{ "@context": "https://schema.org", "@graph": [ { "@type": "Organization", "@id": "/#organization", "name": "Metrópoles", "sameAs": [ "https://www.facebook.com/metropolesdf", "https://twitter.com/Metropoles" ], "logo": { "@type": "ImageObject", "@id": "/#logo", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fs.metropoles.cloud%2Fwp-content%2Fs%2F2024%2F04%2F30140323%2Fmetropoles-2500x2500-4-scaled.jpg", "contentUrl": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fs.metropoles.cloud%2Fwp-content%2Fs%2F2024%2F04%2F30140323%2Fmetropoles-2500x2500-4-scaled.jpg", "caption": "Metrópoles", "inLanguage": "pt-BR", "width": "2560", "height": "2560" } }, { "@type": "WebSite", "@id": "/#website", "url": "", "name": "Metrópoles", "publisher": { "@id": "/#organization" }, "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "ImageObject", "@id": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fs.metroimg.com%2Fwp-content%2Fs%2F2018%2F01%2F10145448%2Fblacksad_1_capa_metropoles.jpg", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fs.metroimg.com%2Fwp-content%2Fs%2F2018%2F01%2F10145448%2Fblacksad_1_capa_metropoles.jpg", "width": "840", "height": "475", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "WebPage", "@id": "/zip/blacksad-noir-antropomorfico-e-o-chinatown-dos-quadrinhos#webpage", "url": "/zip/blacksad-noir-antropomorfico-e-o-chinatown-dos-quadrinhos", "datePublished": "2018-01-11T05:30:22-02:00", "dateModified": "2018-01-12T07:08:46-02:00", "isPartOf": { "@id": "/#website" }, "primaryImageOfPage": { "@id": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fs.metroimg.com%2Fwp-content%2Fs%2F2018%2F01%2F10145448%2Fblacksad_1_capa_metropoles.jpg" }, "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "Person", "@id": "/author/ciro-marcondes", "name": "Ciro Marcondes", "url": "/author/ciro-marcondes", "worksFor": { "@id": "/#organization" } }, { "@type": "NewsArticle", "datePublished": "2018-01-12T07:08:46-02:00", "dateModified": "2018-01-12T07:08:46-02:00", "author": { "@id": "/author/ciro-marcondes", "name": "Ciro Marcondes" }, "publisher": { "@id": "/#organization" }, "@id": "/zip/blacksad-noir-antropomorfico-e-o-chinatown-dos-quadrinhos#richSnippet", "isPartOf": { "@id": "/zip/blacksad-noir-antropomorfico-e-o-chinatown-dos-quadrinhos#webpage" }, "image": { "@id": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fs.metroimg.com%2Fwp-content%2Fs%2F2018%2F01%2F10145448%2Fblacksad_1_capa_metropoles.jpg" }, "inLanguage": "pt-BR", "mainEntityOfPage": { "@id": "/zip/blacksad-noir-antropomorfico-e-o-chinatown-dos-quadrinhos#webpage" }, "articleBody": "O antropomorfismo é um fetiche muito presente nos quadrinhos e nas animações. Basta lembrar a metáfora ética e social no indispensável “Maus”, de Art Spiegelman. Ou na elaboração civilizacional da Patópolis de Carl Barks. Mais recentemente, temos o exemplo do desenho animado “BoJack Horseman”, onde a fusão de humanos com animais exacerba dualidades primárias, questões da indústria alimentícia e comportamentos disruptivos contemporâneos. Digo isso para exaltar a propriedade antropomórfica do novo lançamento da editora do SESI-SP: nada menos que “Blacksad”, a cultuada série em quadrinhos da dupla espanhola Juan Díaz Canales (roteiro) e Juanjo Guarnido (arte), estrondoso sucesso no mercado francês desde 2000, quando saiu originalmente o primeiro volume. Esta HQ, que traz como protagonista um casca-grossa – porém temperamental e melancólico – detetive na forma de um gato preto antropomórfico chamado John Blacksad, bebe também de outra obsessão presente na história dos quadrinhos: traduzir para essa linguagem o clima, os temas áridos e a ambientação (e se der, também o virtuosismo da forma) dos filmes noir americanos dos anos 40 e 50. Dos primórdios como “Spirit” até coisas inovadoras como “Parker” (de Darwin Cook), esta vontade dos quadrinhos em suplantar o cinema se cristaliza perfeitamente em “Blacksad”. Aqui, além do elemento animal e do noir, temos a presença de um cenário norte-americano: estamos numa espécie de Nova York dos anos 50, com todos os traumas que o pós-guerra elenca. Quadrinhos europeus ambientados nos EUA são também espécie de tara, vide os muitos títulos de faroeste e policiais que os italianos enfileiram nas bancas (“J. Kendall”, “Tex”, etc.). “Blacksad” é um monstruoso refinamento disso tudo. O animal como metáfora psicológica e social No primeiro volume, “Em Algum Lugar Entre as Sombras”, ilustrado por Guarnido com aquarelas em sépia (algo que nos faz tomar cuidado para a baba não escorrer e molhar o gibi), é estabelecido um conjunto de elementos noir em perfeitas condições, como se fosse uma carta de intenções dos autores: estão lá o detetive de coração combalido, a femme fatale assassinada, poderosos e escroques, além de uma subjacente e potente leitura social destes EUA vintage. A arte de Guarnido é detalhada no tom perfeito: podemos distinguir tipos de mobiliário, bares antigos, marcas de bebida e excelente vestuário. Mais embasbacante ainda é a transfiguração destes animais em humanos por trás de suas máscaras de bicho: emoções, intenções e fortes personalidades podem ser distinguidas em simples olhares. Os seres antropomórficos (cães, porcos, raposas, cobras, leões, etc.) assumem comportamentos e posições distintas de acordo com seu princípio de animalidade. Os urubus são pobres e negligenciados. Tigres brancos são ricos, incestuosos e hipócritas. Canales claramente traça o animal como signo tanto da brutalidade inerente a todo ser humano, como da perversão social. Fica clara, no segundo volume, “Nação Ártica”, a intenção de não dividir esta rica fauna (sic) em “bons” e “maus” de maneira maniqueísta. Aqui, Blacksad vai investigar a desaparição de uma garotinha negra em um bairro (antes próspero por conta da indústria aeronáutica) empobrecido com o fim da Segunda Guerra. O sucateamento da região leva à ascensão de grupos brancos supremacistas, e uma sórdida história de vingança e laços rompidos ocorre em meio a um tom policialesco mais a “Dirty Harry”. A tensão racial mostrada no segundo volume, ilustrando com clareza como eram os EUA antes do ato dos direitos civis, fica perfeitamente corporificada no grupo (mistura de KKK com neonazis) “Nação Ártica”. Blacksad, um detetive negro, também olha com desconfiança para certa crueldade sabotadora do ativismo das “Patas”, gangues de afro-americanos com propósito revanchista. Como se um extremo naturalmente liberasse o outro. “Blacksad” brilha em arte e roteiro, e poderia facilmente ser considerado espécie de “Chinatown” dos quadrinhos (para ficarmos no campo do neo-noir), fazendo jus à ambição desta forma de linguagem dentro do gênero. A editora Panini já havia trazido estes mesmos dois volumes em 2006, mas não deu continuidade à série, que teve seu quinto e último livro publicado na França em 2013. Vamos torcer para que a SESI-SP tenha melhor sorte.", "keywords": "", "headline": "“Blacksad”, noir antropomórfico, é o “Chinatown” dos quadrinhos", "locationCreated": { "@type": "Place", "name": "Brasília, Distrito Federal, Brasil", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "latitude": "-15.7865938", "longitude": "-47.8870338" } } } ] }“Blacksad”, noir antropomórfico, é o “Chinatown” dos quadrinhos | Metrópolesbody { font-family: 'Merriweather', serif; } @font-face { font-family: 'Merriweather-Regular'; src: local('Merriweather-Regular'), url('https://files.metroimg.com/fonts/v2/merriweather/merriweather-regular.woff2') format('woff2'), url('https://files.metroimg.com/fonts/v2/merriweather/merriweather-regular.woff') format('woff'); font-display: swap; } @font-face { font-family: 'Merriweather-Bold'; src: local('Merriweather-Bold'), url('https://files.metroimg.com/fonts/v2/merriweather/merriweather-bold.woff2') format('woff2'), url('https://files.metroimg.com/fonts/v2/merriweather/merriweather-bold.woff') format('woff'); font-display: swap; } @font-face { font-family: 'Merriweather-Heavy'; src: local('Merriweather-Heavy'), url('https://files.metroimg.com/fonts/v2/merriweather/merriweather-heavy.woff2') format('woff2'), url('https://files.metroimg.com/fonts/v2/merriweather/merriweather-heavy.woff') format('woff'); font-display: swap; } @font-face { font-family: 'Merriweather-Italic'; src: local('Merriweather-Italic'), url('https://files.metroimg.com/fonts/v2/merriweather/merriweather-italic.woff2') format('woff2'), url('https://files.metroimg.com/fonts/v2/merriweather/merriweather-italic.woff') format('woff'); font-display: swap; }
metropoles.com

