“Eu e o governador? Conflito zero”, diz Nunes sobre congelar tarifa

São Paulo – O prefeito Ricardo Nunes (MDB) voltou a defender, nesta quinta-feira (30/11), durante entrevista na zona sul da capital, o congelamento da tarifa de ônibus no ano que vem, mas disse que irá definir o tema em dezembro, após negociação com Tarcísio de Freitas (Republicanos). O governador defende o aumento da tarifa, mas Nunes disse não haver conflito por causa do assunto.

“Eu e o governador? Conflito nunca, zero. Evidentemente, ele tem um posicionamento dele, eu tenho o meu. Mas a gente vai sempre estar sentando e dialogando com relação a todos os temas e tem funcionado assim. Eu falo com ele todos os dias. A questão da tarifa, do aumento da tarifa, a gente decide em dezembro, quando a gente vai ter um cenário melhor”, disse Nunes.

O prefeito e o governador vêm dando declarações divergentes sobre o assunto desde a semana ada.

Com caixa cheio e a perspectiva de disputar a reeleição no ano que vem, Nunes tem dito em entrevistas que precisa aumentar o número de ageiros nos ônibus e que, por isso, defende a manutenção da tarifa de ônibus em R$ 4,40 – valor que não sofre reajuste desde 2020 e que já obriga a Prefeitura a gastar mais de R$ 5 bilhões por ano em subsídios aos empresários do setor.

Tarcísio, por sua vez, afirma que a falta de receitas já traz risco à solvência do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (TM). Nesta quarta (29/11), ele disse, ainda, que o aumento dos subsídios, que no caso do governo estadual pode chegar a R$ 2 bilhões, compromete gastos com outras funções públicas, como saúde e habitação.

Nunes tem Tarcísio como seu principal aliado político na disputa eleitoral do ano que vem e busca se manter alinhado ao governador para evitar que ele apoie outro nome. Mas o grupo político de Tarcísio, ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), não tem simpatia pelo atual prefeito e tenta viabilizar outros nomes – mesmo sem participação de Tarcísio no processo.

Tarifa congelada

Nunes afirmou nesta quinta-feira que é preciso ter uma “visão maior” sobre o tema, além da questão do orçamento publico. “Quando você fala do transporte, a gente está falando de meio ambiente, de trânsito, estamos falando de uma série de ações da cidade”, afirmou.

“Estamos pelo terceiro ano consecutivo com a tarifa congelada em R$ 4,40. Evidentemente, aumenta o subsídio. Mas é para uma questão mais ampla, uma questão maior. Se não fosse o subsídio, a tarifa já seria mais de R$ 8. É óbvio que a gente perderia mais ageiros ainda. Então, é isso que eu vou levar para o governador, levar todos esses estudos”, disse Nunes.

O prefeito, contudo, itiu no fim de sua fala que poderá subir as tarifas após o diálogo com o governador. “Se eu puder manter a tarifa do jeito que está, vai ser ótimo”, disse. “Se não for possível, a gente vai fazer o aumento. Mas eu vou conversar com o governador”, afirmou.