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Fora do país, brasileiros vivem conquistas do retorno à “vida normal”

Millennials que vivem na Europa, América do Norte, Ásia e Oceania compartilham a experiência de lidar com a Covid-19 longe de casa

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Arquivo Pessoal
Verena Furtado
1 de 1 Verena Furtado - Foto: Arquivo Pessoal

Quando Felipe Lauritzen, de 27 anos, embarcou para estudar na França, ele não fazia ideia que enfrentaria uma pandemia global pela frente. Desde o ano ado, o piauiense viveu meses alternando entre políticas de lockdown e toques de recolher, em um apartamento pequeno no centro de Paris, longe da família.

O colorido das lojas de flores e das pessoas caminhando pelas ruas, comendo baguetes e macarons nas terraças, a atmosfera requintada, os sons dos músicos nas estações de metrô que ele tanto sonhou em viver – e fazem parte do imaginário de qualquer um que ame o savoir faire parisiense -, ganharam os tons de cinza do comércio de portas fechadas, caminhos desertos e avisos de “fique em casa”, mantenha a distância e uso de máscara obrigatório.

Contudo, na última semana, o cenário de ansiedade e a sensação de “fim do mundo”, como Felipe descreveu os primeiros meses da pandemia, mudou um pouco. Depois de ocupar o posto de um dos países mais afetados pela crise sanitária global, com um colapso do sistema de saúde, o governo francês deu segmento a mais uma etapa do plano de reabertura na quarta-feira (19/5).

O plano de flexibilização, que teve início no começo de maio, relaxou o terceiro lockdown em território francês, imposto no final de março. A aceleração da campanha da vacinação, nas últimas semanas, deve criar um cenário propício para que a programação atinja a terceira etapa do plano, prevista para 9 de junho.

No caso de Felipe, voltar para um bar com amigos, depois de tantos meses, foi quase um marco. Poder tomar a vacina contra a Covid-19 há pouco mais de duas semanas, então, veio como um alívio. Foi como se tirasse um peso das costas. A sensação ainda não é de liberdade, mas ele descreve como uma espécie de “recompensa” por todos os meses em que esteve em isolamento.

“Sentar em uma mesa de bar, do lado de fora, com meus amigos, foi uma sensação libertadora. Estávamos todos vacinados, foi uma perspectiva de que as coisas estão começando a melhorar, em um esforço que todo mundo fez em coletivo para saber que voltaremos, sim, a ter qualidade de vida”, detalha.

A chegada das estações mais quentes também contribuiu com essa melhora. O brasiliense, que ou pelo término de um relacionamento e uma mudança de casa durante a pandemia, conta que um fator primordial na mudança de humor foi a prática de atividade física, que ele ou a incorporar à rotina, e uma nova casa com o à luz do Sol.

“Parece uma coisa pequena mas, para nós que viemos de um país tropical, a iluminação faz muita diferença. Você a a reparar em outros pequenos detalhes, que antes eram comuns no dia a dia. Sentar em uma mesa de bar, poder sentir a iluminação natural entrar no apartamento… É interessante reparar como tudo isso tem outro valor”, reflete.

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Ele tomou a vacina em 15 de maio
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Felipe foi fazer mestrado na Science Po, renomada instituição de ensino sa

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Ele tomou a vacina em 15 de maio

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Pequenos os

Verena Furtado, 25, por outro lado, já embarcou em meio à pandemia. Quando ela aterrissou em Portugal também para fazer mestrado, em setembro de 2020, era normal encontrar pessoas caminhando sem máscaras na rua, e a situação parecia controlada. O baixo número de casos foi chamado pela mídia de “milagre português”.

Até que os abraços do Natal, as viagens de fim de ano e os encontros calorosos contribuíram para o índice de contaminação estourar no território. Em janeiro, o país atingiu o recorde com 16.432 novos casos em 24 horas. O lockdown foi instituído a partir do dia 15, e permaneceu sob rigorosa fiscalização policial até a reabertura “a conta-gotas” que começou em março, e culminou na última etapa de flexibilização em 1º de maio.

Morando sozinha, longe da família, sem poder voltar ao Brasil – por conta das fronteiras fechadas – e com notícias de amigos contaminados e perdas, Verena conta que o período em completo isolamento social foi bem difícil, e a adaptação permanece um desafio, embora a situação esteja melhor no país.

