SP: 99 tem 50 mil viagens de mototáxi em 48h. Prefeitura faz apreensão
Número de viagens pelo aplicativo 99Moto aumentou de 10 mil para 50 mil no segundo dia de funcionamento do transporte por mototáxi
atualizado
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São Paulo — Apesar de uma portaria da Prefeitura de São Paulo proibir o uso de motos para “transporte individual remunerado de ageiros por meio de aplicativos”, a empresa 99 segue com o serviço de caronas em motocicletas na capital paulista.
De acordo com dados divulgados pela empresa, em apenas dois dias, o número de viagens com o aplicativo 99Moto em São Paulo aumentou significativamente no segundo dia de funcionamento do transporte privado de ageiros em mototáxi e chegou a 50 mil corridas nas primeiras 48 horas de funcionamento.
Entenda
- As corridas aram de 10 mil nas primeiras 24 horas para 50 mil no acumulado das 48 horas iniciais do serviço.
- As viagens ocorrem de forma abrangente na capital paulista, mas somente em áreas fora do centro expandido de São Paulo, medida adotada pela 99 para implementar gradualmente a nova modalidade de transporte.
- Os bairros onde a 99 identificou maior volume de viagens nos primeiros dois dias de operação da 99Moto na capital paulista foram Guaianases (zona Leste), Capão Redondo (Sul), Jaguaré (Oeste) e Tucuruvi (Norte).
- As corridas tiveram em média 13 minutos e cerca de 6 quilômetros. Segundo a 99, apenas 0,0003% das corridas registraram acidentes de trânsito.
- A Prefeitura de São Paulo apreendeu pelo menos 9 motocicletas nesta quinta-feira (16/1) em uma fiscalização.
- Prefeito Ricardo Nunes afirma estar “preocupado” e chegou a acionar o consulado da China em São Paulo
- Já a 99 afirma que sua operação é legal e está respaldada pela legislação federal. A empresa diz ainda que irá apoiar os motociclistas parceiros e ageiros com os custos associados às apreensões.
“O transporte de ageiros em motos por aplicativos já é uma realidade no Brasil, pois amplia o o da população ao transporte, especialmente em bairros fora das regiões centrais, e é mais um meio de integração com o transporte público“, diz o diretor de Operações da 99 no Brasil, Fabrício Ribeiro.
Porém, o serviço vai contra decreto do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que, desde 2023, proíbe a operação de mototáxis na capital paulista. Nunes chegou a acionar o consulado da China em São Paulo sobre a decisão da empresa 99 de retomar o serviço de mototáxi por aplicativo na cidade, contrariando um decreto municipal que proíbe a modalidade.
Nunes disse que Secretaria Municipal de Relações Internacionais manifestou ao cônsul chinês a preocupação do município com o fato de uma empresa chinesa estar descumprindo leis na cidade e também uma decisão judicial.
“É algo que nos preocupa bastante, o comportamento de uma empresa da China descumprindo o ordenamento jurídico”, afirmou o prefeito durante cerimônia de posse do novo comandante geral da Guarda Civil Metropolitana, na zona leste.
Nesta quinta-feira (16/1), ao menos nove motocicletas foram apreendidas em uma fiscalização da istração municipal, a maior parte delas na zona leste. Em nota, a 99 afirma que sua operação é legal e está respaldada pela legislação federal. A empresa diz ainda que irá apoiar os motociclistas parceiros e ageiros com os custos associados às apreensões.
Briga judicial
As viagens acontecem em meio à briga da empresa com a Prefeitura de São Paulo, que questiona a legalidade da oferta do serviço. A Justiça negou, nessa terça-feira (14/1), uma liminar da empresa que tentava liberar a atuação do mototáxi.
- O juiz responsável pela decisão, Josué Vilela Pimentel, citou um decreto municipal de 2023 e um grupo de trabalho criado pela Prefeitura, que não recomenda a volta do serviço na capital paulista;
- A empresa afirmou que está respaldada pela lei federal e que continuará atuando enquanto recorre da decisão do TJSP;
- A istração municipal disse, em comunicado, que vai “intensificar a fiscalização para coibir o transporte de ageiros com motocicleta por aplicativo mediante pagamento da corrida”;
- Segundo a prefeitura, a prática é ilegal e será fiscalizada por meio do Departamento de Transportes Públicos (DTP), em parceria com a Polícia Militar.
Entenda a confusão
- Proibido desde janeiro de 2023 por um decreto do município, a modalidade de mototáxi por aplicativo virou tema de disputa judicial entre a prefeitura e a 99 após a empresa anunciar, nessa terça-feira (14/1), a retomada no serviço em bairros fora do centro expandido;
- “A 99 esclarece que a Prefeitura pode regulamentar a atividade com regras específicas para a localidade, mas não pode proibir uma categoria que é permitida por uma legislação federal. Esse entendimento é corroborado por 20 decisões judiciais em todo o Brasil”, afirmou a empresa em nota;
- O município alega que o serviço pode aumentar as mortes no trânsito da cidade;
- O prefeito Ricardo Nunes (MDB) chegou a chamar a empresa de “irresponsável” e “desgraçada”, afirmando que a volta dos mototáxis por aplicativo causaria uma “carnificina” na cidade;
- “A Prefeitura instituiu em 2023 um Grupo de Trabalho que analisou a possibilidade de utilização de motocicletas no transporte individual de ageiros, concluindo que a implantação desse modal seria um grande risco para a saúde pública“, afirmou a prefeitura, em nota;
- De acordo com a gestão municipal, foram ouvidos especialistas da CET, Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Corpo de Bombeiros, SPTrans, Abraciclo e representantes das empresas de aplicativos, incluindo a 99 e a Uber, entre outros, para elaboração do parecer;
- Por fim, o Tribunal de Justiça negou o pedido da 99 para acabar com a proibição do serviço;
- O juiz Josué Vilela Pimentel, da 8ª Vara da Fazenda Pública, decidiu que o decreto da prefeitura que proíbe o serviço permanece em em vigor.