Mortes por Covid-19 no Brasil podem chegar a 4 mil por dia até abril
Cientistas apontam maior colapso sanitário e hospitalar da história do país, que registrou 2.648 óbitos na quarta-feira (17/3)
atualizado
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O Brasil vive o pior momento da pandemia de coronavírus e pode bater a marca de 4 mil mortes diárias até abril. A análise é de um grupo de cientistas da Rede Análise Covid, rede multidisciplinar que coleta, analisa, modela e divulga dados relativos a Covid-19. O boletim produzido pelo Observatório Covid-19, feito por especialistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), também aponta que o país vive atualmente o maior colapso sanitário e hospitalar da história.
Com mais 2.648 óbitos, a média móvel de mortes causadas por Covid-19 no Brasil bateu mais um recorde, chegando a 2.017 na quarta-feira (17/3). De acordo com os cientistas da Rede Análise Covid, o crescimento exponencial do número de novos casos e mortes é um indicador de que a Covid-19 está fora de controle no país. A doença segue com tendência de crescimento, com transmissão acelerada em todos os estados.
Sem a adoção de medidas severas de restrição de mobilidade em todo o país, de forma coordenada, não há como deter a pandemia, defendem os pesquisadores. O ideal, de acordo com a análise do grupo, seria a adoção de lockdown com, pelo menos, 14 dias de duração, visto que esse é o ciclo de contágio do vírus.
Em um boletim extraordinário divulgado na noite de terça (16/3), cientistas da Fiocruz afirmaram que 27 unidades federativas, 24 estados e o Distrito Federal estão com taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS) iguais ou superiores a 80%, sendo 15 com índices iguais ou superiores a 90%.
Em relação às capitais, 25 das 27 estão com taxas de ocupação de UTIs iguais ou superiores a 80%, sendo que em 19 delas está acima de 90%. A análise traz dados obtidos desde 17 de julho de 2020. Carlos Machado, coordenador do Observatório Covid-19 Fiocruz, explica que as UTIs são o último recurso para alguns pacientes. “Ficar na fila pode significar não ter o atendimento no tempo necessário, levando ao óbito”, alerta.
O especialista explica que, desde dezembro, o Brasil vivencia de forma acelerada e intensa uma escalada da transmissão do vírus, especialmente nas últimas três semanas. “Isso resultou em um aumento de casos crescendo a uma taxa de 1,5% ao dia”, completa Machado. Segundo ele, a taxa de crescimento de mortes está atualmente em 2,6% ao dia.
“Em termos gerais, estes números elevados de casos, óbitos e taxas de ocupação [de UTIs] caracterizam o colapso do sistema de saúde. Mas eles vêm seguidos da incapacidade do sistema de saúde de atender todos os pacientes que requerem cuidados complexos e da impossibilidade do remanejamento logístico de pacientes para outros locais por conta da sincronização da pandemia”, analisa Carlos Machado.
Para conter o avanço do Sars-CoV-2 no Brasil e diminuir o número de infecções, internações e mortes, os pesquisadores defendem a adoção rigorosa de ações de prevenção e controle, como maior rigor nas medidas de restrição às atividades não essenciais. É necessário, ainda de acordo com os especialistas, ampliar as medidas de distanciamento físico e social, incentivar o uso de máscaras em larga escala e acelerar a vacinação contra a doença.
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