Dólar despenca a R$ 5,58 após conversa entre Trump e Xi. Bolsa recua
Na véspera, o dólar fechou em alta de 0,17%, cotado a R$ 5,645. Ibovespa, principal índice da Bolsa, terminou o pregão em queda de 0,4%
atualizado
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O dólar operava em baixa nesta quinta-feira (5/6), em um dia no qual o mercado financeiro acompanha com atenção a divulgação de dados econômicos nos Estados Unidos e a decisão de política monetária na Europa.
Dólar
- Às 14h41, o dólar caía 1%, a R$ 5,589.
- Mais cedo, às 12h55, a moeda norte-americana recuava 0,83% e era negociada a R$ 5,599.
- Na cotação máxima do dia até aqui, o dólar bateu R$ 5,637. A mínima é de R$ 5,578.
- Na véspera, o dólar fechou em alta de 0,17%, cotado a R$ 5,645.
- Com o resultado, a moeda dos EUA acumula perdas de 1,28% no mês e de 8,66% neste ano frente ao real.
Ibovespa
- O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), também operava em queda.
- Às 15h34, o Ibovespa recuava 0,61%, aos 136,1 mil pontos.
- No dia anterior, o indicador fechou o pregão em queda de 0,4%, aos 137 mil pontos.
- Com o resultado, a Bolsa brasileira acumula perdas de 0,02% em junho e ganhos de 13,9% em 2025.
Dados dos EUA
No cenário externo, as atenções dos investidores nesta quinta estão voltadas à maior economia do mundo.
O Departamento do Comércio do governo norte-americano divulgou os dados da balança comercial do país referentes ao mês de abril.
Em abril deste ano, os EUA registraram déficit comercial de US$ 61,6 bilhões, ante US$ 138,3 bilhões do mês anterior (dado revisado).
O déficit comercial é registrado quando as importações superam as exportações. Quando acontece o contrário, há superávit.
Também nesta quinta, o Departamento de Trabalho dos EUA anunciou o número de novos pedidos de seguro-desemprego apresentados na semana até o dia 31 de maio. Foram 247 mil solicitações, ante 235 mil na semana anterior.
Guerra comercial, Trump e Xi Jinping
Ainda nos EUA, o mercado continua acompanhando os desdobramentos do tarifaço comercial imposto pelo governo do presidente Donald Trump.
Trump elevou as tarifas de importação sobre aço e alumínio a partir dessa quarta-feira (4/6). As taxas, que haviam subido 25% em março, agora aram para 50%.
A ação atinge diretamente a indústria brasileira, gerando um cenário de incertezas frente às mudanças no mercado norte-americano, que comprou 4,1 milhões de toneladas de aço do Brasil no ano ado.
Esse volume coloca o Brasil como o segundo maior exportador de aço para os EUA, atrás apenas do Canadá, que forneceu 6 milhões de toneladas. A elevação da tarifa pode representar um desafio adicional para a indústria siderúrgica brasileira, que tem nos EUA um de seus principais mercados.
Nesta quinta-feira, a imprensa estatal chinesa divulgou a informação de que Trump e Xi Jinping conversaram, por telefone, sobre a guerra comercial.
O diálogo entre os líderes das duas maiores economias do mundo vinha sendo muito aguardado pela comunidade internacional e pelos mercados globais.
Esse foi o primeiro contato formal divulgado publicamente entre Trump e Xi Jinping desde que o presidente norte-americano assumiu o cargo para seu segundo mandato à frente da Casa Branca, em janeiro deste ano.
Nas últimas semanas, após uma breve trégua, Trump voltou a criticar a China por supostamente desrespeitar o acordo entre os dois países que permitia a redução das tarifas comerciais aplicadas de parte a parte. O líder chinês rebateu, criticando o governo dos EUA.
Nas redes sociais, Trump confirmou a conversa, que classificou como “excelente”. Segundo ele, o tema foi “quase exclusivamente comércio” e “nada foi discutido sobre Rússia, Ucrânia ou Irã”.
Juros na Europa
Nesta quinta-feira, outro importante destaque na agenda econômica é o anúncio do Banco Central Europeu (BCE) sobre a taxa básica de juros na Europa.
A autoridade monetária europeia confirmou as projeções do mercado e reduziu as taxas de juros em 0,25 ponto percentual. Com isso, a taxa de depósito caiu de 2,25% para 2%; a de refinanciamento, de 2,4% para 2,15%, e a de empréstimos, de 2,65% para 2,4%.
Os investidores também repercutem o pronunciamento e a entrevista coletiva da presidente do BCE, Christine Lagarde, após o anúncio da decisão sobre os juros.
À espera de novidades sobre o IOF
No cenário doméstico, os investidores ainda mantêm suas atenções voltadas às discussões em Brasília sobre o aumento de alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
O IOF é um tributo federal que alcança pessoas físicas e empresas e incide sobre operações que envolvem crédito, câmbio, seguros e títulos mobiliários.
Em um aceno à união entre os Poderes, o governo federal decidiu se reunir com os líderes da Câmara dos Deputados e Senado Federal para deliberar sobre as medidas de ajuste fiscal com o objetivo de reverter o ime em torno das mudanças no IOF.
Após reunião com Lula no Palácio da Alvorada na última terça-feira (3/6), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comunicou que o Executivo e o Legislativo entraram em consenso para não anunciar os itens do pacote fiscal antes da reunião com líderes, prevista para o próximo domingo (8/6).
“Estamos tendo esse cuidado todo porque dependemos do voto do Congresso Nacional. O Congresso Nacional precisa estar convencido que é o caminho mais convincente do ponto de vista macroeconômico. O zelo que estamos cuidando é só por essa razão”, afirmou.
O ministro também fez um alerta para especulações que circulam sobre o anúncio do ajuste nas contas públicas. “Não é um mero anúncio que nos interessa, que pode agradar muita gente, mas se não houver um trabalho sério no encaminhamento dessas medidas para o Congresso, isso pode nos frustrar”, disse Haddad.