“Prefeito tiktoker” ironiza ação da PF em sua casa: “Acharam Nutella”
Buscas na casa de “prefeito tiktoker” fazem parte de operação da Polícia Federal contra esquema de desvio de recursos públicos em Sorocaba
atualizado

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São Paulo — O prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), conhecido como “prefeito tiktoker”, ironizou os mandados de busca e apreensão que foram cumpridos em sua casa na manhã desta quinta-feira (10/4) pela Polícia Federal. Em um vídeo publicado no TikTok algumas horas depois da ação dos policiais (veja abaixo), ele disse que as denúncias foram feitas após ele lançar sua pré-candidatura à Presidência da República.
“Foi eu lançar minha pré-candidatura à Presidente da República, pontuar em terceiro lugar nas pesquisas internas, em segundo lugar para o governo do estado, que mandaram a Polícia Federal aqui em casa por causa da ‘denúncia da denúncia da denúncia’ e acharam algumas coisas aqui em casa: bolo de cenoura, Nutella e o Pokémon que o meu filho tanto ama”, falou.
Veja o vídeo:
Manga e o ex-secretário municipal de Saúde, Vinicius Rodrigues, são investigados na Operação Copia e Cola, cujo objetivo é desarticular uma organização criminosa voltada ao desvio de recursos públicos destinados à saúde.
Ainda na postagem da manhã desta quinta, o prefeito disse que vai intensificar sua candidatura e que não tem medo do Presidente Lula (PT) ou das autoridades que “estão incomodadas com a sua ascensão”.
Operação na casa de “prefeito tiktoker”
De acordo com a PF, a investigação da Operação Copia e Cola teve início no ano de 2022, após suspeitas de fraudes na contratação de uma Organização Social para istrar, operacionalizar e executar ações e serviços de saúde no município de Sorocaba.
Foram identificados atos de lavagem de dinheiro, por meio de depósitos em espécie, pagamento de boletos e negociações imobiliárias.
Veja a PF em ação nesta quinta:
Também foi determinado o sequestro de bens e valores no total de até R$ 20 milhões e a proibição da Organização Social (OS) investigada de contratar com o poder público.
Ao todo, a operação da PF compriu 28 mandatos de busca e apreensão em Sorocaba, Araçoiaba da Serra, Votorantim, Itu, São Bernardo do Campo, São Paulo, Santo André, São Caetano do Sul, Santos, Socorro, Santa Cruz do Rio Pardo e Osasco, todas no estado de São Paulo, além de um mandado de busca e apreensão na cidade de Vitória da Conquista, na Bahia.
Em nota, o prefeito Rodrigo Manga informou que “está havendo plena colaboração com as autoridades” envolvidas na operação desta quinta-feira, “para que todos os fatos sejam devidamente esclarecidos, o mais brevemente possível”.
“Vale destacar que a operação acontece em um momento de grande projeção da cidade e do nome do prefeito Rodrigo Manga no cenário nacional”, diz a nota. “Não é a primeira vez na história que vemos ‘forças ocultas’ se levantarem contra representantes que se projetam como uma alternativa ao sistema e dão voz ao povo.”
Em outra nota, a defesa de Manga afirma que não há elementos que relacionem o prefeito a atos ilícitos e diz que a PF “tenta proceder a ilegal ‘pesca probatória’ para investigar a pessoa, o que é vedado por nossa legislação. A defesa vê tal ato com enorme preocupação, justamente porque não se pode permitir que se faça uso político de nossa força policial, induzindo o Poder Judiciário em erro”.
Desvios na Secretaria de Saúde
A Secretaria de Saúde de Sorocaba já havia sido alvo da Operação Parajás, no ano ado, quando a Polícia Federal cumpriu 19 mandados de busca e apreensão na secretaria para apurar um suposto esquema de desvio de recursos públicos ocorridos entre 2020 e 2023.
As investigações não focavam diretamente no prefeito, mas envolviam contratos firmados antes e durante a gestão de Manga, em especial pelo seu antigo secretário de Saúde Cláudio Pompeo. A suspeita é que esses contratos teriam sido direcionados a duas empresas e uma entidade assistencial, supostamente controladas por um ex-servidor público municipal.