Juiz condena adversário que imitou macaco para torcida do Corinthians
Preparador físico do Universitário, do Peru, foi condenado por racismo na Justiça de SP por imitar macaco em partida contra o Corinthians
atualizado
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São Paulo — A Justiça paulista condenou por racismo o preparador físico Sebastian Avellino Vargas, do Universitario, do Peru, que imitou um macaco durante a partida contra o Corinthians, na Neo Química Arena, em São Paulo, realizada em julho. A defesa recorreu da decisão.
Na sentença, obtida pelo Metrópoles, o juiz Antonio Maria Patiño Zorz, do Foro Criminal da Barra Funda, determina que Vargas pague dois salários mínimos (R$ 2,8 mil) para entidade que atue em projetos sociais, além de multa. As medidas foram estabelecidas em substituição à pena de dois anos de prisão, em regime aberto, inicialmente aplicada pelo magistrado.
O preparador físico do Universitário também havia sido acusado pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) por promover tumulto e incitar violência na disputa contra o Corinthians. Essas acusações, no entanto, foram rejeitadas pelo membro do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).
“Como será que se sentiu algum preto ou pardo quando viu o réu praticar os gestuais? Como explicar para uma criança preta ou parda o significado daqueles gestos? A imagem perdurou e ultraou as fronteiras do campo. Não se tratava de gesto para ‘um grupo de torcedores’, mas sim gesto de desprezo contra o ser humano”, escreveu o juiz, na decisão, que foi proferida em 1º de dezembro.
Condenação
O preparador físico chegou a ser preso em flagrante logo após a partida, válida pela Copa Sul-Americana, mas recebeu o direito de responder o processo em liberdade. Ao todo, nove testemunhas foram ouvidas em juízo, incluindo policiais militares e torcedores do Corinthians que estavam presentes no jogo.
Já atletas e integrantes da equipe peruana prestaram depoimento em defesa do preparador físico. No Tribunal, eles alegaram que foram hostilizados pela torcida com xingamentos como “hijo de puta”, “peruano índio” e “peruano burro”.
Em interrogatório, Vargas negou ter cometido racismo, disse que já trabalhou em diversos países e alegou ter feito os gestos para revidar os ataques dos corintianos. Segundo o condenado, ele “nunca teve ato racista” mesmo quando atuava nos Emirados Árabes, onde “80% dos jogadores seriam negros”.
“Os gestos que proferiu foi em direção a pessoas brancas, pois eram as pessoas que estavam ofendendo o interrogando, e que nunca ou pela sua cabeça ofender pessoas negras”, registra o interrogatório.
Por causa do episódio, Vargas também foi punido com 10 jogos de suspensão pela Conmebol.