Zelensky inicia negociações de paz pedindo mais armas para a Ucrânia
Na Alemanha, Zelensky se disse pronto para alcançar a paz, mas voltou a pedir garantias de segurança dos EUA e aliados da Europa
atualizado
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No primeiro dia das discussões de paz entre Rússia e Ucrânia, patrocinadas pelo presidente Donald Trump, Volodymyr Zelensky disse estar pronto para avançar em direção à paz, mas voltou a pedir mais armas e garantias de segurança para seu país. As declarações do líder ucraniano aconteceram durante a Conferência de Segurança de Munique, na sexta-feira (14/2).
Negociações na Alemanha
- O plano de Trump em ser o líder que vai mediar a paz entre Ucrânia e Rússia, em guerra desde 2022, começou na sexta-feira (14/2), durante a Conferência de Segurança de Munique.
- As discussões sobre um possível fim do conflito começaram após Trump conversar, por telefone, com Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky.
- Os três já expressaram o desejo de chegar a um acordo. A realidade da guerra, contudo, pode pressionar Zelensky a aceitar termos que não vão de encontro as expectativas do governo ucraniano.
Durante o evento, o presidente ucraniano participou de uma reunião bilateral com uma delegação norte-americana, chefiada pelo vice-presidente, J.D. Vance, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, e o enviado especial de Trump para a Ucrânia, general Keith Kellog.
Após o encontro, Zelensky descreveu a conversa como produtiva, e informou que Kiev e Washington vão continuar trabalhando na elaboração do plano de paz. Além disso, o líder ucraniano disse esperar uma visita de Keith Kellog na Ucrânia, para uma “avaliação mais aprofundada da situação no local”.
“Estamos prontos para avançar em direção à paz real e garantida o mais rápido possível. Agradecemos sinceramente a determinação do presidente Trump, que pode ajudar a interromper a guerra e fornecer à Ucrânia justiça e garantias de segurança”, disse Zelensky em um comunicado.
Mais cedo, o presidente da Ucrânia condicionou uma conversa com Putin à criação de um plano de paz comum, envolvendo ucranianos, norte-americanos e europeus. Até o momento, no entanto, aliados da Europa ainda não participaram diretamente das discussões.
Mais armas
Mesmo com a sinalização de que as negociações de paz devem continuar, Zelensky aproveitou a conferência na Alemanha para pedir mais apoio militar à Ucrânia.
Com a possibilidade de o apoio de Washington à Kiev diminuir sob a istração Trump, o presidente ucraniano fez um apelo a uma delegação do Senado norte-americano sobre a manutenção da assistência militar para o país. Trump, contudo, já expressou o desejo de ter o aos recursos minerais da Ucrânia em troca da ajuda.
“A Rússia não quer que a guerra termine e continua a aumentar as tensões no mundo. É por isso que o apoio militar dos Estados Unidos é extremamente importante para a Ucrânia. Somente dessa forma uma paz justa e duradoura poderá ser alcançada”, disse o gabinete de Zelensky após encontro do presidente com senadores dos EUA.
O mesmo pedido sobre a continuidade da assistência militar à Ucrânia foi debatido em encontros de Zelensky com lideranças de países da Europa,
Otan
Sobre a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o presidente da Ucrânia voltou a falar em garantias de segurança vindas do Ocidente, caso a adesão ucraniana na aliança não se concretize.
De acordo com o presidente da Ucrânia, seu país precisará de ajuda para aumentar o número de soldados, caso a filiação à Otan esteja prevista no futuro acordo de paz — como já foi descartado pelo secretário-geral da aliança, Mark Rutte.
“Se não tivermos na Otan, a Otan de verdade, faremos a Otan na Ucrânia”, disse Zelensky na Alemanha. “Isso significa que precisamos aumentar nossos soldados, nosso Exército, duas vezes.
Apesar de ter solicitado a adesão da Ucrânia na Otan em 2022, meses após a invasão russa, a entrada ucraniana na aliança é incerta, apesar da integração do país liderado por Zelensky ser vista como “irreversível” por algumas lideranças do bloco.
O movimento, contudo, não deve acontecer enquanto a guerra com a Rússia ainda continuar. Isso porque a entrada da Ucrânia na Otan significaria, na prática, o envolvimento direto dos 32 países membros, já que um dos pilares da aliança é a ajuda na defesa em casos de agressões contra nações aliadas ao bloco.