Entorno de Nunes vê retaliação de Tarcísio com aumento da tarifa
Aliados, Tarcísio e Nunes anunciaram mudanças nas tarifas do transporte sem coordenação e quebraram igualdade de preços que vinha desde 2012
atualizado
Compartilhar notícia

São Paulo — A decisão de Tarcísio de Freitas (Republicanos) dessa quinta-feira (14/12) de anunciar o aumento da tarifa de trens e metrô, sem parceria com a Prefeitura da capital, foi vista pelo entorno de Ricardo Nunes (MDB) como uma retaliação por parte do governador aos atritos que marcaram as discussões com o prefeito sobre o tema. A tarifa vai de R$ 4,40 para R$ 5 a partir de janeiro.
O cálculo, agora, é sobre quais efeitos a crise terá no projeto eleitoral de Nunes, que tenta e reeleição e está em segundo lugar nas pesquisas de opinião. Tarcísio disse, ainda na quinta, que tem “zero atrito” com o prefeito e que a relação entre os dois “não muda nada” com esse descomo.
Nunes e Tarcísio se desentendem sobre a tarifa desde que o assunto entrou em pauta, no mês ado, diante da proximidade de janeiro, mês em que a agem costuma ser reajustada. A falta de consenso rompeu uma política tácita vigente desde 2012, a cobrança do mesmo valor para os três meios de transporte.
Tarcísio, responsável por Metrô e TM, vinha defendendo que a tarifa asse por reajuste porque as empresas estatais am por uma crise financeira aguda, com prejuízos acumulados nos últimos três anos superiores a R$ 3 bilhões.
Nunes, por sua vez, vinha defendendo não só que a tarifa permanecesse congelada — o último aumento foi em 2020 — como estimulou o debate sobre a criação da tarifa zero universal na cidade, encomendando um estudo sobre o tema, como forma de buscar uma “bala de prata” que lhe garantisse a reeleição. Tarcísio é contra a tarifa zero.
Retaliação
A divergência de opiniões progrediu para uma retaliação após o anúncio, feito por Nunes na segunda-feira (11/12), da tarifa zero aos domingos, que começa a valer na semana que vem.
Segundo auxiliares do prefeito, Tarcísio ficou aborrecido com a proposta, uma vez que ele esperava do aliado encontrar uma solução conjunta para o tema. Por isso, anunciou a decisão pelo reajuste sem coordenação prévia com a equipe de Nunes. Até o fim da noite desta quinta, técnicos tanto do governo quanto da Prefeitura não sabiam dizer para quanto irá a tarifa integrada entre ônibus e Metrô, que atualmente é de R$ 7,65.
À tarde, após a Prefeitura elaborar às pressas uma nota pública informando que as agens de ônibus permaneceriam em R$ 4,40, Nunes foi ao Palácio dos Bandeirantes, em um evento da Defesa Civil com centenas de agentes, além de deputados e outros prefeitos, que já estava em sua agenda.
Nunes foi levado pelo cerimonial ao palco do evento, e ficou aguardando Tarcísio por mais de 20 minutos, ao lado de uma cadeira vazia. Segundo a equipe do governador, o atraso não foi proposital — ele teria ficado preso em outro compromisso.
Após o evento, Tarcísio concedeu uma entrevista coletiva e, nela, desmentiu declarações que Nunes havia dado no lançamento da tarifa zero aos domingos. O governador afirmou que já havia comunicado o prefeito que aumentaria o valor da agem.