Genes explicam por que algumas pessoas não pegam Covid, diz USP
Pesquisadores brasileiros analisaram o material genético de 86 casais em que apenas um dos parceiros desenvolveu a doença
atualizado
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Um estudo feito por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) com casais brasileiros explica por que algumas pessoas são naturalmente resistentes à infecção provocada pelo novo coronavírus, mesmo que tenham tido contato muito próximo com um doente.
Os resultados do trabalho, iniciado em meados de 2020, foram publicados na terça-feira (28/9), na revista científica Frontiers in Immunology. Eles sugerem que a proteção dos “superimunes” está relacionada a dois genes do sistema de defesa do corpo.
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Como foi feita a pesquisa
Os pesquisadores do Instituto de Biociências (IB) da USP analisaram o material genético de 86 casais discordantes, onde só um dos parceiros foi infectado pelo novo coronavírus com quadro sintomático, enquanto o outro indivíduo permaneceu assintomático e com resultado negativo para a Covid-19.
Eles descobriram que as pessoas “superimunes” – que não pegaram a doença, apesar de seus parceiros terem sido infectados – possuem genes que contribuem para uma ativação mais rápida das células NK (as natural killers, do inglês). Conhecidas como “soldados de defesa” do corpo, as NK são as primeiras a ir para o combate quando há invasões externas.
Esses genes estão localizados no cromossomo 6 e são denominados MICA e MICB. Os testes mostraram que as pessoas que não se infectam têm mais exemplares do MICB. Por outro lado, nas pessoas que pegaram a infecção, as moléculas MICA estavam aumentadas e as MICB diminuídas.
“Nossa hipótese é que as variantes genômicas mais frequentemente encontradas no cônjuge suscetível levam à produção de moléculas que inibem a ativação dos NKs. No entanto, essa teoria ainda não foi validada por meio de estudos funcionais”, disse a geneticista Mayana Zatz, diretora do Centro de Estudos em Genoma Humano da USP ao jornal da USP.