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A segunda edição do Seminário Internacional sobre Segurança Pública, Direitos Humanos e Democracia, o maior evento do país dedicado ao combate à violência e ao crime organizado, reúne ministros, governadores, parlamentares e especialistas até hoje, 29 de maio, para debater o assunto.
Neste quarto dia pela tarde, os convidados debatem temas como o combate às máfias a partir de Nova York nos anos 1980, o uso da inteligência artificial como ferramenta auxiliar da inteligência de segurança pública, o crime e as relações internacionais, a responsabilidade dos países produtores de armas e novas tecnologias e investigação penal.
Assista na íntegra os painéis da tarde:
Como os EUA combateram a máfia a partir de NY nos anos 1980
No primeiro da tarde, Bill de Blasio, ex-prefeito de Nova York, comentou sobre o enfrentamento ao crime, reforçando que um dia Nova York foi considerada a “capital da máfia”.
Porém, Bill afirmou que o trabalho feito nos últimos 50 anos fez com diminuísse o poder da máfia na cidade. “amos de uma cidade insegura para um lugar que, há muitos anos, é a grande metrópole da América”, citou.
Ele explicou ainda que, no início do combate à máfia, foi necessário o posicionamento de grandes líderes que não aceitaram o avanço da criminalidade e a importância do estatuto RICO – lei federal dos Estados Unidos que visa a combater o crime organizado e a corrupção
“Se a máfia prospera, outros tipos de corrupção prosperam também. O estatuto permitiu que houvesse um enfrentamento jurídico para enfrentar essa conspiração”, salientou.
Na sequência, Valério Mateus, general manager de Serviços da Lenovo para América Latina, e Fernanda Spinardi, head de Customer Solution da Amazon Web Services, sob a mediação de Leandro Demori, diretor de Jornalismo do ICL, debateram sobre o uso da inteligência artificial como ferramenta auxiliar da inteligência de segurança pública.
Na fala inicial, Fernanda abordou vários contextos em que a IA tem sido fundamental, como na saúde e no setor público. A representante da Amazon Web Services disse que ainda é só o começo: “São os primeiros os de uma longa jornada, mas de um potencial enorme.”
Assista na íntegra os painéis da manhã:
O modelo antimáfia italiano
O último dia do Seminário Internacional 2025 começou com um debate sobre o modelo antimáfia italiano. sco Del Bene, procurador nacional adjunto da Direção Antimáfia e Antiterrorismo; Giovanni Bombardiere, procurador da República da Direção Distrital Antimáfia de Turim; Tommaso Pastore, chefe do Centro da Direção Investigativa Antimáfia de Turim; Tommaso Vermigli, diretor do IREE Europa; e Lincoln Gakiya, promotor de Justiça participaram da conversa mediada por Marcelo Godoy, repórter especial do Estadão.
Del Bene apresentou os trabalhos feitos pela Direção Nacional Antimáfia e Antiterrorismo da Itália, além de abordar estratégias de prevenção às máfias no país.
Segundo ele, a Direção tem a finalidade de constituir organizações e estruturas qualificadas para garantir o combate eficaz ao crime organizado.
Além disso, Del Bene comentou sobre o banco de dados, instrumento que facilita o compartilhamento de informações entre as procuradorias distritais na Itália.
“É um patrimônio histórico e atualizado de conhecimento, análise e elaboração avançada de dados e notícias. Tudo isso é relacionado às atividades criminais e a segurança cibernética nacional”, ressaltou.
Em outro momento, Bombardiere defendeu o trabalho entre nações como estratégia de enfrentamento à criminalidade.
Conforme ele, é preciso atenção, pois as máfias se movem rapidamente e operam simultaneamente em vários locais: “Chegar tarde significa não atacar esse fenômeno criminoso”.
“O combate antimáfia não pode ar sem a cooperação internacional. É fundamental criar grupos de trabalho que realizam investigações de forma contextual”, ponderou.
O modelo antimáfia norte-americano
Logo em seguida, Nicholas Zimmerman, ex-diretor do Conselho Nacional de Segurança da Casa Branca para Assuntos do Brasil e Cone Sul; Ricardo Zúñiga, ex-integrante do Conselho de Segurança Nacional e do Departamento de Estado Americano; e Fritz Scanlon, advogado e ex-promotor federal dos EUA, apresentaram o modelo antimáfia norte-americano. O jornalista Jamil Chade foi o moderador da conversa.
Ainda no início, Ricardo respondeu sobre o risco à democracia e a necessidade da segurança da sociedade. “Cidadãos comuns esperam que o Estado faça alguma coisa em relação à educação, serviços públicos e estabilidade econômica. Mas, nada é mais importante da segurança pessoal.”
“Nas democracias, esperamos que o Estado mantenha os ‘predadores’ distantes da sociedade. O risco imposto pelo crime organizado é que o Estado pode se tornar um protetor deles ou se tornar um predador”, complementou.