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É a primeira vez, nos últimos 20 anos, que o número sobe acima das margens de erro, e a culpa pode ser dos vapes. O número de fumantes, que em 2023 era de 9,3% dos adultos, chegou a 11,6% segundo os dados mais recentes do governo. O hábito é mais comum entre homens (13,8%), mas que também tem crescido entre as mulheres (9,8%). Leia também Saúde EVALI: entenda lesão que matou menina de 15 anos por uso de vape no DF Saúde Vapes: confira 5 mitos e verdades sobre os cigarros eletrônicos Saúde Fuma vape? Saiba quais são os riscos de usar cigarros eletrônicos Distrito Federal Proibidos, vapes chegam ao DF por rotas do tráfico de armas e drogas Especialistas ouvidos pelo Metrópoles indicam que um dos grandes responsáveis pelo avanço do tabagismo no país é o cigarro eletrônico. Apesar de serem proibidos, os vapes circulam amplamente, atraindo especialmente adolescentes, com sabores e formatos chamativos que mascaram sua toxicidade. “A introdução do cigarro eletrônico trouxe um risco real à saúde pública do país, e esses resultados podem nos acompanhar muito tempo, especialmente porque jovens são os mais suscetíveis ao início do vício”, diz o pneumologista Ricardo Amorim, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). Problemas de saúde relacionados ao uso prolongado de vape Doenças pulmonares crônicas: são comuns casos que incluem bronquite crônica e enfisema, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e fibrose pulmonar. Problemas cardiovasculares: o consumo frequente causa aumento da pressão arterial e frequência cardíaca, maior risco de infarto do miocárdio e AVC e danos nos vasos sanguíneos. Efeitos neurológicos: usar vape por muito tempo causa dependência da nicotina, alterações no cérebro em desenvolvimento, aumento da ansiedade e irritabilidade. Risco de câncer: a exposição a substâncias presentes no vape podem levar ao desenvolvimento de cânceres. Doença pulmonar associada ao uso de produtos de cigarro eletrônico (EVALI, em inglês): lesão pulmonar causada pelas substâncias contidas no vape e que pode deixar sequelas permanentes. Nova geração de dependentes Estudos recentes indicam que mais de 25% dos estudantes brasileiros do ensino médio já experimentaram cigarros eletrônicos. O apelo visual e os sabores variados tornam o dispositivo atrativo, escondendo a presença de doses de nicotina até 120 vezes maiores que as do cigarro comum. “É muito provável que estejamos formando uma nova geração de tabagistas pelo alto potencial viciante destes dispositivos”, alerta o pneumologista Rafael Rodrigues de Miranda, professor do Grupo MedCof, de formação de médicos para a residência. Para Miranda, assim como para as outras fontes ouvidas, o crescimento descontrolado ameaça a posição do Brasil como farol internacional das campanhas antitabagismo. “O Brasil ainda é referência mundial no controle do tabagismo. No entanto, esse status está sendo desafiado por novas ameaças, como os dispositivos eletrônicos para fumar, fazendo com que, infelizmente, tenhamos um aumento no número de tabagistas”, diz. 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Além disso, há o risco de uma condição pulmonar grave e específica relacionada ao uso desses dispositivos: a evali (lesão pulmonar associada ao uso de cigarros eletrônicos ou produtos de vaping)”, resume a pneumologista Sandra Guimarães, pneumologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Impacto no sistema de saúde Apesar dos avanços na compreensão dos riscos, ainda falta entender os efeitos a longo prazo e se o vape poderá ser classificado como agente cancerígeno, uma vez que o câncer de pulmão se desenvolve lentamente. “Ainda não há estudos definitivos em humanos sobre câncer, mas os dados em animais já são claros, e os sinais de alerta são suficientes para desestimular o uso. Temos jovens morrendo. Precisamos aumentar a campanha de conscientização de forma bem estruturada para atingir vários segmentos da sociedade, mas principalmente os jovens, que são mais vulneráveis”, defende o presidente da SBPT. Doenças como a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) estão entre as principais preocupações dos médicos. Cerca de 90% dos casos estão associados à inalação de fumaças tóxicas dos cigarros, e as versões eletrônicas entram na lista. O uso combinado de cigarros e vapes quadruplica o risco de desenvolver enfermidades pulmonares em comparação com pessoas que fumam apenas o convencional. 