Saiba sobre a meningite, doença fatal que pode ser evitada com vacinas
É muito importante que as crianças sejam imunizadas no período correto para garantir o bloqueio da doença
atualizado
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Apesar de ser uma doença não tão frequente, a meningite assusta. A condição é altamente letal, atinge principalmente crianças pequenas e evolui muito rapidamente. A partir do início dos sintomas, o paciente pode morrer em menos de 48h. A população entra em pânico sempre que há notícias de casos da doença, mas, por outro lado, pais e mães têm descuidado do calendário de imunizações.
“Quando a doença desaparece, as pessoas deixam de ter medo, param de se vacinar e am a se preocupar mais com o número de eventos adversos, que são os mesmos de sempre. A vacina continua segura”, afirma Isabella Ballalai, vice presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim).
A vacina está disponível na rede pública, mas o principal problema é que os responsáveis não seguem o calendário vacinal à risca, imunizando as crianças tardiamente, o que as deixa vulneráveis à condição.
A doença
A meningite é uma inflamação da meninge, a membrana que reveste o cérebro e a medula espinhal. Normalmente essa inflamação acontece por uma infecção bacteriana, fúngica ou viral, e ocorre, principalmente, em crianças menores de dois anos de idade e idosos.
Os sintomas principais dependem da idade do paciente. No primeiro mês de vida, por exemplo, a meningite é igual a uma septicemia: dificuldade para sugar, prostração, febre e hipotermia são alguns sinais. A partir de um mês, quando acontecem a maior parte dos casos, o paciente sente febre, vômitos, irritabilidade, abaulamento da moleira. Nos maiores de dois anos ou adultos, os sintomas são rigidez de nuca, febre, vômitos e dor de cabeça.
“Mais de 95% dos casos acontece por transmissão respiratória, ao tossir, espirrar, compartilhar um copo. Eu posso ter uma bactéria inofensiva na minha garganta mas que assume um papel de virulência em outra pessoa”, explica o diretor do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo Marco Aurélio Sáfadi. Nos outros cinco 5% dos casos, a inflamação da meninge acontece como consequência de outras doenças alojadas próximas ao cérebro.
Os tipos de meningite
A inflamação da meninge pode acontecer por vários motivos. A infecção por vírus é a mais comum e menos grave. Não existe vacina para este tipo de doença. A bacteriana, prevenível pela imunização, é a forma mais perigosa, e pode ser causada por:
– Meningococos dos tipos A, B, C, W e Y. No Brasil, a infecção mais comum é pelo tipo C, responsável por mais de 80% dos casos em 2010, mas a W, comum na Argentina, vem aumentando em Santa Catarina (talvez pelos turistas do país portenho). A vacina contra o tipo C está disponível na rede pública, e o Ministério da Saúde tenta incorporar também a vacina contra o tipo W. A vacina conjugada, que trata os tipos ACWY e a do tipo B podem ser encontradas na rede particular.
Os sintomas são febre alta repentina, dor de cabeça intensa, rigidez do pescoço, vômitos e, algumas vezes, confusão mental e sensibilidade à luz. Um em cada cinco pacientes diagnosticados com este tipo de meningite morrem — quando a bactéria chega à corrente sanguínea, a proporção aumenta para sete em cada dez. Sobreviventes podem apresentar cegueira, surdez, problemas neurológicos e amputação de membros.
– Pneumococos, responsáveis por 15% das mortes de crianças menores de cinco anos. Normalmente, o agente infeccioso acomete o sistema respiratório, mas pode afetar a meninge. Os sintomas são semelhantes aos causados pelos meningococos, mas a letalidade do pneumococo é maior: cerca de 30% dos infectados acaba falecendo.
– Haemophillus Influenzae b, que foi a principal causa de meningite bacteriana em crianças no final dos anos 1980 mas, graças à vacinação, é pouco comum atualmente. A bactéria pode causar pneumonia, inflamação da garganta, artrite, infecção dos ossos ou da membrana que cobre o coração.
– Mycobacterium tuberculosis, responsável pela tuberculose, mas pode se instalar em outros lugares que não o pulmão. Este tipo de meningite avança lentamente e, por isso, normalmente é descoberta em estágio avançado. É menos frequente, porém considerada letal.
Prevenção
A melhor forma de prevenir as meningites bacterianas é a vacinação: a imunização contra o tipo C, por exemplo, está disponível na rede pública para crianças menores de cinco anos e adolescentes entre 11 e 14 anos. A vacina penta, combinada à tríplice bacteriana, protege do Haemophilus Influenzae b, também está no SUS. O Ministério da Saúde tenta incluir também a vacina contra o tipo W, mas a licitação não encontrou interessados.
A vacina VPC10, contra bactérias pneumocócicas, também pode ser encontrada na rede pública. Já as vacinas contra os tipos ACWY e B estão disponíveis na rede privada.
A Sociedade Brasileira de Imunizações alerta que não é preciso pânico ao receber a notícia de um caso de meningite: não é possível saber qual o agente responsável pelo foco da doença rapidamente e a vacina precisa de algum tempo para proteger o paciente. Se houve contato com a pessoa infectada, a indicação é procurar um médico.
“Infelizmente, casos de meningite bacteriana são registrados no Brasil o ano inteiro, razão pela qual as vacinas são recomendadas nos calendários de rotina do Ministério da saúde, da Sbim e da Sociedade Brasileira de Pediatria. Mesmo que o episódio seja noticiado pela mídia, não significa que haja surto. São infecções que acontecem e temos vacinas para evitá-las”, explica a Sbim.