Tarifaço dos EUA: possível retaliação causaria estranheza, diz Haddad
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que os EUA têm uma “posição [comercial] muito confortável em relação ao Brasil”
atualizado
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou, nesta terça-feira (1º/4), que uma possível “retaliação injustificada” dos Estados Unidos (EUA) contra o Brasil causaria “uma certa estranheza” devido à relação estabelecida entre os países.
Em viagem oficial na França, Haddad disse a jornalistas que os EUA têm uma “posição [comercial] muito confortável em relação ao Brasil”, devido ao saldo da balança comercial entre os países, que é superavitário do lado norte-americano.
“Causaria-nos até uma certa estranheza se o Brasil sofresse algum tipo de retaliação injustificada, uma vez que nós estamos na mesa de negociação desde sempre com aquele país, justamente para que a nossa cooperação seja cada vez mais forte”, ponderou ele após a cerimônia de abertura dos Diálogos Econômicos Brasil-França. Também estava presente o ministro da Economia francês, Éric Lombard.
Giro de Haddad pela França
- A viagem para França é quase uma preparação para a visita de Estado do presidente Lula (PT), programada para junho.
- O ministro deve aproveitar para iniciar um diálogo mais estratégico entre Brasil e França.
- Em Paris, Haddad pretende promover a reforma tributária sobre o consumo e a Aliança Global contra a Fome, além de conversas sobre o Plano de Transformação Ecológica e o mercado de carbono.
Haddad ressaltou que o mundo só terá conhecimento dos impactos da aplicação das tarifas recíprocas a partir desta quarta-feira (2/4), data marcada pelo governo de Donald Trump para a implementação das medidas.
O ministro reforçou que o governo brasileiro não faz distinção entre governos: “Nós temos uma relação de parceria com o Estado americano, e vamos manter essa postura de abertura de negociações e de desejo de uma prosperidade mútua nas relações bilaterais”.
Tarifaço de Trump
Ainda não é de conhecimento público quais serão as medidas protecionistas implementadas pelo governo norte-americano. Mas, Trump deu pistas nas redes sociais. Segundo ele, esta quarta será o “dia da libertação” para a economia dos EUA de inimigos e de amigos.
“Este é o começo do dia da libertação na América. Vamos cobrar dos países por fazerem negócios em nosso país e tirar nossos empregos, tirar nossa riqueza, tirar muitas coisas que eles vêm tirando ao longo dos anos”, escreveu Trump na Truth Social.
Em meio às imposições dos EUA, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal aprovou, nesta terça-feira, o projeto de lei da reciprocidade econômica, que estabelece critérios para a reação brasileira a barreiras comerciais de outros países.
O projeto de lei (PL) nº 2088/23, aprovado na CAE do Senado, prevê as situações em que o Brasil terá aval para aplicar retaliações a países ou blocos econômicos, além de listar quais medidas que poderão ser tomadas.