14 imagensFechar modal.1 de 14Cada vez mais popular no Brasil, o vape, cigarro eletrônico ou e-cigarrette tem se tornado um verdadeiro fenômeno entre os jovens. O produto, geralmente, tem aparência semelhante a de um cigarro comum, mas também pode ser encontrado em formato de pen drive ou canetaMartina Paraninfi/Getty Images2 de 14Em uma embalagem colorida, com sabores diferentes, sem o cheiro ruim do cigarro tradicional e com uma grande quantidade de fumaça, os produtos são muito comuns, especialmente, entre pessoas de 18 a 24 anos, apesar de serem proibidos no BrasilLeonardo De La Cuesta/Getty Images3 de 14No geral, o produto é composto por bateria, atomizador, microprocessador, lâmpada LED e cartucho de nicotina líquida. Esses mecanismos são responsáveis por aquecer o líquido que produz o vapor inalado pelos usuáriosDirk Kruse / EyeEm/Getty Images4 de 14Apesar de serem bastante usados no mundo inteiro e, inicialmente, tenham sido introduzidos no comércio como uma alternativa para os cigarros comuns, os vapes são perigosos para a saúde, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM)Martina Paraninfi/Getty Images5 de 14Os médicos afirmam que os cigarros eletrônicos são “uma ameaça à saúde pública” e oferecem ainda mais riscos do que os cigarros comuns, além de serem porta de entrada dos jovens no mundo da nicotinaYana Iskayeva/Getty Images6 de 14Esses especialistas afirmam que o filamento de metal que aquece o líquido é composto de metais pesados que acabam sendo inalados, como o níquel, substância cancerígenaShahril Affandi Khairuddin / EyeEm/Getty Images7 de 14Ainda segundo os especialistas, o líquido produzido pelo cigarro eletrônico tem pelo menos 80 substâncias químicas consideradas perigosas e responsáveis por reforçar a dependência na nicotinasestovic/Getty Images8 de 14Além disso, o uso diário de cigarros eletrônicos causa estado inflamatório em vários órgãos do organismo, incluindo o cérebro. Novas pesquisas indicam que a utilização também pode desregular alguns genes e fazer com que o usuário desenvolva uma condição chamada EVALE, lesão causada pelo produto nos pulmõesRyanJLane/Getty Images9 de 14O neurologista Wanderley Cerqueira, do Hospital Albert Einstein, explica que os efeitos no usuário variam dependendo da nicotina e dos sabores líquidos, que influenciam a forma como o corpo responde às infecções. Segundo ele, vapes de menta, por exemplo, deixam as pessoas mais sensíveis aos efeitos da pneumonia bacteriana do que outros aromatizantesseksan Mongkhonkhamsao/Getty Images10 de 14O especialista alerta que as células imunológicas parecem ser desativadas à medida que os pulmões são continuamente encharcados com produtos químicos. Esse processo enfraquece as defesas do organismo contra ameaças como pneumonia ou câncerDiego Cervo / EyeEm/Getty Images11 de 14Ainda segundo o médico, mesmo os vapes sem sabor são perigosos. Isso porque eles possuem outros aditivos químicos em sua composição, como propilenoglicol, glicerina, formaldeído e a própria nicotina, que causa câncerhocus-focus/Getty Images12 de 14Uma pesquisa da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, encontrou níveis perigosos de toxinas em produtos usados para conferir sensação mentolada em cigarros eletrônicos. Foram verificados problemas em várias marcas dessas substâncias mas, principalmente, na Puffbar, uma das mais populares do mundo HEX/Getty Images13 de 14Os cientistas encontraram níveis das toxinas WS-3 e WS-23 acima dos considerados seguros pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no fluido do produto. Dos 25 líquidos analisados, 24 tinham WS-3, por exemploGetty Images14 de 14As substâncias são usadas em aditivos alimentícios para dar o “frescor” do mentolado sem o sabor de menta, mas não devem ser inaladas. Elas são encontradas também em produtos nos sabores de manga ou baunilhaDaniel Cabajewski / EyeEm/Getty Images Enquanto novas gerações adotam o dispositivo, as políticas públicas ainda caminham devagar. Especialistas defendem campanhas que envolvam escolas, redes sociais e influenciadores, além de regulamentação mais rigorosa sobre venda e propaganda dos vapes, que, embora proibidos, circulam livremente. “É urgente ampliar a regulação, fiscalização e campanhas educativas específicas sobre os riscos dos cigarros eletrônicos para que não prejudiquemos mais uma geração de brasileiros com o vício da nicotina e com o efeito deletério destes dispositivos”, conclui Rafael. Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto! Receba notícias de Saúde e Ciência no seu WhatsApp e fique por dentro de tudo! 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Número de fumantes no Brasil aumenta pela primeira vez em 20 anos