“Blacksad”, noir antropomórfico, é o “Chinatown” dos quadrinhos

Lançamento da editora SESI-SP revela traços instigantes da dupla espanhola Juan Díaz Canales e Juanjo Guarnido

atualizado

metropoles.com

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
blacksad_1_capa_metropoles
1 de 1 blacksad_1_capa_metropoles - Foto: null

O antropomorfismo é um fetiche muito presente nos quadrinhos e nas animações. Basta lembrar a metáfora ética e social no indispensável “Maus”, de Art Spiegelman. Ou na elaboração civilizacional da Patópolis de Carl Barks. Mais recentemente, temos o exemplo do desenho animado “BoJack Horseman”, onde a fusão de humanos com animais exacerba dualidades primárias, questões da indústria alimentícia e comportamentos disruptivos contemporâneos.

Digo isso para exaltar a propriedade antropomórfica do novo lançamento da editora do SESI-SP: nada menos que “Blacksad”, a cultuada série em quadrinhos da dupla espanhola Juan Díaz Canales (roteiro) e Juanjo Guarnido (arte), estrondoso sucesso no mercado francês desde 2000, quando saiu originalmente o primeiro volume.

Esta HQ, que traz como protagonista um casca-grossa – porém temperamental e melancólico – detetive na forma de um gato preto antropomórfico chamado John Blacksad, bebe também de outra obsessão presente na história dos quadrinhos: traduzir para essa linguagem o clima, os temas áridos e a ambientação (e se der, também o virtuosismo da forma) dos filmes noir americanos dos anos 40 e 50. Dos primórdios como “Spirit” até coisas inovadoras como “Parker” (de Darwin Cook), esta vontade dos quadrinhos em suplantar o cinema se cristaliza perfeitamente em “Blacksad”.

Aqui, além do elemento animal e do noir, temos a presença de um cenário norte-americano: estamos numa espécie de Nova York dos anos 50, com todos os traumas que o pós-guerra elenca. Quadrinhos europeus ambientados nos EUA são também espécie de tara, vide os muitos títulos de faroeste e policiais que os italianos enfileiram nas bancas (“J. Kendall”, “Tex”, etc.). “Blacksad” é um monstruoso refinamento disso tudo.


O animal como metáfora psicológica e social
No primeiro volume, “Em Algum Lugar Entre as Sombras”, ilustrado por Guarnido com aquarelas em sépia (algo que nos faz tomar cuidado para a baba não escorrer e molhar o gibi), é estabelecido um conjunto de elementos noir em perfeitas condições, como se fosse uma carta de intenções dos autores: estão lá o detetive de coração combalido, a femme fatale assassinada, poderosos e escroques, além de uma subjacente e potente leitura social destes EUA vintage.

A arte de Guarnido é detalhada no tom perfeito: podemos distinguir tipos de mobiliário, bares antigos, marcas de bebida e excelente vestuário. Mais embasbacante ainda é a transfiguração destes animais em humanos por trás de suas máscaras de bicho: emoções, intenções e fortes personalidades podem ser distinguidas em simples olhares.

Os seres antropomórficos (cães, porcos, raposas, cobras, leões, etc.) assumem comportamentos e posições distintas de acordo com seu princípio de animalidade. Os urubus são pobres e negligenciados. Tigres brancos são ricos, incestuosos e hipócritas. Canales claramente traça o animal como signo tanto da brutalidade inerente a todo ser humano, como da perversão social.

Fica clara, no segundo volume, “Nação Ártica”, a intenção de não dividir esta rica fauna (sic) em “bons” e “maus” de maneira maniqueísta. Aqui, Blacksad vai investigar a desaparição de uma garotinha negra em um bairro (antes próspero por conta da indústria aeronáutica) empobrecido com o fim da Segunda Guerra. O sucateamento da região leva à ascensão de grupos brancos supremacistas, e uma sórdida história de vingança e laços rompidos ocorre em meio a um tom policialesco mais a “Dirty Harry”.

A tensão racial mostrada no segundo volume, ilustrando com clareza como eram os EUA antes do ato dos direitos civis, fica perfeitamente corporificada no grupo (mistura de KKK com neonazis) “Nação Ártica”. Blacksad, um detetive negro, também olha com desconfiança para certa crueldade sabotadora do ativismo das “Patas”, gangues de afro-americanos com propósito revanchista. Como se um extremo naturalmente liberasse o outro.

“Blacksad” brilha em arte e roteiro, e poderia facilmente ser considerado espécie de “Chinatown” dos quadrinhos (para ficarmos no campo do neo-noir), fazendo jus à ambição desta forma de linguagem dentro do gênero. A editora Panini já havia trazido estes mesmos dois volumes em 2006, mas não deu continuidade à série, que teve seu quinto e último livro publicado na França em 2013. Vamos torcer para que a SESI-SP tenha melhor sorte.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os os a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?