Anticorpos contra Covid persistem por 9 meses após infecção
Estudo do Imperial College de Londres mostra que os níveis de anticorpos permanecem altos nove meses após a infecção pelo coronavírus
atualizado
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Uma ampla pesquisa com moradores de um pequeno município italiano releva que 98,8% das pessoas infectadas em fevereiro e março de 2020 apresentaram níveis elevados e detectáveis de anticorpos contra o Sars-CoV-2 em novembro do mesmo ano.
Conduzida por cientistas da Universidade de Padua, na Itália, e do Imperial College de Londres, no Reino Unido, o estudo testou cerca de 3 mil moradores de Vo’ Euganeo, que fica em Pádua, entre fevereiro e novembro de 2020 para averiguar o desenvolvimento dos anticorpos contra o vírus.
O time de pesquisadores também descobriu que não havia diferença entre as pessoas que sofreram os sintomas da Covid-19 e aquelas que não apresentaram sintomas. Os resultados do estudo foram publicados nesta segunda-feira (19/7), na revista científica Nature Communications.
Para chegar a essas conclusões, os cientistas monitoraram os níveis de anticorpos usando diferentes testes de detecção dos anticorpos, os quais respondem a diferentes partes do vírus.
Testes de PCR
O conjunto de dados da equipe, que inclui os resultados das duas campanhas de testes de PCR para diagnóstico do vírus conduzidas em fevereiro e março de 2020, junto à pesquisa de anticorpos conduzida em maio e em novembro, permitiram que os pesquisadores identificassem o impacto de várias medidas de controle na disseminação do vírus.
“Nosso estudo mostra que os níveis de anticorpos variam, às vezes acentuadamente, dependendo do teste de detecção usado. Isso significa que é necessário cuidado ao comparar as estimativas dos níveis de infecção em uma população obtidas em diferentes partes do mundo com testes diferentes e em momentos diferentes”, observa o líder do estudo Ilaria Dorigatti, pesquisador do Imperial College.
Para o professor Enrico Lavezzo, coautor do estudo e pesquisador da Universidade de Pádua, é necessário continuar as pesquisas de observação dos anticorpos para compreender mais o desenvolvimento do coronavírus. “No acompanhamento que foi realizado cerca de nove meses após o surto, descobrimos que os anticorpos eram menos abundantes, então precisamos continuar monitorando a persistência dos anticorpos por períodos mais longos”, explica.
Os cientistas também investigaram o estado de infecção entre membros da mesma família para estimar a probabilidade de uma pessoa infectada transmitir o vírus dentro de casa.
Os resultados da pesquisa sugerem uma probabilidade de 1 em 4 de que uma pessoa infectada com coronavírus transmita-o para um membro da família. Esta descoberta confirma que uma pessoa infectada pode infectar outras na população, reforçando que fatores comportamentais são fundamentais para o controle da epidemia, dentre eles o distanciamento físico, limitação do número de contatos e uso de máscara, mesmo em populações altamente vacinadas.
“É óbvio que a epidemia não acabou, nem na Itália, nem em outro país. É de fundamental importância continuar istrando a primeira e a segunda doses da vacina, bem como fortalecer a vigilância, incluindo rastreamento de contato. Encorajar a cautela e limitar o risco de adquirir o Sars-CoV-2 continuará a ser essencial”, reiterou Dorigatti.