Popularidade dos cigarros eletrônicos entre jovens desafia conquistas históricas de combate ao tabagismo e ao uso de vape no país

atualizado

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jogue o cigarro eletrônico no lixo, mão estendida com o cigarro eletrônico na frente da lata de lixo, conceito de danos dos cigarros eletrônicos e vapes
1 de 1 jogue o cigarro eletrônico no lixo, mão estendida com o cigarro eletrônico na frente da lata de lixo, conceito de danos dos cigarros eletrônicos e vapes - Foto: Nikolay Ponomarenko/Getty Images

Dados divulgados pelo Ministério da Saúde por causa do Dia Mundial Sem Tabaco, lembrado neste sábado (31/5), revelam que o número de fumantes no Brasil cresceu 25% em 2024, voltando ao patamar de 2012. É a primeira vez, nos últimos 20 anos, que o número sobe acima das margens de erro, e a culpa pode ser dos vapes.

O número de fumantes, que em 2023 era de 9,3% dos adultos, chegou a 11,6% segundo os dados mais recentes do governo. O hábito é mais comum entre homens (13,8%), mas que também tem crescido entre as mulheres (9,8%).

Especialistas ouvidos pelo Metrópoles indicam que um dos grandes responsáveis pelo avanço do tabagismo no país é o cigarro eletrônico. Apesar de serem proibidos, os vapes circulam amplamente, atraindo especialmente adolescentes, com sabores e formatos chamativos que mascaram sua toxicidade.

“A introdução do cigarro eletrônico trouxe um risco real à saúde pública do país, e esses resultados podem nos acompanhar muito tempo, especialmente porque jovens são os mais suscetíveis ao início do vício”, diz o pneumologista Ricardo Amorim, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).


Problemas de saúde relacionados ao uso prolongado de vape

  • Doenças pulmonares crônicas: são comuns casos que incluem bronquite crônica e enfisema, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e fibrose pulmonar.
  • Problemas cardiovasculares: o consumo frequente causa aumento da pressão arterial e frequência cardíaca, maior risco de infarto do miocárdio e AVC e danos nos vasos sanguíneos.
  • Efeitos neurológicos: usar vape por muito tempo causa dependência da nicotina, alterações no cérebro em desenvolvimento, aumento da ansiedade e irritabilidade.
  • Risco de câncer: a exposição a substâncias presentes no vape podem levar ao desenvolvimento de cânceres.
  • Doença pulmonar associada ao uso de produtos de cigarro eletrônico (EVALI, em inglês): lesão pulmonar causada pelas substâncias contidas no vape e que pode deixar sequelas permanentes.

Nova geração de dependentes

Estudos recentes indicam que mais de 25% dos estudantes brasileiros do ensino médio já experimentaram cigarros eletrônicos. O apelo visual e os sabores variados tornam o dispositivo atrativo, escondendo a presença de doses de nicotina até 120 vezes maiores que as do cigarro comum.

“É muito provável que estejamos formando uma nova geração de tabagistas pelo alto potencial viciante destes dispositivos”, alerta o pneumologista Rafael Rodrigues de Miranda, professor do Grupo MedCof, de formação de médicos para a residência.

