Rio de Janeiro amanhece com greve de motoristas do sistema BRT
Operação dos três corredores expressos foi comprometida pela paralisação dos rodoviários, deixando cerca de 170 mil cariocas sem transporte
atualizado
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Rio de Janeiro – A circulação nos três corredores do BRT está parada nesta segunda-feira (1º/2). De acordo com o consórcio que istra o sistema, “alguns motoristas que impediram a saída dos ônibus das garagens.
Embora a operação estivesse pronta para iniciar às 4h, o movimento acarretou irregularidades nos intervalos, inviabilizando a operação em todo o sistema”.
Com todos os ônibus nas garagens, os 170 mil ageiros que usam o sistema por dia (antes da pandemia, a média era de 340 mil ageiros/dia) precisaram de paciência e de muito jogo de cintura para buscar alternativas para chegar ao trabalho.
Há veículos circulando próximo a estações e chegam a cobrar R$ 10 de agem (o valor do BRT é de R$ 4,05). A greve fez com que o município entrasse em estágio de atenção por causa da paralisação do BRT. Segundo o Centro de Operações Rio (COR), isso acontece “devido a fatores que influenciam a mobilidade da cidade”.
A crise no sistema foi anunciada no último sábado (30/1), quando o consórcio informou que vive a pior crise desde o início de sua operação na cidade.
Nas redes sociais, o prefeito Eduardo Paes (DEM) anunciou que prefeitura vem fazendo um levantamento da operação do sistema e que o acompanhamento feito durante o mês de janeiro revelou a queda contínua no número de veículos do BRT circulando nos horários de pico.
O que diz a Prefeitura
Procurada pelo Metrópoles, a Prefeitura do Rio se manifestou por meio da Secretaria de Transportes. Segundo a pasta, para amenizar os efeitos da suspensão da circulação do BRT, houve mudanças nos itinerários.
“Coordenadores da Secretaria de Transportes continuam em contato com as empresas de ônibus para estender seus itinerários até grandes terminais como da Barra da Tijuca (Alvorada) e Jardim Oceânico e reforçar as linhas convencionais alternativas ao BRT a fim de ajudar a escoar o fluxo de ageiros até as estações de trem e metrô”, diz a nota da secretaria.
Plano de contigência
A Guarda Municipal informou que criou um “plano de contingência” com 102 agentes para atuar em estações do BRT. De acordo com o órgão, os agentes estão desde as 4h em 10 estações dos corredores Transcarioca e Transoete.
A ação visa a “evitar a depredação do patrimônio público, zelar pela proteção de bens, serviços e instalações, além de monitorar a circulação de ageiros nas estações”.
Para tentar compensar a falta de ônibus com a greve no BRT nesta segunda, a Prefeitura do Rio implantou às 7h30 um plano de contingência, com modificação de linhas convencionais e reforço entre as estações do BRT e da Supervia.
Veja a nota do Sistema BRT na íntegra
“O setor de transporte de ageiros vem atravessando a sua mais grave crise econômico-financeira no Rio. A Covid-19 veio agravar e acelerar uma realidade que já vinha sendo impactada pelo congelamento da tarifa há dois anos, pela expansão do transporte clandestino por vans e do transporte por meio de aplicativos, pela concessão de gratuidades sem fonte de custeio, entre outros fatores.
O BRT Rio vem trabalhando para honrar com todos os seus compromissos, mas é fato que a pandemia desestruturou por completo o fluxo de caixa da empresa, e o valor arrecadado com as agens não tem sido suficiente para ar os custos com a folha de pagamento, principais insumos e impostos.
Diante disso e, mesmo com o grande esforço de seus colaboradores, o BRT Rio vem anunciar publicamente que não tem, infelizmente, recursos para honrar seus próximos compromissos prioritários, como o pagamento da segunda parte do salário de janeiro – em 5 de fevereiro – e a compra de insumos necessários à operação, como combustível, por exemplo.
A situação é resultado direto do agravamento dos impactos da pandemia sobre todo o setor de transportes públicos. Nos primeiros meses da pandemia, o BRT Rio trabalhou com queda de até 75% no número de ageiros. Hoje, 11 meses depois do início do combate à Covid-19, a queda de ageiros está na faixa de 45% em relação ao período anterior à pandemia. A perda de receita entre março de 2020 e janeiro de 2021 atingiu R$ 200 milhões.
Apesar das diversas sinalizações do BRT Rio nos últimos meses sobre o desequilíbrio econômico do sistema, até o momento não houve qualquer ajuda por parte dos governos municipal, estadual e federal para o enfrentamento dos impactos da pandemia.
Em 2020 o BRT Rio aderiu à MP 936, que permitiu a redução de jornada dos colaboradores com reposição de parte do salário pelo Governo Federal. A medida deu um fôlego emergencial à empresa, porém não foi suficiente para conter o desequilíbrio financeiro.
A proposta de pagar a segunda parcela do 13º. salário em cinco vezes, feita em dezembro ado e recusada pela assembleia da categoria, demonstra que as dificuldades financeiras do BRT Rio são recorrentes. Ao mesmo tempo, os recursos obtidos através de empréstimos bancários já se esgotaram.
A partir de acordo assinado com o Sindicato dos Rodoviários do Rio de Janeiro, o BRT Rio adotará, em fevereiro e março, um sistema de rodízio entre seus colaboradores, com a dispensa de até 10 dias e a equivalente redução salarial.
Concomitantemente a essas medidas, o BRT Rio continuará buscando soluções para superar a grave crise financeira.”