Perdeu a vida por R$ 10: quem era jovem morta em acidente com mototáxi
Após acidente que vitimou Larissa Barros Maximo Torres, serviço de mototáxi em São Paulo foi suspenso sob pena de multa diária de R$ 30 mil
atualizado
Compartilhar notícia

Larissa Barros Maximo Torres, de 22 anos, que morreu em um acidente com mototáxi no qual o veículo foi atingido pela porta de um carro, que foi aberta pelo ageiro bem na hora em que a motocicleta estava ando, na Avenida Tiradentes, região central de São Paulo, na noite de sábado (24/5), completaria 23 anos no dia 17 de julho.
Uma prima da vítima contou ao Metrópoles que Larissa estava saindo de uma premiação da empresa em que trabalhava e, ao sair, solicitou a corrida de moto na 99.
“Larissa perdeu a vida de forma brutal e injusta. Por uma diferença de apenas R$ 10. Ela fez uma escolha que jamais imaginaria ter um fim tão trágico”, lamentou a prima.
A família, devastada, avalia que a jovem teve a vida interrompida por negligência, imprudência e falta de humanidade. “Ela era uma mulher trabalhadora, inspiradora e cheia de sonhos que, infelizmente, foram destruídos por uma coisa inaceitável”, disse a prima da vítima.
Os parentes de Larissa querem justiça pelo ocorrido. “Queremos que os responsáveis sejam punidos. Que nenhuma outra família precise ar por essa dor. Que os aplicativos de transporte sejam mais responsáveis com a segurança de seus usuários”, disse a prima ao Metrópoles.
Larissa era madrinha dos irmãos da prima, que estão sofrendo muito com a perda da jovem. “Ela era uma pessoa alegre, não tenho uma lembrança dela triste ou com raiva de algo, nunca deixou ninguém da família desamparado, sempre esteve ali por todos nós.”
Acidente com mototáxi
Larissa e o condutor da moto foram arremessados da garupa. Após cair no chão, a jovem ainda foi atropelada por outro veículo.
O jovem que abriu a porta alega que não se recorda com detalhes do que ocorreu, pois estaria embriagado. O motorista do carro em que ele estava, também de aplicativo, disse que levava dois ageiros, que começaram a brigar no carro e um deles ameaçou sair do veículo, abrindo a porta e atingindo a moto em que Larissa estava.
O que se sabe:
- No sábado (24/5), Larissa Barros Maximo Torres estava saindo de uma premiação da empresa em que trabalhava e, ao sair, solicitou uma corrida de moto na 99.
- Por volta das 23h30, na Avenida Tiradentes, a moto parou, no semáforo vermelho, ao lado de um carro. Um dos ageiros do automóvel abriu a porta do veículo e atingiu a moto.
- A jovem e o condutor foram arremessados para a frente do carro. Larissa foi atropelada por outro veículo. O condutor da moto foi encaminhado para o hospital.
A Secretaria da Segurança Pública informou que o caso foi registrado como homicídio culposo na direção de veículo automotor no 2º DP (Bom Retiro).
Procurada pelo Metrópoles, a 99 informou, por meio de nota, que recebeu a notícia do acidente com pesar. “A empresa se solidariza com os familiares e esclarece que está acompanhando de perto o caso e já está oferecendo e integral aos envolvidos – como cobertura pelo seguro, apoio psicológico e auxílio funeral”, dizia o texto.
A 99 também afirmou que está à disposição das autoridades para contribuir com as investigações.
Moto por app é barrada pela Justiça
Nessa segunda-feira (26/5), após a repercussão sobre o acidente de Larissa, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) determinou, novamente, a suspensão imediata do serviço de mototáxi remunerado em São Paulo, sob pena de multa diária de R$ 30 mil em caso de desobediência. A informação foi confirmada pela Prefeitura de São Paulo.
A decisão foi assinada pelo desembargador Eduardo Gouvêa, da 7ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo.
Em 16 de maio, os os serviços de mototáxi na cidade de São Paulo já haviam sido suspensos pelo mesmo desembargador, mas as duas empresas que oferecem o transporte por moto remunerado (99 e Uber) continuaram operando. À época, o magistrado também deu o prazo de 90 dias para que o serviço fosse regulamentado pela Prefeitura.
Novela entre Prefeitura e apps
- A disputa pela liberação das corridas por mototáxi em São Paulo se tornou uma verdadeira novela entre a Prefeitura da cidade e as empresas que fornecem o serviço.
- O Decreto Municipal nº 62.144/2023 suspendeu o serviço de transporte remunerado privado individual de ageiros por motocicletas na capital paulista.
- Apesar disso, as plataformas ofertaram corridas nesta modalidade. À Justiça, a Prefeitura de São Paulo argumentou que as plataformas iniciaram a oferta do serviço, de forma clandestina, em janeiro deste ano. Desde então, uma batalha judicial se iniciou.
- Em primeiro grau, a Justiça paulista declarou que o decreto municipal que suspendia o serviço é inconstitucional, sob a fundamentação de que a lei suspendeu uma modalidade regulamentada por legislação federal.
- A Prefeitura recorreu, com objetivo de manter a regularidade do decreto. O município alegou que a lei federal não regulamenta o serviço por motocicletas, mas apenas por automóveis.
- O prefeito Ricardo Nunes (MDB) alega continuamente que as corridas de mototáxi apresentam um risco à população paulistana.
- Em entrevista coletiva em março deste ano, Nunes chegou a afirmar que o serviço é uma “carnificina”.
- À Justiça, a 99 argumentou que não há dano na manutenção do serviço, mas na suspensão.
- Enquanto a modalidade esteve livre para utilização, a plataforma afirmou que, em 14 dias de operação na capital paulista, a 99Moto fez mais de 500 mil viagens, sem nenhuma morte ou registro de acidente grave, e distribuiu mais de R$ 3 milhões ganhos para os mais de 13 mil motociclistas parceiros da empresa.
- O serviço voltou a ser liberado enquanto a constitucionalidade do decreto é debatida na Justiça, mas foi suspenso mais uma vez com a decisão de 16 de maio.
- “Diante da complexidade do caso e das possíveis consequências ao trânsito, por cautela, concedo a atribuição de efeito suspensivo ao recurso de apelação interposto”, afirmou o relator do caso.
As empresas foram notificadas, mas têm um período para dar retorno de confirmação de leitura da intimação. O TJSP explicou que as empresas estão cientes da determinação judicial, mas que há uma questão técnica que determina que a empresa tenha um prazo para responder ao Juízo se ficou ciente ou não do que foi estabelecido.
A 99 confirmou, em 21 de maio, que recebeu a notificação e está utilizando o prazo oferecido para analisar a decisão e pedir esclarecimentos ao desembargador que proferiu a decisão.
Em nota, a empresa esclareceu que, no momento do acidente, não estava descumprindo qualquer ordem judicial e que o serviço da 99Moto estava operando legalmente na cidade de São Paulo.