Coronavírus: Itália ajuda pacientes a darem adeus às famílias
Campanha em hospital italiano leva tablets a pacientes para que eles possam conversar com familiares e dar o último adeus
atualizado
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Até o término da leitura deste texto é possível que o número de mortos na Itália – que ultraa 6 mil até a manhã desta terça-feira (24/03) – seja maior. A situação no país se torna cada vez mais difícil, por conta da pandemia de coronavírus, e os italianos têm sofrido ainda mais por não poder se despedir de seus parentes.
A crise de saúde pública segue em colapso, mesmo com quarentena obrigatória, fechamento total de comércios e um trabalho incessante dos profissionais de saúde. Muitas regiões sofrem sem especialistas, respiradores e materiais de proteção para evitar o contágio pela Covid-19.
Os idosos, maioria entre os mortos, têm pouquíssimas chances de sobreviver e sofrem por não conseguir ver nos minutos finais de suas vidas o rosto de um familiar.
Devastada pela situação a médica sca Cortellaro, do hospital San Carlo Borromeu, em Milão, conta que uma campanha está sendo feita entre os italianos para permitir o último adeus entre familiares e os pacientes terminais.
“Você sabe o que é mais dramático? Observar os pacientes morrendo sozinhos, escutá-los pedir que se despeça seus filhos e netos por eles”, disse ela ao jornal italiano Il Giornale.
Um grupo de militantes do partido democrático de Milão têm liderado a iniciativa, batizada com o nome de “O direito de dizer adeus”.
Com cerca de 20 tablets, eles fazem a conexão entre pacientes no Hospital San Carlo e suas famílias, por meio de videochamadas.
“A ideia de não ser capaz de dizer adeus me machuca mais do que a própria morte e existem outros locais com idosos, hospitais e asilos, onde não há mais a possibilidade de dizer adeus”, lamentou um dos líderes do projeto, o vereador do partido democrático Lorenzo Musotto. Ele pede que mais pessoas possam doar tablets para esses pacientes.