Bolsonaro escolhe Renato Feder como novo ministro da Educação
Feder atua como secretário de Educação do Paraná. Nomeação de Carlos Alberto Decotelli foi tornada sem efeito nessa quarta-feira (01/07)
atualizado
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O secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, foi escolhido para ser o novo ministro da Educação do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Ele deve ser nomeado ainda nesta sexta-feira (03/07).
O nome de Feder foi cotado para a pasta na última semana, logo após a saída de Abraham Weintraub do comando do ministério. O secretário, no entanto, foi preterido por Bolsonaro, que optou por chamar Carlos Alberto Decoletti – escolha da ala militar do governo.
Decotelli teve a nomeação tornada sem efeito nessa quarta-feira (1/7) após vir a público que seu currículo tinha uma série de irregularidades, como um doutorado e um pós-doutorado que nunca existiram.
Feder é uma indicação do governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), muito próximo aos partidos do bloco conhecido como Centrão.
Denúncia de fraude
O empresário Renato Feder, escolhido por Jair Bolsonaro (sem partido) para ser ministro, no ado, foi denunciado por sonegação fiscal e responde a processo milionário na Justiça de São Paulo, que corre em sigilo.
O Metrópoles revelou que em 2016, Feder e o sócio, Alexandre Ostrowiecki, es da empresa de informática Multilaser Industrial S.A., foram denunciados pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da Coordenadoria de Combate à Sonegação Fiscal (Coesf), por fraude de R$ 3,2 milhões em Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
O processo consta no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) e ainda está em fase de tramitação. Em posicionamento oficial, a empresa informou que o processo é resultado de uma dívida que o governo paulista tem de R$ 95 milhões com a Multilaser, que venceu e não foi paga.
Os antecessores de Feder foram alvos de várias polêmicas durante suas gestões no MEC. Relembre os conflitos que marcaram a condução do ministério desde o início do governo:
Ricardo Vélez Rodrigues
O primeiro ministro da Educação de Bolsonaro durou três meses no cargo e colecionou polêmicas.
Entre os conflitos estava um ofício enviado às escolas pedindo para que diretores filmassem os alunos cantando o Hino Nacional. As imagens deveriam ser encaminhadas ao MEC. Dias depois, Vélez recuou.
Outro desgaste da gestão do ministro foi a publicação do edital do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) dizendo que livros escolares poderiam ser comprados e adotados pelas instituições de ensino mesmo que apresentassem erros de digitação e propagandas. De acordo com o documento, também não precisariam retratar a diversidade étnica e o compromisso com ações de combate à violência contra a mulher. No dia seguinte, após repercussão negativa, o edital foi anulado.
Abraham Weintraub
O segundo ministro da educação do governo foi o mais alinhado à chamada ala ideológica – que reúne discípulos do guru bolsonarista Olavo de Carvalho.
Weintraub deixou o governo após 14 meses no cargo. Ele foi o pivô de várias crises do Executivo com os outros poderes, e sua demissão era defendida abertamente pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Weintraub também provocou uma crise com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), ao chamá-los de “vagabundos” e dizer que eles deveriam ser presos, conforme disse em reunião ministerial no dia 22 de abril.
O ministro também provocou uma crise diplomática com a China ao compartilhar a imagem do personagem Cebolinha, da Turma da Mônica, como forma de ridicularizar o sotaque de chineses ao falar português, substituindo a letra “R” por “L”, como faz o personagem criado por Maurício de Sousa. O embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, exigiu um pedido de desculpas, o que nunca ocorreu. Pelo contrário, Weintraub também ridicularizou a exigência da retratação. Pela postagem, Weintraub responde a inquérito por racismo.
“Dado que a Embaixada chinesa ficou tão ofendida, e eu sei como é a negociação dos chineses, esse processo cultural, ‘estou extremamente ofendido, venha pedir desculpas de joelhos aqui’, (…) eu vou fazer o seguinte, meu acordo: Eu vou lá, eu peço desculpas, peço ‘por favor, me perdoem pela minha imbecilidade’. A única coisa que eu peço é que dos 60 mil respiradores que estão disponíveis, eles vendam mil para o MEC, para salvar vida de brasileiros, pelo preço de custo. Manda a embaixada colocar aqui nos meus hospitais, e eu vou lá à Embaixada e falo ‘eu sou um idiota, me desculpem'”, declarou.
Carlos Alberto Decotelli
Nome escolhido inicialmente para substituir Weintraub, Decotelli não resistiu à pressão por ter mentido no currículo e entregou sua carta de demissão antes mesmo de tomar posse.
O primeiro a questionar o currículo anunciado por Decotelli foi o reitor da Universidade de Rosário, na Argentina, onde o ex-ministro teria feito um doutorado. Pelo Twitter, Franco Bartolacci menciona o anúncio oficial feito pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em que consta o título de doutorado entre as qualificações de Decotelli.
“Nos vemos na necessidade de esclarecer que Carlos Alberto Decotelli não obteve na Universidade Nacional de Rosario a titulação de doutor mencionada neste comunicado”, escreveu ele.
A Universidade Wuppertal, na Alemanha, também desmentiu o título de pós-doutor anunciado pelo ex-ministro. “Decotelli não adquiriu um título em nossa universidade. A universidade não reconhece o título atribuído ao dr. Decotelli no Brasil”, manifestou a instituição, em nota.