Denúncia contra Bolsonaro amplia pressão sobre Tarcísio para 2026
Em meio à denúncia da PGR contra Bolsonaro, Tarcísio tem sido pressionado por aliados para se candidatar à Presidência ano que vem
atualizado
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São Paulo – A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado, apresentada nesta terça-feira (18/2), amplia a pressão de aliados para que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) saia candidato à Presidência da República em 2026, e não à reeleição, como ele tem dito publicamente.
Embora o nome do governador seja ventilado para presidente desde o início do mandato – e o próprio Tarcísio negue o desejo de se candidatar a algo que não a reeleição no ano que vem –, a pressão sobre ele já tinha começado a crescer ao longo da última semana, diante da iminente denúncia contra Bolsonaro e da expressiva queda da aprovação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Aliados de diversos partidos têm tratado Tarcísio como presidenciável por enxergarem nele maior possibilidade de ser aceito por eleitores moderados, além do apoio dos bolsonaristas, e com chances crescentes de derrotar Lula em uma eventual disputa entre os dois.
Segundo dirigentes partidários, o governador tem negado publicamente qualquer pretensão à Presidência por lealdade a Bolsonaro, a quem não se furta a elogiar por ter sido seu padrinho político, mas tem se mantido um nome viável, nos bastidores, para caso o cenário se mostrar favorável a ele em 2026.
O governador tem dito a secretários que o grupo deve manter o foco em entregar bons resultados em 2025 para viabilizar a reeleição em 2026. A interlocutores próximos, no entanto, já teria itido que há um cenário no qual aceitaria se candidatar à Presidência: apenas se recebesse o aval de Bolsonaro.
O ex-presidente tem defendido, por ora, que Tarcísio dispute a reeleição. Ele busca manter seu nome nas urnas independentemente de sua inelegibilidade. Para isso, avalia apelar para um recurso utilizado por Lula em 2018 e seguir com sua candidatura até o limite do prazo de registro, deixando a disputa à Presidência para o deputado federal Eduardo Bolsonaro, o filho 03.
Além disso, Bolsonaro é um dos defensores de que Tarcísio migre para o PL, seu partido, e dispute a reeleição enquanto seu correligionário. Desta forma, a sigla garantiria não só o governo estadual, com a reeleição dada como certa pelo entorno do governador, como também uma candidatura vista como competitiva para a Presidência.
Gilberto Kassab (PSD), secretário de Governo e importante aliado na eleição de 2022, é outro contrário à ideia de que o governador dispute a Presidência. Por trás do ensejo, há o interesse de ser ele próprio o vice de Tarcísio no governo em 2026, já mirando a própria candidatura a governador em 2030.
No xadrez eleitoral para 2026, os partidos de direita trabalham com a possibilidade de uma dianteira na disputa ao governo do estado, já que a esquerda sofre com a falta de candidaturas viáveis.
Em relação à Presidência, mais do que a indefinição eleitoral em torno de Bolsonaro, a maior preocupação é se haverá algum quadro capaz de derrotar Lula caso o petista tente se reeleger.