Após falta, defesa de Torres insiste em general Dutra como testemunha
Moraes atendeu ao pedido e deferiu a intimação do general, que deverá comparecer obrigatoriamente à audiência marcada para 2ª feira (2/6)
atualizado
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A defesa do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres vai insistir na convocação do general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-chefe do Comando Militar do Planalto, para depor no Supremo Tribunal Federal (STF) em razão de uma reunião ocorrida entre os dois às vésperas dos atos golpistas do 8 de Janeiro.
O general era esperado para prestar depoimento na manhã dessa quarta-feira (28/5), mas não compareceu. As audiências são conduzidas pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do processo.
Após destacar a desistência de algumas testemunhas, como o ex-ministro da Economia Paulo Guedes, a defesa de Torres reforçou a necessidade de ouvir Dutra. Segundo os advogados, a reunião tratou da desmobilização do acampamento instalado em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília.
Moraes atendeu ao pedido e deferiu a intimação do general, que deverá comparecer obrigatoriamente à audiência marcada para segunda-feira (2/6). O depoimento ocorrerá de forma virtual.
O encontro entre Torres e Dutra ocorreu em 6 de janeiro de 2023, às 10h, na sede da Secretaria de Segurança Pública do DF. O detalhe que chama a atenção é que não houve registro em ata sobre o teor da conversa – prática considerada de praxe em reuniões institucionais.
Naquela mesma noite, Torres viajou para os Estados Unidos (EUA). Dois dias depois, manifestantes invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília. A maioria dos envolvidos partiu justamente do acampamento montado no QG do Exército, alvo da reunião entre Torres e o general Dutra.
Até o momento, o Supremo ouviu testemunhas indicadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) – ou seja, de acusação –, além de depoentes apontados pelo colaborador e ex-ajudante de ordens Mauro Cid; pelo general Walter Souza Braga Netto; pelo deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ); pelo ex-comandante da Marinha almirante Garnier Santos; e pelo ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Augusto Heleno; e de Anderson Torres.
Papel de Anderson Torres
Ao denunciar Anderson Torres, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que o ex-secretário de Segurança do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL) integrou uma organização criminosa desde junho de 2021.
De acordo com a acusação, o grupo, que seria liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), teria atuado nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 e “utilizou violência e grave ameaça com o objetivo de impedir o regular funcionamento dos Poderes da República e depor um governo legitimamente eleito”.
O primeiro indício da participação de Torres na suposta trama, segundo Gonet, remonta a uma live de Bolsonaro, na qual o então ministro “contribuiu para a propagação de notícias inidôneas sobre o sistema eletrônico de votação”.
Com relação especificamente aos atos do 8 de Janeiro, Gonet apontou que Torres e outros integrantes das forças de segurança “revelaram descumprimento deliberado do dever que se lhes impunha, no âmbito das suas responsabilidades na segurança pública, de prevenir exatamente as barbaridades ocorridas”.
Torres, Bolsonaro e os demais réus negam todas as acusações da PGR.