Semana de Alta-Costura: veja os desfiles que foram destaque
As coleções da temporada primavera/verão 2025 foram apresentadas em Paris, na França, nesta semana
atualizado
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A Semana de Alta-Costura, que ocorreu entre os dias 27 e 30 de janeiro, teve momentos marcantes e que merecem a análise. A estreia dramática e cheia de referências de Alessandro Michele para a Valentino é uma delas. Além disso, maisons clássicas, como Schiaparelli e Jean Paul Gaultier, também se destacaram.

Vem saber mais!
- As peças de haute couture, como a categoria é chamada em francês, exigem alto rigor técnico e são feitas à mão, sob medida e somente em Paris.
- Segundo o Business of Fashion, um ateliê precisa de pelo menos 15 funcionários trabalhando em tempo integral, além de 20 técnicos em uma das oficinas.
- Ao longo do ano, ocorrem apenas duas Semanas de Alta-Costura, em janeiro e julho.
Schiaparelli abriu a temporada com o luxo extravagante
Daniel Roseberry iniciou a Semana de Alta-Costura com um desfile impactante — como de costume — para a Schiaparelli. Marcado pela opulência e pelo resgate da essência surrealista da maison, o diretor criativo rejeitou a ideia de que modernidade precisa ser sinônimo de minimalismo.
Na arela, silhuetas esculturais, bordados luxuosos e uma paleta de cores sofisticada, composta por tons de bege, preto, creme e dourado, tomaram conta. A trilha sonora, embalada por Father Figure, de George Michael, ofereceu um tom emocional e nostálgico à apresentação.
Entre capas volumosas, corsets estruturados e detalhes meticulosamente trabalhados, Roseberry demonstrou mais uma vez que tem maestria em equilibrar rigor técnico e fantasia.



O sex appeal de Jean Paul Gaultier
Desde que Jean Paul Gaultier se aposentou em 2020, a maison sa convida estilistas para reinterpretar a identidade do designer na alta-costura. Neste ano, a responsabilidade ficou com Ludovic de Saint Sernin, que apresentou uma coleção intensa e teatral, batizada de Le Naufrage.
A apresentação começou de forma impactante: um grito ecoou no salão, provocando surpresa e risos na plateia. Esse início inesperado serviu como anúncio para um desfile ousado, no qual o estilista misturou uma estética sexy e contemporânea com a irreverência clássica de Gaultier.
Referências náuticas, tão presentes no legado da grife, foram ressignificadas de forma provocativa. Corsets, ilhoses, transparências e silhuetas ajustadas foram combinadas a elementos inspirados nas coleções de Gaultier, o que resultou em um mix de sensualidade e elegância.
Com um casting diverso, incluindo nomes como Alex Consani e Luiza Perote, o desfile celebrou a inclusão e o espírito camp (gíria para algo exagerado, artificial ou teatral), que sempre definiram a marca.



Viktor & Rolf reinventaram a alfaiataria
Conhecida por ter um humor irreverente e abordagem conceitual na moda, a dupla Viktor Horsting e Rolf Snoeren surpreendeu mais uma vez na Semana de Alta-Costura. Para esta temporada, os estilistas apostaram na simplicidade como ferramenta de experimentação.
Eles desenvolveram 24 looks a partir de três peças básicas: um trench coat bege, uma camisa branca e uma calça azul-marinho. O diferencial foi a construção do visual com diferentes proporções e volumes. O desfile demonstrou a capacidade da marca de criar a partir do mínimo.
Com cortes impecáveis, camadas inesperadas e um olhar aguçado para a alfaiataria, Viktor & Rolf reafirmaram o lugar de destaque na alta-costura que ocupam. A escolha de elementos clássicos, inclusive, reforça o discurso da moda atemporal, sem abrir mão da teatralidade que define a identidade da grife.



A estreia de Alessandro Michele na Valentino
Alessandro Michele fez a tão aguardada estreia na Semana de Alta-Costura com a Valentino nessa quarta-feira (29/1). Na arela, o estilista apresentou uma coleção que resgatou a história da maison enquanto a projetava para o futuro.
O desfile, realizado no icônico edifício Palais Brongniart, em Paris, na França, foi um espetáculo visual marcado pela riqueza de referências culturais, experimentação de silhuetas e um casting diverso que apresentou novas camadas à narrativa da marca.
Com um olhar poético sobre a moda, Michele revisitou os arquivos da Valentino e os reinterpretou de maneira ousada. Com os looks, é possível notar uma fusão de elementos históricos e contemporâneos: vestidos volumosos ao lado de crinolinas aparentes, golas rufo inspiradas na nobreza do século XVII, máscaras da cultura da luta livre mexicana e órios de cabeça que remetiam à pluralidade cultural.
O cenário também contribuiu para essa experiência imersiva. Palavras aleatórias em vermelho neon, como “Maria Antonieta”, “vulnerabilidade”, “art déco” e “volumes”, por exemplo, foram projetadas na parede de fundo, refletindo a abordagem de Michele em construir uma moda que dialoga com diferentes tempos e estéticas.



Miss Sohee uniu drama e sofisticação em desfile
Com apenas 28 anos e um talento inquestionável, a sul-coreana Sohee Park segue consolidando a própria marca, Miss Sohee, no circuito da alta-costura. A estilista apresentou, nessa quinta-feira (29/1) uma coleção de forte apelo dramático, na qual cada look parecia ter saído direto de uma pintura renascentista.
Inspirada na icônica obra O Nascimento Vênus de Botticelli, Park trabalhou com bordados minuciosos em formato de conchas, pedras preciosas e incrustações de madrepérola para criar uma atmosfera luxuosa e fantasiosa na arela. As modelagens exuberantes, compostas por corsets, saias rodadas e capas esvoaçantes, reforçaram a estética da designer, que combina o clássico ao contemporâneo.



Germanier e Gustavo Silvestre colaboraram com minuciosidade
Um dos outros nomes que participaram da Semana de Alta-Costura foi o brasileiro Gustavo Silvestre. Ele desembarcou em Paris, na França, para encerrar a temporada a convite do estilista Kevin Germanier. O desfile apresentou a sexta colaboração com o designer de moda suíço, membro convidado da Haute Couture.
Sobre a parceria e presença no evento, Silvestre afirmou, em nota, que “a precisão e o rigor exigidos nesse cenário estão totalmente conectados ao processo de criação do crochê, que por si só já é uma técnica que valoriza a paciência, a habilidade e a exclusividade”.
No Brasil, o trabalho do pernambucano é reconhecido por colocar cores vibrantes e técnicas tradicionais no centro da moda nacional como uma forma de expressão. “Acredito que é justamente essa singularidade e esse nível de detalhamento que chamam a atenção dos ses e que fazem do crochê um material potente dentro do universo da alta-costura”, completa.


