Subprefeito quer tirar centro para população de rua do Belém
Subprefeito da Mooca pediu que Prefietura mude endereço dos CAs da rua São Leopoldo. Padre Júlio vê preconceito
atualizado
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O subprefeito da Mooca, Marcus Vinicius Valério, pediu que a Prefeitura de São Paulo mude o endereço dos centros de acolhida para a população em situação de rua localizado na Rua São Leopoldo, no Belém, zona leste da capital paulista. O pedido foi feito após reclamações de moradores.
A ideia do subprefeito é retirar da rua São Leopoldo dois aparelhos de acolhimento que hoje ficam no local: o Centro Acolhida Mooca, no número 125, e o Centro Acolhida São Leopoldo, no número 137. Ambos os espaços oferecem local para pernoite e alimentação à população em situação de rua.
No ofício enviado à gestão municipal, o subprefeito propõe a realocação dos Centros de Acolhida para “áreas mais adequadas, priorizando zonas não residenciais”. Marcus Vinícius justifica que a capacidade dos centros é insuficiente para atender à crescente demanda de pessoas em situação de rua. Essa inadequação, segundo ele, resulta em uma “aglomeração de usuários nos arredores”, comprometendo o o imediato à área.
“Os referidos equipamentos, possuem dimensões reduzidas, que se contrapõem à alta demanda regional. Tal conjuntura acarreta aglomeração de usuários nos arredores, que, impossibilitados de o imediato, permanecem nas calçadas e vias públicas, inclusive no período noturno, comprometendo de modo significativo a mobilidade urbana, a limpeza e a segurança do entorno”, escreveu o subprefeito da Mooca, Marcus Vinicius Valério
O pedido atende à manifestação de parte dos moradores da região, Em janeiro deste ano, a organização Lions Clube de São Paulo enviou à subprefeitura da Mooca um abaixo assinado, pedindo que fosse vetada a construção de novos centros de acolhimento na região.
Além dos CAs da rua São Leopoldo, a área também abriga, entre outros aparelhos, o Arsenal da Esperança, voltado para homens em situação de rua, e o Centro de Acolhida Cidade Refúgio I, voltado para o acolhimento de pessoas refugiadas.
População em situação de rua em SP
- Um levantamento, divulgado em abril, com base os registros feitos no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico), mostra que a população em situação de rua em São Paulo ultraou os 96 mil em março deste ano.
- O levantamento aponta a capital paulista como a cidade com a maior concentração de população do país, ocupando o primeiro lugar de forma isolada.
- Ainda de acordo com o levantamento, o estado paulista lidera os casos de violência contra a população de rua no Brasil.
- No cenário geral, a faixa etária mais atingida é de pessoas entre 40 e 44 anos e quase metade dos casos aconteceu em vias públicas
- A Prefeitura de São Paulo critica o levantamento feito com base no CadÚnico e usa como base o censo da população em situação de rua, feito por profissionais municipais em 2021, que apontou 32 mil pessoas vivendo nessas condições
“Aporofobia paulistana”
Para o padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Povo de Rua, é uma manifestação do preconceito contra pessoas pobres.
Pelas redes sociais, o religioso criticou o pedido do subprefeito, classificando-o como “aporofobia paulistana” — termo que se refere ao comportamento preconceituoso ou de aversão a pessoas pobres.
A concentração de serviços de acolhimento à população de rua em uma mesma região é defendida por entidades de direitos humanos, pois facilita o o para essas pessoas, que frequentemente enfrentam dificuldades de locomoção.
Em nota, a prefeitura disse que “a atual gestão segue comprometida com as demandas da população em situação de vulnerabilidade e mantém um trabalho constante para otimizar o atendimento já disponibilizado na rede socioassistencial existente. O território da Subprefeitura Mooca possui um dos maiores serviços de acolhimentos da cidade e, portanto, está inserido em avaliações constantes da atual istração”.