Apenas um país é autossuficiente em comida no mundo. Saiba qual
Estudo sobre países autossuficientes na produção de comida também descobriu que a maiorias das regiões estudadas produz carne a mais
atualizado
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Um estudo feito por pesquisadores das universidades de Göettingen, na Alemanha, e Edimburgo, no Reino Unido, revelou que só um país consegue ser autossuficiente na produção de alimentos para toda a sua população. O único lugar a conseguir a proeza é a Guiana, país sul-americano vizinho do Brasil. A pesquisa foi publicada na revista científica Nature Food, em 16 de maio.
A equipe de pesquisa avaliou a capacidade de 185 países do mundo de produzir sete grupos alimentares essenciais: frutas, vegetais, laticínios, peixes, carnes, proteínas vegetais e alimentos ricos em amido.
“A baixa autossuficiência não é algo inerentemente ruim. Existem razões válidas — e, muitas vezes, benéficas — pelas quais um país pode não produzir a maior parte dos alimentos de que necessita”, explica o autor principal do estudo Jonas Stehl, da Universidade de Goettingen, em entrevista à BBC Science Focus.
Por ser um local subdesenvolvido, a posição da Guiana surpreende, mas os especialistas explicam que a produção de alimentos não está ligada à riqueza econômica. Fatores como clima, solo e disponibilidade de água contribuem para o processo.
Os resultados e a situação do Brasil
Os resultados demonstraram que a Guiana é o único país capaz de suprir as necessidades alimentares de todas as categorias com sua produção interna, sem depender de importações para manter a dieta da população. Em seguida, aparecem China e Vietnã, que produzem seis dos sete grupos alimentares, mostrando alta capacidade produtiva interna, mas ainda dependentes de algumas importações.
Os cientistas descobriram que cerca de um em cada sete países é autossuficiente em pelo menos cinco grupos; países da América do Sul e da Europa lideram a estatística. No caso brasileiro, o país é autossuficiente em cinco dos setes grupos, mas apresenta deficiências em vegetais e peixes.

Durante as análises, os pesquisadores perceberam que 65% das regiões estudadas produzem carne e laticínios em quantidades superiores à demanda local, mostrando um desequilíbrio alimentar global. Por outro lado, menos da metade dos países analisados planta leguminosas como feijão, grão-de-bico e lentilha, nozes e sementes em quantidades suficientes. O grupo alimentar das proteínas vegetais é fundamental para uma dieta equilibrada e nutritiva.
Riscos da baixa autossuficiência
Segundo a equipe de pesquisa, estados insulares, países árabes e regiões subdesenvolvidas são as mais dependentes de alimentos importados. Países como Afeganistão, Emirados Árabes, Iraque, Macau, Catar e Iêmen não são autossuficientes em nenhum dos sete grupos.
Países dependentes de importações estão mais vulneráveis a crises globais, como guerras, pandemias e bloqueios comerciais. Dois grandes exemplos disso ocorreram na crise sanitária da Covid-19 e na guerra entre Rússia e Ucrânia, que afetaram as cadeias de fornecimento e o preço dos alimentos.
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