“Eu sou uma pessoa asmática – tenho fator de risco – e ansiosa, e sinto que esse quadro aumentou bastante. Ainda que eu esteja relativamente segura, fico preocupada com tudo e todos”, compartilha. Com os bares e restaurantes abertos, ela voltou a ver os amigos que também moram em Porto e o namorado, mas mantém as relações sociais com extrema cautela, especialmente porque a vacinação não chegou à maior parte da população.

Verena mora na cidade do Porto, em Portugal

“Agora que eu posso encontrar outras pessoas, não me sinto segura, e sempre que estou na rua, me dá vontade de ir embora. As pessoas querem me cumprimentar, e eu não não me sinto à vontade”, lembra. A mudança de Verena é um claro sinal da preocupação com a pandemia, já que ela é naturalmente uma pessoa que gosta de contato.

A solução, para ela, é dar os menores, e ir se adaptando aos poucos à nova realidade, mesmo que a situação esteja controlada no país.

Readaptação

Sentir-se pouco confortável com interação pessoal é uma característica que provavelmente teremos que lidar no pós-pandemia, de acordo com a psicóloga Elaine Di Sarno. A especialista pontua que, “mesmo que as coisas tenham sido tiradas de nós muito de repente, precisaremos dar os curtos ainda que no futuro, quando for seguro. Depois de um momento de muita insegurança, viver um dia de cada vez é um bom começo”, orienta.

Enquanto as coisas não melhoram, é importante respeitar a si mesmo e aos seus limites, exercitar o diálogo e se apegar às boas notícias, mesmo que ao redor do mundo.

“É como um sopro de esperança de que as coisas vão melhorar. Se tomarmos a vacina e respeitarmos todos os cuidados, vamos vencer isso, assim como outros países venceram. É uma boa motivação para que as pessoas continuem indo aos postos tomar vacina, respeitem o distanciamento e os cuidados, porque se funcionou em outros países, podemos fazer dar certo também”, aconselha a psicóloga.

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Aromas da primavera

Após um inverno longo e rigoroso em Nova York, Nathalya Leite, 24, conseguiu sentir todos os cheiros característicos da chegada da primavera. Como resultado de uma campanha de vacinação em massa, as autoridades estadunidenses autorizaram a circulação de pessoas ao ar livre sem máscaras e, para a brasiliense que mora na Big Apple desde 2019, foi como “redescobrir novos cheiros”.

“Eu sempre respeitei muito o uso da máscara, então, estava acostumada a sentir o cheiro de pano. A sensação de respirar ar puro e do vento no rosto realmente é algo que eu nunca esperei que iria valorizar tanto”, enfatiza.

Os hábitos da pandemia, no entanto, foram incorporados. Acostumada a andar com a máscara no bolso – pois o uso da proteção facial ainda é obrigatório no transporte público, por exemplo -, ela reflete que também se sente mais protegida com ela, mesmo ao ar livre.

A sensação de tirar a máscara e de tomar a vacina, ainda em março, substituíram a aflição que Nathalya sentiu nos primeiros meses de pandemia nos Estados Unidos, no ano ado. O barulho das sirenes trazendo pacientes para o hospital de campanha montado praticamente em frente à casa onde ela morava foi quase o único som que a brasiliense escutou por alguns meses, antes de se mudar com a família do namorado para outro estado nos EUA.

“De cinco em cinco minutos eu ouvia um barulho muito alto de sirene, e isso me dava um medo muito grande. Estar longe da minha família e sozinha nesse período foi experiência que eu não consigo nem descrever”, compartilha. “Foi essencial ter alguém confiável como meu namorado e a família dele nos meses seguintes, não sei se teria dado conta sozinha”.

Em boa companhia

Contar com esse e emocional também foi fundamental para Mayumi Martins, 25. A pandemia e o lockdown ocorreram justamente quando ela estava terminando um mestrado em Brisbane, na Austrália. Porém, durante os dias em casa, a advogada tinha a possibilidade de sair para realizar atividades físicas, e foi assim que conheceu o namorado australiano, Sam, enquanto os dois saíam para correr durante o dia.

“Eu já estava me sentindo ansiosa e sozinha, e foi muito difícil. Acho que teria voltado para casa, se não fosse por ele”, confessa. A mudança para Sidney, no entanto, foi mais difícil. Longe dos amigos e do namorado, ela sentiu mais os efeitos da solidão. Porém, a situação na Austrália é bem diferente. Foram cerca de 2 a 3 meses de distanciamento social rigoroso, e com as fronteiras fechadas e um controle rígido, a vida no país já voltou ao normal.

