PL: astronauta foi de “gênio” a pária ao ignorar Bolsonaro e Valdemar
Senadores do PL tratavam Marcos Pontes como como um “gênio”, mas agora querem distância do astronauta pela candidatura contra Alcolumbre
atualizado
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Antes considerado um “gênio” no PL, o senador Marcos Pontes (SP) ou a ser tratado como uma pessoa a ser evitada no partido. Correligionários temem serem associados com a candidatura do parlamentar paulista à presidência do Senado, para não dar sinais de traição ao compromisso da legenda para apoiar a Davi Alcolumbre (União-AP) na eleição interna da Casa, marcada para o dia 1/2.
Neste mês, o próprio presidente do PL, Valdemar Costa Neto, reuniu-se com Marcos Pontes. O dirigente pleiteou a retirada da candidatura do astronauta, alertando que o partido pode sair prejudicado na divisão das comissões do Senado. Geralmente, os presidentes eleitos privilegiam os aliados na divisão dos colegiados. Alcolumbre reuniu apoio de diversos partidos, do PT à oposição, e é franco favorito para assumir o cargo.
O ex-presidente Jair Bolsonaro também apelou ao seu ex-ministro da Ciência e Tecnologia. Assim como Valdemar, ele não obteve sucesso na tentativa de dissuadir o aliado. Agora, o partido enxerga como real a possibilidade de perda comissões importantes. Na atual legislatura, a sigla ficou sem espaço quando lançou a candidatura de Rogério Marinho (RN) contra Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e foi derrotada.
Nos bastidores do PL, senadores encontram dificuldade para entender o que motiva a candidatura de Marcos Pontes. Ele corriqueiramente era procurado para opinar sobre projetos e estratégias da oposição no Senado. Segundo esses colegas de bancada, suas intervenções costumavam ser frutíferas. Agora, o parlamentar considerado “gênio” ou a ser tratado como um parlamentar “inexperiente”.
Diante da impossibilidade de dissuasão, a oposição começou a lavar roupa suja publicamente. O senador Ciro Nogueira (PP-PI) criticou Pontes: “Esse astronauta só é o que é graças ao Bolsonaro. E está só mostrando o tamanho da ingratidão e da traição. Se for candidato, vai ter o mesmo número de votos que teria se fosse de foguete sozinho para a lua: só o dele!”.
Antes disso, Bolsonaro deu uma bronca no ex-ministro durante uma live: “Boa sorte a você. Mas eu lamento você estar nessa situação, porque você sabe que não tem como ganhar. O voto é secreto e se nós embarcarmos na sua candidatura, que eu acho muito melhor que outras aí, nós vamos ficar sem comissões”.