Para Miranda, assim como para as outras fontes ouvidas, o crescimento descontrolado ameaça a posição do Brasil como farol internacional das campanhas antitabagismo. “O Brasil ainda é referência mundial no controle do tabagismo. No entanto, esse status está sendo desafiado por novas ameaças, como os dispositivos eletrônicos para fumar, fazendo com que, infelizmente, tenhamos um aumento no número de tabagistas”, diz.

Ameaças ao exemplo brasileiro

No Brasil, a partir da década de 1990, uma série de políticas públicas eficazes, como a proibição da propaganda de cigarro, a adoção de advertências nos maços, o aumento de impostos e a criação de ambientes livres de fumaça, levou a uma progressiva queda do consumo de cigarro.

O uso dos vapes, porém, escapou dessas medidas por não ser percebido por boa parte da população como um cigarro e por não conter tabaco. No início de sua história, há 10 anos, acreditava-se que eles eram menos nocivos, o que hoje se sabe que é mentira.

“Os dispositivos eletrônicos estão associados a riscos significativos para a saúde cardiovascular e pulmonar. Embora contenham cerca de 50 substâncias cancerígenas, em comparação com as mais de 5 mil encontradas nos cigarros tradicionais, ainda é cedo para afirmar que oferecem menor risco de câncer. Além disso, há o risco de uma condição pulmonar grave e específica relacionada ao uso desses dispositivos: a evali (lesão pulmonar associada ao uso de cigarros eletrônicos ou produtos de vaping)”, resume a pneumologista Sandra Guimarães, pneumologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Impacto no sistema de saúde

Apesar dos avanços na compreensão dos riscos, ainda falta entender os efeitos a longo prazo e se o vape poderá ser classificado como agente cancerígeno, uma vez que o câncer de pulmão se desenvolve lentamente.

“Ainda não há estudos definitivos em humanos sobre câncer, mas os dados em animais já são claros, e os sinais de alerta são suficientes para desestimular o uso. Temos jovens morrendo. Precisamos aumentar a campanha de conscientização de forma bem estruturada para atingir vários segmentos da sociedade, mas principalmente os jovens, que são mais vulneráveis”, defende o presidente da SBPT.

Doenças como a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) estão entre as principais preocupações dos médicos. Cerca de 90% dos casos estão associados à inalação de fumaças tóxicas dos cigarros, e as versões eletrônicas entram na lista. O uso combinado de cigarros e vapes quadruplica o risco de desenvolver enfermidades pulmonares em comparação com pessoas que fumam apenas o convencional.

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Em uma embalagem colorida, com sabores diferentes, sem o cheiro ruim do cigarro tradicional e com uma grande quantidade de fumaça, os produtos são muito comuns, especialmente, entre pessoas de 18 a 24 anos, apesar de serem proibidos no Brasil
No geral, o produto é composto por bateria, atomizador, microprocessador, lâmpada LED e cartucho de nicotina líquida. Esses mecanismos são responsáveis por aquecer o líquido que produz o vapor inalado pelos usuários
Apesar de serem bastante usados no mundo inteiro e, inicialmente, tenham sido introduzidos no comércio como uma alternativa para os cigarros comuns, os vapes são perigosos para a saúde, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM)
Os médicos afirmam que os cigarros eletrônicos são “uma ameaça à saúde pública” e oferecem ainda mais riscos do que os cigarros comuns, além de serem porta de entrada dos jovens no mundo da nicotina
Esses especialistas afirmam que o filamento de metal que aquece o líquido é composto de metais pesados que acabam sendo inalados, como o níquel, substância cancerígena
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Cada vez mais popular no Brasil, o vape, cigarro eletrônico ou e-cigarrette tem se tornado um verdadeiro fenômeno entre os jovens. O produto, geralmente, tem aparência semelhante a de um cigarro comum, mas também pode ser encontrado em formato de pen drive ou caneta

Martina Paraninfi/Getty Images
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Em uma embalagem colorida, com sabores diferentes, sem o cheiro ruim do cigarro tradicional e com uma grande quantidade de fumaça, os produtos são muito comuns, especialmente, entre pessoas de 18 a 24 anos, apesar de serem proibidos no Brasil

