“A Frente Evangélica não é um puxadinho do Bolsonaro”, diz Otoni
Candidato à presidência da Frente Evangélica, Otoni de Paula manda recado a Bolsonaro em resposta às pressões do ex-presidente
atualizado
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Favorito para presidir a Frente Evangélica, o deputado Otoni de Paula (MDB-RJ) afirmou que o grupo “não é um puxadinho de Bolsonaro”. A declaração foi uma resposta à pressão exercida pelo ex-presidente sobre os parlamentares evangélicos, afirmando que consideraria um ato de “alta traição” o voto em Otoni para o comando da frente.
“Só quero avisar a ele, e a quem quer que seja, que a Frente Parlamentar Evangélica não é um puxadinho dele e não é um puxadinho dos interesses do bolsonarismo. A Frente Parlamentar Evangélica não pode ser subserviente ao atual governo e não pode estar aqui atendendo aos interesses do bolsonarismo”, declarou o deputado.
Otoni de Paula disse ainda não sofrer de “dupla personalidade” com relação ao governo Lula. “Tenho um profundo respeito pelo presidente Bolsonaro e por sua história de vida. Sempre fui um aliado do presidente Bolsonaro nas piores horas, e ele sabe disso”, afirmou.
“Talvez ele [Bolsonaro] não visite minhas redes sociais. Se ele visitar, verá que não sofro de dupla personalidade. Lá, ele me verá defendendo-o e também criticando o atual governo. Portanto, não sofro de nenhum tipo de problema psicológico ou psiquiátrico, muito menos de dupla personalidade”, ironizou.
Bênção a Lula
Otoni de Paula irritou aliados e o próprio ex-presidente em outubro, quando liderou uma bênção ao presidente Lula durante a da lei que criou o Dia da Música Gospel. Durante o evento, Otoni agradeceu ao petista a sanção da lei e fez elogios ao presidente.
“Nossas escolhas são pautadas em crenças e valores. Não temos um dono, senhor presidente. Somos um corpo plural em nossa visão de mundo, a partir do nosso entendimento das santas escrituras”, declarou o deputado.
A reação mais incisiva veio do pastor e líder da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, Silas Malafaia. “Que bancada evangélica vai se aproximar de Lula? Alguns podem se aproximar, mas a massa não vai. O gesto do Otoni acontece porque ele quer jogar para os dois lados. Ele quer dar uma de Bolsonaro, mas está queimado do lado de cá”, criticou.
Após o evento com Lula e as críticas da oposição, Otoni de Paula deixou o grupo da bancada no WhatsApp.