Pandemia atrasa evolução cardiorrespiratória de crianças, diz estudo
Testes de condicionamento físico com estudantes espanhóis mostraram desenvolvimento aquém do esperado
atualizado
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A adolescência é uma fase marcada por muitas mudanças fisiológicas. Além da herança genética, contam os hábitos e o estilo de vida. Durante a pandemia de Covid-19, crianças e adolescentes foram privados de praticar atividades físicas devido ao isolamento social.
Um estudo feito na Espanha, por pesquisadores da Universidade de Zaragoza e da Anglia Ruskin University, do Reino Unido, publicado nesta semana no European Journal of Pediatrics, indica que isso tem consequências para o desenvolvimento cardiorrespiratório deles.
A Espanha impôs um bloqueio nacional rígido de seis semanas no início da pandemia, em 2020. Neste período, adolescentes com menos de 15 anos só podiam sair de casa por razões médicas. Os pesquisadores avaliam que, “embora o fechamento de escolas tenha sido estabelecido em todo o mundo durante 2020, tais medidas, juntamente com o fechamento de instalações esportivas ou a subsequente interrupção repentina do deslocamento ativo, podem ter causado um aumento nos comportamentos sedentários”.
Os cientistas analisaram o desenvolvimento de 89 alunos de uma escola do nordeste espanhol, com idades entre 12 a 14 anos. Eles haviam sido submetidos a testes de condicionamento físico antes da pandemia, em novembro de 2019, para medir o consumo máximo de oxigênio (VO2 máx.). O exame foi repetido um ano depois, em novembro de 2020.
O VO2 máx. é um indicador de aptidão cardiorrespiratória e seus níveis aumentam durante a adolescência, junto com o crescimento e o desenvolvimento físico.
Níveis mais altos de VO 2 máx. na infância e na adolescência – considerados saudáveis – são associados a valores mais baixos de fatores de risco cardiovascular como: medida da circunferência da cintura, índice de massa corporal (IMC), gordura corporal, pressão arterial, colesterol, triglicerídeos e prevalência de síndrome metabólica no futuro (doença relacionada à obesidade).
A queda deste indicador, por outro lado, está relacionada ao sedentarismo. Por isso, os pesquisadores consideram ser de “extrema importância que os adolescentes alcancem níveis suficientes de atividade física que possam preservar indicadores de saúde confiáveis, como o VO 2 máx”.
“Particularmente, a aptidão cardiorrespiratória é considerada um marco crítico para a saúde na juventude, e o consumo máximo de oxigênio (VO 2 máx) um bom indicador”, escreveram os autores do artigo.
Observou-se no estudo que as crianças espanholas apresentaram níveis mais baixos de aptidão cardiorrespiratória do que seria esperado para o desenvolvimento normal da taxa de VO2 máx em cada faixa etária. Os níveis de Healthy Fitness Zone (HFZ), uma medida padrão de saúde com base na idade e sexo, também caíram 3,4% no período de 12 meses.
“Em condições normais, os níveis de VO2 máx tendem a aumentar em adolescentes até certa idade. Em nosso estudo, cada subgrupo de idade e sexo apresentou níveis mais baixos”, avaliou Lee Smith, autor sênior do estudo, do departamento de Atividade Física e Saúde Pública da Anglia Ruskin University.
Os cientistas afirmam que os resultados devem ser considerados para desenvolver estratégias de um estilo de vida mais ativo após o confinamento.
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