Leonardo De La Cuesta/Getty Images
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No geral, o produto é composto por bateria, atomizador, microprocessador, lâmpada LED e cartucho de nicotina líquida. Esses mecanismos são responsáveis por aquecer o líquido que produz o vapor inalado pelos usuários

Dirk Kruse / EyeEm/Getty Images
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Apesar de serem bastante usados no mundo inteiro e, inicialmente, tenham sido introduzidos no comércio como uma alternativa para os cigarros comuns, os vapes são perigosos para a saúde, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM)

Martina Paraninfi/Getty Images
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Os médicos afirmam que os cigarros eletrônicos são “uma ameaça à saúde pública” e oferecem ainda mais riscos do que os cigarros comuns, além de serem porta de entrada dos jovens no mundo da nicotina

Yana Iskayeva/Getty Images
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Esses especialistas afirmam que o filamento de metal que aquece o líquido é composto de metais pesados que acabam sendo inalados, como o níquel, substância cancerígena

Shahril Affandi Khairuddin / EyeEm/Getty Images
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Ainda segundo os especialistas, o líquido produzido pelo cigarro eletrônico tem pelo menos 80 substâncias químicas consideradas perigosas e responsáveis por reforçar a dependência na nicotina

sestovic/Getty Images
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Além disso, o uso diário de cigarros eletrônicos causa estado inflamatório em vários órgãos do organismo, incluindo o cérebro. Novas pesquisas indicam que a utilização também pode desregular alguns genes e fazer com que o usuário desenvolva uma condição chamada EVALE, lesão causada pelo produto nos pulmões

RyanJLane/Getty Images
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O neurologista Wanderley Cerqueira, do Hospital Albert Einstein, explica que os efeitos no usuário variam dependendo da nicotina e dos sabores líquidos, que influenciam a forma como o corpo responde às infecções. Segundo ele, vapes de menta, por exemplo, deixam as pessoas mais sensíveis aos efeitos da pneumonia bacteriana do que outros aromatizantes

seksan Mongkhonkhamsao/Getty Images
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O especialista alerta que as células imunológicas parecem ser desativadas à medida que os pulmões são continuamente encharcados com produtos químicos. Esse processo enfraquece as defesas do organismo contra ameaças como pneumonia ou câncer

Diego Cervo / EyeEm/Getty Images
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Ainda segundo o médico, mesmo os vapes sem sabor são perigosos. Isso porque eles possuem outros aditivos químicos em sua composição, como propilenoglicol, glicerina, formaldeído e a própria nicotina, que causa câncer

hocus-focus/Getty Images
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Uma pesquisa da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, encontrou níveis perigosos de toxinas em produtos usados para conferir sensação mentolada em cigarros eletrônicos. Foram verificados problemas em várias marcas dessas substâncias mas, principalmente, na Puffbar, uma das mais populares do mundo

HEX/Getty Images
13 de 14

Os cientistas encontraram níveis das toxinas WS-3 e WS-23 acima dos considerados seguros pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no fluido do produto. Dos 25 líquidos analisados, 24 tinham WS-3, por exemplo

Getty Images
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As substâncias são usadas em aditivos alimentícios para dar o “frescor” do mentolado sem o sabor de menta, mas não devem ser inaladas. Elas são encontradas também em produtos nos sabores de manga ou baunilha

Daniel Cabajewski / EyeEm/Getty Images

Enquanto novas gerações adotam o dispositivo, as políticas públicas ainda caminham devagar. Especialistas defendem campanhas que envolvam escolas, redes sociais e influenciadores, além de regulamentação mais rigorosa sobre venda e propaganda dos vapes, que, embora proibidos, circulam livremente.

“É urgente ampliar a regulação, fiscalização e campanhas educativas específicas sobre os riscos dos cigarros eletrônicos para que não prejudiquemos mais uma geração de brasileiros com o vício da nicotina e com o efeito deletério destes dispositivos”, conclui Rafael.

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