Decoradores de Brasília protestam contra reajuste de 400% nas flores
Nas redes sociais, especialistas em eventos se manifestam contra o aumento expressivo no valor de espécies como o lírio
atualizado
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Decoradores e floristas de Brasília têm unido forças para protestar contra um novo reajuste no valor das flores. Nas últimas semanas, o preço do lírio, por exemplo, subiu 400%.
“Não aos preços abusivos das flores. Já são mais de 400% de aumento em menos de um mês”, diz post compartilhado por decoradores como Erika Magalhães e Gusttavo Damasio nas redes sociais. “Protesto contra o aumento abusivo de flores. Desrespeito com decoradores, floristas e nossos clientes”, exclama outra publicação repostado por Valéria Leão Bittar, decoradora da alta sociedade brasiliense e de influenciadoras como Thássia Naves e Sarah Mattar.
Segundo o decorador e designer floral Paulo Yoshida, o aumento recente tem forçado empresários a reduzir o quadro de funcionários e repensar as estratégias para o Dia das Mães, celebrado no próximo domingo (8/5). “Trabalho com flores há 30 anos e nunca vi um reajuste tão expressivo”, lamenta, em entrevista ao Metrópoles.
“Muitos colegas com o contrato de casamentos assinados há meses estão precisando modificar o acordo para acrescentar o aumento das flores. Outros preferem tirar a diferença do próprio bolso para honrar o compromisso”, relata.
Afiliado ao Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor) e à Academia Brasileira de Artistas Florais (Abaf), o profissional afirma que os especialistas em evento de todo o país clamam por mudanças. “Queremos um teto ou um mecanismo similar de controle dos preços. Assim, refém de valores exorbitantes, não podemos ficar. Há decoradores cogitando usar flores falsas em eventos. Já imaginou? Seria um desastre”, rechaça.
Motivo do reajuste
O diretor da Ibraflor, Renato Opitz, lista os motivos por trás do reajuste. “A lei da oferta e da demanda dita o valor das flores no Brasil”, esclarece.
“Devido à pandemia de coronavírus, muitos produtores diminuíram as colheitas ou mudaram de ramo. Agora, com o fim do isolamento social e a retomada dos eventos, simplesmente não há flor suficiente no mercado para suprir a demanda reprimida. Muitos festivais e casamentos adiados nos últimos dois anos estão acontecendo de uma só vez”, elucida.
A situação foi agravada com a chegada do Dia das Mães, data em que a procura por buquês dispara. “A tendência é que, em duas semanas, os preços voltem ao normal”, tranquiliza Opitz. “Já a produção deve se normalizar no segundo semestre deste ano. Os produtores estão voltando à ativa”, adiciona.
A alta do dólar, os constantes reajustes na gasolina e até a guerra na Ucrânia também têm impactado negativamente o valor das plantas, conforme explica o especialista. “Muitos produtos utilizados na produção, como os fertilizantes, estão em falta por causa do conflito. O frete para a entrega das flores também cresceu, graças ao aumento da gasolina”, exemplifica.
Ainda de acordo com o diretor, uma reunião com profissionais do ramo sobre o alta nos preços das flores está marcada para 15 de maio em Holambra (SP), o maior polo de distribuição de plantas do Brasil. “Um teto não entrará em debate, uma vez que não podemos revogar a lei da oferta e da procura. No entanto, discutiremos maneiras de usar a tecnologia ao nosso favor na hora de estipular a procura para melhor planejar a oferta”, explica.
Alternativas para o Dia das Mães
Uma alternativa para quem segue a tradição de presentear a mãe com uma arte floral é optar por um vaso de suculentas ao invés do clássico buquê de lírios ou rosas. “As flores de corte foram as mais impactadas pelo reajuste. Uma alternativa é comprar um terrário ou um vaso de suculentas”, sugere Opitz.
“Os consumidores também poderão encontrar plantas mais íveis em supermercados, uma vez que, dada a estrutura que possuem, eles conseguem encomendar os itens com mais antecedência e, por consequência, pagar preços menores”, finaliza.

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