Prefeitura e Enel batem cabeça e árvore segue em cruzamento há 72h
Árvore caiu entre as ruas João Luís Vives e Professora Carolina Ribeiro, na Chácara Klabin, e levou consigo a fiação e um poste
atualizado
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São Paulo — Uma árvore que desabou durante a tempestade da última sexta-feira (3/11) ainda interditava o tráfego e tirava o sossego dos moradores de uma rua na Vila Mariana, na zona sul de São Paulo, na tarde desta segunda (6/11). Prefeitura e Enel já foram até o local, mas em dias e horários diferentes, empurrando a solução do problema uma para outra.
A árvore caiu no cruzamento entre as ruas João Luís Vives e Professora Carolina Ribeiro, na Chácara Klabin, e levou consigo a fiação e um poste. Isso aconteceu por volta das 16h30 de sexta, em meio à tempestade com ventos de até 103,7 km/h.
A Enel apareceu no fim da manhã de sábado (4/11) e funcionários da concessionária disseram que não poderiam restabelecer a energia enquanto a árvore não fosse removida.
Já o subprefeito da Vila Mariana, Luís Felipe Miyabara, apareceu na tarde de domingo (5/11) e até gravou stories no Instagram dizendo que não poderia mexer na parte mais crítica, porque seria um ponto ainda energizado.
“Dá uma olhada no poste aqui. Aqui, a gente aguarda a Enel para desligamento. O que está fora da rede estamos conseguindo fazer o corte para o recolhimento, mas essa parte aqui, mais urgente, a gente aguarda o desligamento. Olha o tamanho da árvore, pessoal”, postou para os seus mais de 9.000 seguidores.
Enquanto Enel e prefeitura batem cabeça, moradores seguem sem energia elétrica há mais de 72 horas.
O engenheiro mecânico Roberto Olmos, 60 anos, perdeu alimentos na geladeira, a possibilidade de trabalhar em casa, porque o computador descarregou a bateria, e também o sossego. “É uma falta de comando e de não saber gerenciar uma situação dessas”, afirma. “A prefeitura tem um efetivo de mão-de-obra em várias frentes e qualquer gestor mobiliza para resolver o assunto”, diz.
Olmos afirma que a prefeitura poderia suspender outros serviços e focar naquilo que é emergencial. “Põe um serrote, uma máquina elétrica e corta essas árvores. A gente faz um mutirão e vai ajudar, pronto. Mas não é feito nada e esse é o problema. É sair fora da caixinha e tomar uma decisão”, afirma.
A professora aposentada Marilu Garcia Pinto, 75 anos, também é afetada pelo problema. “Meu marido tem Alzheimer e não tem nem energia para ele tomar um banho decente. Está terrível. A prefeitura joga para a Enel e a Enel diz que a prefeitura tem que tirar os galhos. Parece que eles não têm direção nenhuma”, afirma.
Segundo Marilu, a árvore já estava condenada havia bastante tempo e a prefeitura se omitiu em relação a isso. “Essa árvore já estava havia mais de três anos com reclamação, foto e tudo para eles virem fazer alguma coisa. Já estava com galhos caindo. É falta de consideração com os munícipes, não é possível”.
A empresária aposentada Amyris Zendron Vargas, 65 anos, mora em um prédio na Professora Carolina Ribeiro e vê as consequências da falta de energia atingirem também o abastecimento de água do condomínio.
A bomba que leva a água da rua até a caixa d’água funciona com energia elétrica. Sem ela, a caixa já esvaziou e moradores estão com as torneiras secas nos apartamentos.
“Pagamos um absurdo de IPTU aqui, que é considerada zona de luxo. Aqui é exorbitante, para ter esse descaso de Enel, de prefeitura, do que for. Liga e um empurra para o outro. Ninguém faz nada. Hoje é o quarto dia. Estamos à deriva, sem condições”, afirma.
O que dizem os responsáveis
A Enel foi procurada na tarde desta segunda-feira, e diz que avalia uma resposta para o caso específico. De forma geral, concessionária afirma que restabeleceu a energia para 83% dos clientes que tiveram o fornecimento impactado após o vendaval da última sexta-feira. “Até o momento, cerca de 1,7 milhão de clientes tiveram o serviço normalizado, de um total de 2,1 milhões afetados na última sexta-feira”, diz, em nota.
A Subprefeitura da Vila Mariana diz que foi acionada para a queda de árvore na sexta e que, no mesmo dia, a solicitação foi encaminhada para a Enel. “Até o momento, não houve ação por parte da concessionária para desligamento da rede de energia. Dessa maneira, existe a possibilidade do exemplar arbóreo estar energizado”, diz, em nota.
A subprefeitura afirma que, no momento, 3.690 solicitações recebidas para poda ou remoção de árvores na cidade de São Paulo foram encaminhadas e aguardam atendimento da Enel.
“Na publicação mencionada, o subprefeito mostrou a retirada de uma parte da árvore que não estava em contato com a rede elétrica, podendo assim ser retirada sem risco as equipes”, diz, em nota.
A prefeitura afirma que montou uma força-tarefa que resultou na remoção de 172 árvores que caíram e de 367 galhos. “Outras 125 árvores ainda esperam a ação da Enel, que precisa desligar a rede elétrica para que seja feita a remoção”, diz.
A istração municipal, sob a gestão de Ricardo Nunes (MDB), diz que o número de profissionais atuando na área de corte e poda de árvores ou de 300 para 1.470. “Além disso, há 1.470 agentes das Subprefeituras, 40 equipes de iluminação pública e 24 de reparos em semáforos nas ruas. A Defesa Civil está com todo o efetivo nas ruas. Cerca de 160 agentes da Defesa Civil estão se revezando 24h por dia em todas as regiões da cidade, com pelo menos 35 viaturas distribuídas pelas quatro regiões da cidade”, diz.