Xô, careta! Cara feia muda a percepção sobre a comida, diz estudo
Estudo de psicólogos ingleses indicou que observar expressões negativas de alguém comendo brócolis pode mudar nosso apreço pelo vegetal
atualizado
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Quem convive com crianças sabe que elas adoram imitar o comportamento das pessoas com quem elas convivem. A ciência já demonstrou, porém, que isso não desaparece com a idade: nossos comportamentos são alterados ao observar os outros e pode mudar até nosso gosto por comida.
A chamada modelagem social atinge o nosso apetite, alterando o quanto e o que comemos a partir da nossa interação com outras pessoas. Um estudo feito por psicólogos ingleses da Universidade de Aston foi publicado nesta quinta-feira (11/1) na Frontiers in Psychology e demonstrou isso na prática.
Quem tem medo de careta?
Os investigadores analisaram se as expressões faciais de outras pessoas enquanto comiam brócolis crus influenciavam o gosto e a vontade de mulheres de comer este mesmo vegetal.

“Embora não tenham sido observadas alterações na vontade que as mulheres tinham de comer após ver o vídeo, no apetite, elas manifestaram sentir um gosto pior no brócolis ao prová-lo após as caretas. Isso destaca o poder de observar a aversão à comida no comportamento alimentar dos adultos”, resume a psicóloga Katie Edwards, líder da pesquisa, em entrevista ao site da unviersidade.
Medindo o nojo
No estudo liderado por Edwards, pouco mais de 200 mulheres jovens assistiram a um vídeo contendo clipes de diferentes adultos desconhecidos consumindo brócolis cru. Enquanto comiam, os modelos exibiam expressões faciais positivas (sorridentes), neutras ou negativas (de nojo). Veja vídeo usado no estudo:
Como há interações de gênero envolvidas no resultado e as pessoas tendem a ser mais simpáticas com o sexo oposto, foram usados apenas homens como modelos e mulheres como pesquisadas.
Cara bonita tem o mesmo efeito?
A exposição a modelos que comiam brócolis com expressões faciais negativas resultou na redução do gosto, mas o inverso não se verificou. “Observar outras pessoas comendo vegetais crus com uma expressão facial positiva não aumentou o gosto ou o desejo de comer”, explicou a psicóloga.
Os psicólogos acreditam que a tendência a imitar reações de nojo venha do mecanismo de autoproteção social para evitar intoxicações. Já o pouco impacto do sorriso foi visto como uma falha do próprio método de pesquisa: sorrir não é a demonstração típica de gostar de um determinado alimento. “Essa não parece uma estratégia eficaz para aumentar o consumo de vegetais pelos adultos”, concluiu Edwards.
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