“Pista curta demais para o avião”, diz polícia sobre queda em Ubatuba
Delegada da Polícia Civil afirma, após ler relatório parcial do Cenipa, que pista de pouso do aeroporto não comportava avião que explodiu
atualizado
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São Paulo — A delegada da Polícia Civil de Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, responsável pela investigação sobre a explosão do avião que caiu na praia do Cruzeiro, afirmou nesta sexta-feira (17/1) que a pista era curta demais para aquele modelo de aeronave (Cessna Citation 525). A avaliação foi embasada em um relatório preliminar do Centro de Prevenção e Investigação de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), divulgado pelo órgão da FAB.
No documento, o Cenipa descreve que “durante o pouso, a aeronave excedeu o limite longitudinal da pista e colidiu com o alambrado que limitava o sítio aeroportuário, tendo sua parada final fora da área do aeródromo”. No entanto, os investigadores reforçam o reporte tem por finalidade apresentar o status atual do tratamento da notificação, mas que o teor ainda pode ser alterado e “não vincula obrigatoriamente as conclusões que serão publicadas no relatório final de investigação”.
A delegada Ana Carolina Pereira de Oliveira, titular da Polícia Civil em Ubatuba, ainda não foi informada oficialmente sobre o conteúdo da análise dos investigadores aeronáuticos. Ela avalia que a “pista era curta demais para o [modelo] de avião [envolvido no acidente]”. “Eu acredito que ele [o piloto] escolheu o sentido da cabeceira [do aeroporto] mais curto. Ele escolheu o sentido praia e não o sentido interior”, completou.
Uma hipótese aventada pelos peritos é que o piloto tenha feito uma escolha errada ao planejar o pouso da aeronave e tal decisão contribuiu para o acidente. “Isso procede”, complementou a delegada.
As quatro pessoas que sobreviveram ao acidente, todas da família Fries — o casal Mireylle Fries, de 41 anos, Bruno Almeida Souza, de 45 anos, o filho, de 6, e a filha, 4 –, permanecem hospitalizadas. Por isso, ainda não foi possível colher os depoimentos no inquérito policial. Os depoimentos das demais testemunhas também já foram agendados, mas ninguém foi ouvido até o momento. O piloto Paulo Seghetto, de 55 anos, que morreu no acidente.
A delegada Ana Carolina Pereira de Oliveira acredita que o inquérito não deverá ser finalizado no prazo previsto — de 30 dias. Por isso, ela deverá solicitar a prorrogação do prazo por um período de mais 30 dias. O Ministério Público de São Paulo (MPSP) e a Polícia Federal (PF) também participam das investigações do acidente aéreo.
A a aeronave decolou do Aeródromo Mineiros (GO), com destino ao Aeródromo Estadual Gastão Madeira, em Ubatuba (SP), por volta das 11h20), a fim de realizar um voo privado, com um tripulante e quatro ageiros a bordo.
Relembre o caso
- O avião de pequeno porte ultraou a pista de pouso e explodiu na manhã de 9 de janeiro em uma praia de Ubatuba (SP), no litoral norte paulista;
- A aeronave saiu da pista do aeroporto e seguiu em direção ao mar.
- Banhistas e pessoas que estavam próximas à orla da praia do Cruzeiro, próximo ao aeroporto da cidade, ajudaram no socorro aos ocupantes da aeronave;
- Um homem que ajudou a resgatar as vítimas afirmou que a retirada das crianças da aeronave só foi possível por causa da “força” da empresária Mireylle Fries;
- Ela conseguiu avisar a ele, entre desmaios, que seus dois filhos e seu esposo estavam dentro do avião;
- Três pessoas que estavam no solo foram atingidas. Segundo a Prefeitura de Ubatuba, uma mulher de 59 anos ava pelo local no momento do acidente, torceu o pé e machucou o joelho;
- Nas redes sociais, internautas compartilham imagens do acidente. Pelos registros, é possível ver a aeronave destruída em meio a muita fumaça;
- Cinco pessoas estavam a bordo da aeronave, um Cessna, modelo Citation 525, de matrícula PR-GFS: a empresária Mireylle Fries, de 41 anos; o seu marido, Bruno Almeida Souza, de 45; os filhos do casal, de 6 e 4 anos; e o piloto Paulo Seghetto, de 55 anos;
- Seghetto ficou preso nas ferragens do avião após a explosão e foi a única das vítimas que não sobreviveu aos ferimentos;
- A Santa Casa de Ubatuba, unidade hospitalar para onde as vítimas do avião que explodiu na Praia do Cruzeiro foram socorridas, publicou um boletim sobre o estado de saúde dos ocupantes;
- Mireylle Fries foi, inicialmente, socorrida na Santa Casa de Ubatuba, onde ou por cirurgia nessa quinta, mas foi transferida para o Hospital Regional do Litoral Norte, em Caraguatatuba;
- Toda a família foi levada para o mesmo hospital, de Caraguatatuba, e, posteriormente, os quatro (casal e dois filhos) foram transferidos para o Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista;
- O casal e as crianças são familiares do produtor rural Nelvo Fries, de acordo com informações de integrantes da empresa dele, a Agrícola Fries.
- O corpo do piloto Paulo Seghetto, de 55 anos, foi enterrado no dia seguinte na cidade de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo;
- O piloto consultou a torre do aeroporto da cidade litorânea no dia anterior e pediu informações sobre as condições do clima na região, conforme informou a Polícia Civil, que instaurou inquérito para investigar o acidente;
- O Ministério Público de São Paulo (MPSP) afirma que vai investigar as circunstância que levaram à queda do avião;
- O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) e Polícia Federal também participam das investigações.