Antes de superquarta, dólar a a cair e Bolsa sobe, com IR no radar
No dia anterior, o dólar teve queda de 0,99% frente ao real, cotado a R$ 5,68, o menor valor em 4 meses. Ibovespa disparou mais uma vez
atualizado
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Depois de abrir a sessão em alta, o dólar perdia força nesta terça-feira (18/3), véspera da decisão sobre os rumos da taxa básica de juros no Brasil e nos Estados Unidos.
O que aconteceu
- Às 14h04, o dólar recuava 0,35%, a R$ 5,667.
- Mais cedo, às 12h31, a moeda norte-americana caía 0,14% e era negociada a R$ 5,678.
- Na cotação máxima do dia até aqui, o dólar bateu R$ 5,715. A mínima é de R$ 5,656.
- No dia anterior, o dólar teve queda de 0,99% frente ao real, cotado a R$ 5,68, o menor valor em 4 meses, desde novembro do ano ado.
- Com o resultado, a moeda dos EUA acumula perdas de 3,89% no mês e 7,98% no ano.
À espera da “superquarta”
As expectativas dos investidores continuam voltadas à chamada “superquarta”, com decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos.
“Superquarta” é o termo usado no mercado financeiro para o dia em que coincidem as divulgações das taxas básicas de juros no Brasil e nos EUA.
É o caso de quarta-feira (19/3), data na qual tanto o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) quanto o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed, o BC americano) anunciam o resultado de suas reuniões, ambas iniciadas na véspera.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do Banco Central (BC) para controlar a inflação. A Selic é utilizada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas da economia.
Quando o Copom aumenta os juros, o objetivo é conter a demanda aquecida, o que se reflete nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Assim, taxas mais altas também podem conter a atividade econômica.
Ao reduzir a Selic, por outro lado, a tendência é a de que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica. Não é o que se deve esperar neste momento.
Na última reunião do Copom – a primeira sob o comando de Gabriel Galípolo na presidência do BC –, no fim de janeiro, os juros básicos subiram 1 ponto percentual, para 13,25% ao ano.
Na ata da reunião, o colegiado indicou que, caso o cenário de avanço dos preços perdurasse, seria necessário fazer ajuste de pelo menos 1 ponto percentual. Dessa forma, os juros devem pasar dos atuais 13,25% ao ano para 14,25% ao ano — mesmo patamar de julho de 2015, época da crise no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Com a alta de 1,31% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em fevereiro, considerado o termômetro da inflação, a alta da Selic é dada como certa pelo mercado financeiro, que aposta no aumento de 1 ponto percentual no índice.
Caso se confirme, este será o quinto avanço consecutivo da Selic. A adoção de política monetária mais contracionista (ou seja, o aumento dos juros) começou em setembro de 2024, quando o Copom interrompeu o ciclo de cortes e elevou a taxa em 0,25 ponto percentual.
No entanto, o BC não sinalizou um fim do ciclo de altas. Segundo o Copom, a magnitude do ciclo de aperto monetário será ditada pelo compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação.
Nos Estados Unidos, a tendência é que o Fed não mude a taxa de juros da economia norte-americana na reunião desta semana.
No fim de janeiro, na primeira reunião do Fomc desde a posse do presidente dos EUA, Donald Trump, o colegiado anunciou a manutenção dos juros básicos no intervalo de 4,25% a 4,5% ao ano.
A decisão interrompeu um ciclo de três quedas consecutivas dos juros nos EUA, que começou em setembro do ano ado – o primeiro corte em cinco anos.
Desde então, o BC norte-americano sempre deixou claro que era necessário manter a cautela e analisar cuidadosamente os indicadores econômicos para tomar suas decisões de política monetária.
De acordo com dados divulgados na semana ada, a inflação anual nos EUA ficou em 2,8% em fevereiro (em relação a fevereiro do ano ado), um recuo de 0,2 ponto percentual em relação a janeiro (quando foi de 3%).
Na base de comparação mensal, em relação ao mês anterior, a inflação norte-americana foi de 0,2%, ante 0,5% em janeiro.
Isenção de Imposto de Renda
No cenário doméstico, o destaque desta terça-feira é a apresentação da proposta de isenção do Imposto de Renda (IR) para trabalhadores que recebem até R$ 5 mil por mês. A medida é uma promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e uma das principais apostas para tentar reverter o quadro de popularidade baixa do petista e do governo.
O texto foi apresentado aos presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), em reunião com o chefe do Planalto, no fim da manhã.
De acordo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o governo estima impacto de R$ 27 bilhões na arrecadação de 2026, ano em que a ampliação deve entrar em vigor. O montante, portanto, deverá ser compensado com outras medidas.
Atualmente, pessoas com renda até R$ 2.259,20 mensais não têm obrigação de declarar o Imposto de Renda. A proposta do governo é ampliar a faixa de isenção.