O namorado de Mayumi é australiano, e mora em Brisbane

“Eu estudo, faço atividades de lazer, e já fui até para shows com meu namorado. Nunca precisei realmente usar máscara, porque ou estávamos em isolamento, dentro de casa, e quando saímos, embora tenha sido um retorno gradual, as coisas já estavam melhores”, descreve.

Mayara Isagawa, 27, que mora em outro país insular mesmo continente, a Nova Zelândia, viveu uma experiência diferente, e precisou usar bastante proteção facial. Ela se mudou para o país em agosto de 2019, com um visto de um ano, com a intenção de viver vários tipos de experiência de trabalho – como garçonete, faz-tudo, funcionária de plantações – com o intuito de melhorar o nível de inglês.

Ela conta que, durante o lockdown, conseguiu um trabalho em uma empresa que embala frutas, ligada a uma plantação de kiwis. Por ser considerado um serviço essencial, ela saía de casa enquanto o país estava fechado, nos primeiros meses de 2020, mas a preocupação era constante porque a engenheira de São Paulo não sabia se teria direito a tratamento de saúde, como imigrante, ou se o seguro de vida cobriria os custos em caso de Covid-19.

“Foi um período muito conturbado para mim, eu precisei procurar um lugar para morar urgente, porque estava viajando quando tudo aconteceu, aí aluguei um quarto em um apartamento de brasileiros, o que me fez muito bem e me ajudou a me sentir ‘em casa’”, afirma.

Assim como na Austrália, Mayara vive uma vida normal atualmente, com a pandemia controlada no país. A partir do fim de julho a vacinação será liberada para todos – inclusive imigrantes – em território neozelandês.

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Mas ela conta que ainda vive insegurança sobre até quando poderá ficar no país
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O visto de Mayara foi estendido por conta da pandemia

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Mas ela conta que ainda vive insegurança sobre até quando poderá ficar no país

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De acordo com ela, esse controle ocorreu graças a uma política efetiva do governo, que criou um aplicativo e ou a monitorar a movimentação no país a partir de um QR code. “Sempre que as pessoas saíam, elas faziam check-in em uma espécie de totem em todo lugar, o que facilitou rastrear por onde pessoas infectadas aram e isolar quem teve contato com infectados”, explica Mayara.

Piscar de olhos

A China usou uma tecnologia parecida para conter o avanço do novo coronavírus. O primeiro epicentro da Covid-19, ainda em dezembro de 2019, estabeleceu um sistema de cores (verde, amarelo e vermelho) para sinalizar a segurança dos indivíduos que moram no país quanto ao risco de contágio da doença, e ou a monitorar por onde os moradores aram, para manter o controle de quem teve contato com infectados pela doença.

Se o seu código é verde, significa que você está saudável e pode entrar em todos os lugares públicos — onde você é obrigado a mostrar esse código. Amarelo e vermelho são as duas outras opções, que restringem mais a entrada de pessoas em certos locais.

Mais de um ano depois que o país controlou o novo coronavírus, a China segue uma vida normal. O vaivém de pessoas nas ruas famosas de Xangai e shoppings com a rotineira circulação de pessoas representam a atual realidade do país – totalmente fechado para turistas e com os moradores transitando, e aglomerando, tranquilamente.

Essa é a realidade que compartilha Priscila Jin, 20, brasileira e filha de pais chineses. Pouco tempo após o anúncio dos primeiros casos de Covid-19 no Brasil, em março de 2020, ela e a mãe decidiram ir morar com o pai, na cidade de Yiwu, na China.

A paulistana lembra que um dos momentos mais marcantes dos últimos anos foi ver uma aglomeração de pessoas. Estudante em idade universitária, ela imaginou que algum dia poderá ir para festas e aglomerar com os futuros colegas de turma.

“Eu estava andando na rua mais badalada de Xangai, e várias pessoas aram por mim – todas próximas, e eu não tive medo. Elas estavam caminhando juntas, lado a lado e felizes, sem máscara. Eu falei para a minha mãe: ‘olha que bênção, esse tanto de gente junta”, celebra.

Agora que tudo isso ou – pelo menos na nossa rotina no país -, parece que foi em um piscar de olhos. Mas nós levamos quase um ano até chegar nesse estágio de vida normal. Isso aconteceu graças ao respeito às regras, o esforço coletivo e, principalmente, levou tempo”.

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