Haddad diz que Planejamento terá “visão de economia diferente”
Fernando Haddad, futuro ministro da Fazenda, elogiou e prometeu trabalhar junto com Simone Tebet, mas itiu divergências sobre economia
atualizado
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O futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou que dialogará e buscará convergências com a senadora Simone Tebet (MDB), que ocupará o Ministério do Planejamento, mas itiu que a colega tem uma “uma visão de economia diferente da que foi defendida durante a eleição” pelo agora presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A indicação de Tebet para o Planejamento foi bem recebida pelo mercado, que espera que a futura ministra seja um contraponto a Haddad na Fazenda, cuja equipe é considerada mais heterodoxa e pouco alinhada a propostas liberais na economia. Analistas e economistas, no entanto, temem que a pasta de Tebet fique “submissa” a Haddad.
“O que não pode ser homogêneo é o governo. Então, nós já temos o [Geraldo] Alckmin no Desenvolvimento, que tem um tipo de pensamento. No Planejamento, haverá uma visão de economia diferente da que foi defendida durante a eleição, mas foi uma aliança de segundo turno”, disse o petista, em entrevista ao jornal O Globo.
“O presidente fez uma reunião conosco na terça-feira, às 15h, durante uma hora e meia. Simone tem minha simpatia pessoal e é uma pessoa transparente, que vai colocar, somar e refletir junto. E ela falou que, em mais de 90% da agenda, ela e eu chegaríamos à mesma conclusão”, prosseguiu Haddad.
“Naquilo em que porventura houver divergências, há uma instância de arbitragem, que é a Presidência da República. Nós vamos estar juntos no Conselho Monetário Nacional, na Camex, em tantas instâncias colegiadas.”
Questionado sobre qual será a função do Ministério do Planejamento no governo Lula, Haddad afirmou que a pasta absorverá o papel da Secretaria de Assuntos Estratégicos.
“As funções serão executadas pelo Ministério do Planejamento, porque tudo o que ele não fazia era planejar que tem que ter uma visão de médio e longo prazo. Pensar na infraestrutura e na logística do país, nos setores econômicos de ponta no Brasil, que podem ser favorecidos com investimentos públicos”, disse.
“Vai fazer um review do orçamento, checar o que está produzindo efeitos concretos e benéficos para a população. Não se pode ter medo de rever programas, não pode ter medo de redesenhar programas. Tem que usar mais o Ipea, tem que usar mais o IBGE, Dataprev, Data SUS. Nós temos um manancial de microdados. Nós podemos usar a inteligência disponível para fazer uma revisão”, completou o futuro ministro da Fazenda.
Economia “desorganizada”
Na entrevista, Fernando Haddad afirmou que o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) desorganizou a economia brasileira. Segundo ele, a nova gestão precisa mostrar serviço rapidamente.
“A economia foi desorganizada com fins eleitorais. Agora, os agentes esperam do próximo governo as sinalizações corretas para saber em que barco nós estamos. A impressão que eu tenho é a de que nós temos uma oportunidade. Que [a economia] está desacelerando, está”, disse.
“Teve uma pequena mexida nas projeções de crescimento para melhor no ano que vem. Pessoal estava trabalhando com 0,5% e agora está trabalhando com 0,9%. Nós vamos mirar mais de 1%. Isso não significa que não possamos corrigir o rumo. Nós vamos tomar medidas e observar a reação.”