A mudança foi anunciada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no fim do ano ado, em pronunciamento, em rede nacional. O projeto, no entanto, ainda precisa ser aprovado pelo Congresso.
Nessa segunda-feira (17/3), Lula se reuniu com o titular da Fazenda para discutir os ajustes finais do texto. A proposta, agora, será apresentada para os presidentes do Senado e da Câmara.
Israel volta a atacar Gaza
No cenário internacional, os investidores acompanham com preocupação os impactos geopolíticos e econômicos do ataque das Forças de Defesa de Israel contra a Faixa de Gaza, na madrugada desta terça.
A ofensiva marca a primeira grande operação militar na região desde o início do cessar-fogo com o grupo terrorista Hamas, em janeiro deste ano.
Aviões de guerra atingiram locais em todo o território: da Cidade de Gaza, no norte, a Khan Younis, no sul. Há relatos de pelo menos 404 mortes, disse o Ministério da Saúde de Gaza. Centenas de pessoas estão feridas.
O governo israelense afirmou que os ataques têm como alvo lideranças do Hamas e infraestrutura considerada estratégica para o grupo, classificado como organização terrorista por Israel e outras nações. A operação é realizada em parceria com a Agência de Segurança de Israel, responsável pela inteligência do país.
De acordo com o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, a ordem para a ofensiva ocorreu após o Hamas recusar a libertação de reféns mantidos em Gaza e rejeitar todas as propostas de negociação apresentadas.
Tarifas de Trump
Além dos dados da política monetária, o mercado segue acompanhando os desdobramentos da política tarifária imposta pelo governo Trump nos EUA.
O presidente norte-americano reafirmou, no último fim de semana, que não pretende aliviar as tarifas de 25% impostas aos parceiros comerciais do país sobre o aço e o alumínio. “Não pretendo fazer isso”, disse Trump a repórteres a bordo do avião presidencial Air Force One, ao ser questionado sobre eventuais “exceções” às tarifas anunciadas nas últimas semanas.
Para reequilibrar a balança comercial dos EUA, Trump aumentou as tarifas alfandegárias de diversos produtos em diferentes países, incluindo o Brasil. Essa série de decisões desestabilizou os mercados financeiros e gerou temores de recessão na maior economia do mundo.
As tarifas de 25% sobre aço e alumínio entraram em vigor na última quarta-feira (12/3). A tentativa do governo Trump é proteger a indústria siderúrgica dos EUA, que enfrenta uma concorrência cada vez maior.
O líder republicano também pretende impor as chamadas taxas alfandegárias “recíprocas” a todos os parceiros comerciais de seu país, a partir de 2 de abril.
No último domingo (16/3), o vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), o espanhol Luis de Guindos, afirmou que o mundo vive um período de incerteza econômica maior do que durante o auge da pandemia de Covid.
“Precisamos considerar a incerteza do ambiente atual, que é ainda maior do que durante a pandemia. O que estamos vendo é que a nova istração dos EUA não está muito aberta a continuar com o multilateralismo, que é sobre cooperação entre jurisdições e encontrar soluções comuns para problemas comuns”, disse Guindos. “Esta é uma mudança muito importante e uma grande fonte de incerteza no mundo.”
China
Outro foco de atenção dos mercados é a China, que anunciou, na segunda-feira (17/3), um novo pacote de medidas com o objetivo de estimular o consumo doméstico e impulsionar a atividade econômica do país.
Entre as principais medidas, estão uma política de subsídios para cuidados infantis, ampliar a assistência financeira para estudantes, plano para o aumento de renda dos agricultores e redução das taxas de juros dos financiamentos habitacionais subsidiados.
De acordo com o regime chinês, o pacote valerá para todas as regiões e estados do país e tem o objetivo de “impulsionar vigorosamente o consumo, expandir a demanda interna em todas as direções e melhorar a capacidade de consumo, aumentando a renda e reduzindo encargos”.
As autoridades locais devem, segundo Pequim, “estudar e estabelecer um sistema de subsídio para cuidados infantis”, além de implementar empregos flexíveis e abertura de clínicas ambulatoriais pediátricas à noite.
Também foram anunciadas medidas que visam a impulsionar o turismo no país.
Na última sexta-feira (14/3), já em meio às especulações em torno do anúncio das medidas, as principais ações do mercado financeiro da China fecharam na maior alta em 2 meses.
As medidas de incentivo ao consumo para aquecer a economia vêm sendo uma tônica do regime chinês nos últimos anos, em meio à perda de força do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), se comparado ao patamar de décadas atrás.
Ibovespa
O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), operava em alta na tarde desta terça-feira.
Às 14h07, o índice avançava 0,3%, aos 131,2 mil pontos.
Na véspera, o indicador fechou mais uma vez em forte alta, de 1,46%, aos 130,8 mil pontos. Foi o maior patamar desde outubro do ano ado.
Com o resultado, o Ibovespa acumula ganhos de 6,54% em março e 8,77% em 2025.