Descoberta do vírus mayaro no RJ põe saúde pública em alerta
Após pesquisadores descobriram três pessoas infectadas pelo vírus, surgiu o temor de que o Aedes aegypti sirva como vetor de transmissão
atualizado
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A descoberta de três casos de pessoas contaminadas pelo vírus mayaro no Rio de Janeiro colocou em alerta especialistas em saúde pública do Brasil. O vírus, identificado pela primeira vez em Trinidad e Tobago, é primo do chikungunya e provoca uma infecção semelhante caracterizada por febres, dores intensas e incapacitantes no corpo.
Até onde se sabe a transmissão do mayaro é feita pelo Haemogogos, mosquito encontrado em áreas silvestres que também transmite a febre amarela. Mas, com a descoberta dos casos em área urbana – os pacientes de Niterói, que foram descritos em pesquisa da UFRJ, não estiveram em áreas selvagens – surgiu a hipótese de que o vírus esteja usando o Aedes aegypti como vetor. Neste cenário, o mosquito que transmite a dengue, a chikungunya e a zika seria capaz de provocar uma quarta doença.
“A notícia sobre os casos do Rio de Janeiro é muito importante, pois até agora sabíamos apenas de pessoas doentes em áreas próximas de selvas. O registro nos deixa em alerta para a possibilidade do vírus ter chegado ao ambiente urbano”, explica o infectologista André Bon, do Hospital Universitário de Brasília.
Ele explica que testes laboratoriais já mostraram que o Aedes aegypti pode ser infectado pelo vírus mayaro, mas ainda não há evidências científicas de que o contágio possa se dar de pessoa para pessoa com o Aedes aegypti como vetor. “Ainda não sabemos se a carga viral de uma pessoa é suficiente para “infectar” o aedes e assim possibilitar a transmissão através desse vetor”, detalha Bon.
A Secretaria de Saúde nunca registrou casos de febre mayaro no Distrito Federal. De acordo com o epidemiologista Divino Valero, que trabalhou como coordenador nacional de endemias do Ministério da Saúde, isso não significa que a situação não possa ser alterada a qualquer momento. “O processo epidemiológico é dinâmico e bastante vulnerável. Basta existir o vírus e o vetor”, afirma.
Divino Valero assegura que a Vigilância Ambiental do DF está alerta para a possibilidade de circulação do novo vírus e que o sistema de comunicação – fundamental para assegurar o tratamento adequado das doenças e o combate aos vetores, funciona com eficiência.
Tratamento
Não há tratamento específico para a febre mayaro. A indicação para os pacientes é permanecer em repouso, com o uso de analgésicos ou drogas anti-inflamatórias apenas para amenizar os sintomas.
O quadro é muito parecido com o da dengue ou da chikungunya. De início, aparece uma febre sem causa aparente, acompanhada de muito cansaço. Em seguida, podem surgir manchas vermelhas pelo corpo, dor de cabeça e dores nas articulações. Os olhos podem ficar doendo e, em alguns casos, há intolerância à luz. As dores e o inchaço das articulações podem ser bastante limitantes e durar meses para ar.
Ministério da Saúde
Em nota, o Ministério da Saúde destacou que: “não há registro recente de casos da febre mayaro no país, nem registro da doença no estado do Rio de Janeiro. Contudo, a pasta ressalta que o diagnóstico de mayaro pode ser confundido com o de chikungunya. É importante destacar que as informações concedidas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) tratam-se de ‘casos’ identificados em atividade de pesquisa, realizada no ano de 2015”.