“Só quem ama de verdade”, diz Tarcísio sobre lealdade a Bolsonaro
Em entrevista a podcast, governador Tarcísio de Freitas contextualizou declaração sobre urnas eletrônicas e reforçou apoio ao ex-presidente
atualizado
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São Paulo — Em entrevista ao podcast Inteligência Ltda., nesta segunda (24/3), o atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), reforçou apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Os dois foram convidados para participar do programa juntos para falarem sobre as denúncias da PGR contra Bolsonaro e o futuro deles para 2026.
Questionado se a fala recente sobre a confiança que tem nas urnas eletrônicas causou rusgas na relação com o ex-presidente, Tarcísio afirmou que “só quem ama de verdade” pode falar o que pensa a um aliado.
“As pessoas que gostam de verdade, que amam de verdade, que se preocupam de verdade, que não são os oportunistas, falam aquilo o que a pessoa não quer ouvir. Eu falo com o presidente assim. A gente quer o melhor e eu sei o propósito dele. Quando me perguntaram se eu seria testemunha de defesa dele, eu disse que sim. Óbvio que sim.”
Na última quinta (20/3), o governador de SP elogiou o sistema eleitoral brasileiro e agradeceu à Justiça Eleitoral pela rapidez com que os dados são contabilizados durante as eleições, dizendo que o Brasil é “referência” para os outros países. A declaração teria irritado aliados do ex-presidente, que questionam o resultado das eleições de 2022 – no pleito, Bolsonaro saiu derrotado para o presidente Lula (PT).
Ao justificar a declaração nesta segunda, Tarcísio afirmou que se referiu somente à Justiça Eleitoral, que tem apresentado “resultados interessantes”, disse o governador.
Em resposta, o ex-presidente afirmou que tem “confiança total” no governador de SP. “Tenho uma tranquilidade absoluta de defender o Bolsonaro”, reagiu Tarcísio.
Eleições 2026
O governador afirmou que os dois vão, juntos, pensar em 2026. “Não é justo tirar o Bolsonaro da disputa”, disse.
Segundo ele, não há dúvidas de que Bolsonaro conquiste o próximo pleito, levando votos até mesmo de eleitores de Lula, que estariam “desencantados”.
“Não tem agem de bastão nenhuma”, disse Tarcísio afastando a hipótese de ser candidato à presidência em 2026. “Eu vou ser candidato à reeleição em São Paulo.”
Tarcísio esteve em manifestação pró-Bolsonaro no Rio
Em 16 de março, o governador de SP esteve no Rio de Janeiro para a manifestação pró-Bolsonaro que ocorreu em Copacabana. Tarcísio ficou no mesmo hotel que o ex-presidente e usou um helicóptero da Polícia Militar (PM) para realizar a viagem.
Na manifestação, Tarcísio questionou: “Qual a razão de afastar Jair Bolsonaro das urnas?”. “É medo de perder a eleição, e eles sabem que vão perder?.”
“Num país onde todo dia vemos traficante na rua, onde os caras que assaltaram a Petrobras voltaram à cena política. Está certo isso?”, declarou o governador, emendando: “Parece haver Justiça nisso?”.
STF decidirá se Bolsonaro é réu
A entrevista ao Inteligência Ltda. ocorre na véspera do julgamento do STF que decide se Bolsonaro será réu no processo que investiga uma tentativa de golpe de Estado.
Até a próxima quarta-feira (26/3), os ministros da Primeira Turma da Corte se debruçarão sobre a denúncia apresentada pela PGR em um julgamento que pode tornar Bolsonaro e mais sete aliados réus por uma suposta trama golpista para anular as eleições de 2022.
Os crimes imputados ao ex-presidente e aos outros denunciados são:
- organização criminosa armada;
- tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
golpe de Estado; - dano contra o patrimônio da União; e
- deterioração de patrimônio tombado.
Após ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, liberar o processo e solicitar sua inclusão em pauta para julgamento presencial, o ministro Cristiano Zanin designou três sessões para a apreciação da denúncia contra o chamado Núcleo 1 de acusados. Duas nesta terça, às 9h30 e às 14h, e a terceira nesta quarta, às 9h30.
O chamado Núcleo 1 do processo sobre a trama golpista inclui:
- Jair Bolsonaro, ex-presidente;
- Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
- Almir Garnier Santos; ex-comandante da Marinha do Brasil;
- Anderson Torres; ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal;
- General Augusto Heleno; ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência;
- Mauro Cid; ex-chefe da Ajudância de Ordens da Presidência;
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e
- Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil.
Na Primeira Turma, os ministros Cristiano Zanin, Cármen Lúcia, Luiz Fux, Alexandre de Moraes e Flávio Dino vão analisar se aceitam ou não as acusações contra o Núcleo 1, é considerado como “central” da possível organização criminosa.