Psicólogos avaliam participação de Lumena no BBB21: “Agressiva”
Colegas de profissão acreditam que atuação da baiana na casa é equivocada
atualizado
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A edição deste ano do Big Brother Brasil mal teve início, mas já começam a ser desenhados os papéis de mocinhos e vilões (ou vilãs) do reality show. No segundo grupo, um nome se destaca: o da psicóloga Lumena Aleluia.
De personalidade explosiva e falas repletas de terminologias com teor acadêmico, a baiana, que integra o grupo pipoca, chamou atenção por não se abrir ao diálogo e por sua intransigência – algo que vai de encontro ao que se espera de um profissional da área na qual ela atua. Para colegas de profissão, o comportamento da sister é equivocado e pode comprometer a imagem desse tipo de especialista.
Alguns dos momentos mais delicados foram, por exemplo, os conflitos com o Lucas Penteado. Devido à pressão psicológica causada pelos colegas de confinamento, ele acabou desistindo do reality. Um dos pontos que mais pesaram na saída, sendo o ator, foram as suposições de Lumena sobre sua sexualidade.
Veja o que profissionais da área de psicologia pensam sobre a participação de Lumena no BBB21:
Deixou-se levar pelos vínculos
Tais atitudes têm levado as vivências adas das pessoas a serem despertadas novamente e de forma muito intensa: quem já ou por assédio moral no trabalho sabe muito bem a dor de ser excluído de uma reunião por não ter batido meta (assim como o participante Lucas foi excluído de sentar à mesa com os demais). Quem já sofreu bullying na escola sabe muito bem a dor de ser visível unicamente para ser motivo de chacota de um grupo dominante.
Fazendo a leitura dela como bacharel em psicologia, creio que seu erro foi não se manter atenta aos comportamentos, motivações e consequências, algo que devemos constantemente medir em qualquer que seja o contexto e/ou público para prestar um serviço psicológico. Como qualquer ser humano, deixou-se levar pelos vínculos criados nesta situação muito peculiar que é o confinamento, sem qualquer contato com o mundo externo para dar uma noção. Um dos efeitos psicológicos do programa envolve este tipo de comportamento.
Vitor Barros Rego, psicólogo, mestre em Psicologia do Trabalho, coordenador e docente do curso de Psicologia da Unieuro e diretor da empresa Trabalho no Divã – Saúde Mental no Trabalho.
Instável emocionalmente
“Infelizmente, esse tipo de postura influencia demais a imagem dos profissionais de psicologia. Temos um compromisso ético de zelar pelo bem-estar da sociedade como um todo. Não devemos priorizar nem tomar partido em questões étnicas, religiosas ou de gênero. Podemos ter nossas escolhas, nossas causas, mas não falar e expor isso publicamente.
Ela vem se mostrando, em decorrência dessas crenças, extremamente instável emocionalmente, agressiva e com perda de controle de seus instintos e impulsos. Fico pensando como um cliente ou uma família se sente ao ver o profissional que o acompanha funcionando assim.”
Ana Café, psicóloga clínica capacitada pela SENAD, SEPDQ, Ministério da Defesa e Universidade Havana, em Cuba.
Psicólogo não pode julgar
“A psicologia se baseia em princípios fundamentais do código de ética, que dizem que o profissional deverá agir com respeito, promoção à dignidade, igualdade e integridade do ser humano, além de promover a saúde e qualidade de vida das pessoas. Quando ela age de forma incoerente com isso, a a imagem que psicólogos não aplicam na sua própria vida esses princípios básicos. A imagem fica manchada perante às pessoas.
As pessoas esperam que esse profissional tenha um olhar empático, acolhedor, e isso não foi percebido no comportamento dela. Causa um impacto. Ouvi, nos meus atendimentos, relatos de pacientes que ficaram impressionados com ela. Muitos até relataram que já tiveram experiências negativas com outros especialistas da área no qual eles repercutem julgamento, sua própria opinião, falta de escuta e empatia. O psicólogo não pode julgar.”
Júlia Valdetaro, psicóloga clínica formada pela PUC-Rio e terapeuta complementar.