamente todos querem negociar”, afirmou.
Juros caem na Europa
Ainda no cenário internacional, os investidores repercutiram nesta quinta-feira a decisão do Banco Central Europeu (BCE) sobre a taxa básica de juros na Europa.
Em decisão esperada pelo mercado, a autoridade monetária europeia anunciou a redução de 0,25 ponto percentual nos juros. Assim, a taxa de depósito caiu de 2 5% para 2,25%; a de refinanciamento, de 2,65% para 2,4%; e a de empréstimos, de 2,9% a 2,65%.
Desde junho do ano ado, o BCE já reduziu a taxa de juros sete vezes.a
A presidente do BCE, Christine Lagarde, afirmou que a política tarifária de Trump afetará o crescimento da Europa e pode ter impactos na inflação. “Podemos antecipar que as tarifas vão ter impacto no crescimento”, disse.
“O impacto sobre a inflação vai se tornar mais claro com o tempo. Ainda temos muita incerteza no cenário de hoje e ainda haverá muitas decisões nas próximas semanas e meses que serão decisivas.”
Segundo dados do Eurostat, a agência oficial de estatísticas da União Europeia (UE), a inflação na zona do euro em março desacelerou para 2,2%, ante 2,3% em fevereiro.
O resultado veio em linha com as estimativas do mercado financeiro. Na comparação mensal, a inflação foi de 0,6%, também dentro do esperado.
Na entrevista, a presidente do BCE disse ainda que a instituição seguirá baseando suas decisões sobre política monetária em dados e evitou a trajetória futura dos juros no bloco.
Na Europa, os principais índices das bolsas de valores fecharam em baixa, mas aliviaram as perdas após a decisão do BCE. Na Ásia, as bolsas subiram.
Nos EUA, os principais índices da Bolsa de Nova York operavam sem direção única.