Chefe do Deic diz que “não teve conversa” com homem que pedia propina
Fabio Caipira diz que encontrou advogado uma única vez. Diretor do Deic, citado em delação de Vinícius Gritzbach, será afastado do cargo
atualizado
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São Paulo — O diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Fabio Pinheiro Lopes, conhecido como Fabio Caipira, afirma que o advogado que cobrava propina de Vinícius Gritzbach esteve com ele em única oportunidade, em abril de 2022. Segundo Caipira, no entanto, “não teve conversa”.
Caipira será afastado do cargo após voltar de férias em janeiro. Ele teria sido citado na delação de Vinícius Gritzbach sobre extorsões realizadas por policiais civis para interferir no inquérito sobre a morte do líder do Primeiro Comando da Capital (PCC) Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta, em dezembro de 2021.
O advogado Ramsés Benjamin Samuel Costa Gonçalves teria procurado o diretor do Deic por meio do deputado estadual Delegado Olim (Progressistas), que teria entrado em contato com Caipira em 28 de abril.
No dia seguinte, Ramsés recebido pelo diretor do Deic e pelo delegado que presidia o inquérito sobre lavagem de dinheiro, Rafael Cocito.
“Eu atendi ele no Deic no dia 29. Chegou na minha sala e falou assim: ‘Quero falar com o senhor a respeito do Vinícius’. Eu chamei o delegado do caso e falei isso para ele. Ele perguntou: ‘Você tem procuração?’. Ele disse que não. Então o delegado pôs ele para andar”, afirma Caipira ao Metrópoles.
“Ele só voltou em junho advogando para o Douglas Relva, primo do Vinícius. Tudo o que ele fala foi feito ao contrário”, acrescenta.
Em delação premiada ao Ministério Público do estado (MPSP), Vinícius Gritzbach disse que o advogado Ramsés Benjamin teria se apresentado como uma pessoa com interlocução com o chefe do Deic e dito que, se ele efetuasse o pagamento de R$ 5 milhões em propina, seu aporte seria devolvido.
O delator teria transferido o valor por meio de dois apartamentos e mais R$ 300 mil em transferências.
Para convencer Gritzbach de sua relação com Caipira, o advogado teria enviado uma foto em frente ao Deic dizendo que teria ido até o local para entregar a propina.
“Mentiu ou foi enganado”
Fabio Caipira afirma que Vinícius Gritzbach mentiu em sua delação premiada ou foi enganado pelo advogado Ramsés Benjamin.
“O empresário faltou com a verdade para obter vantagens em seu acordo de delação premiada, ou foi enganado pelo mencionado advogado. De acordo com o policial, os imóveis que o delator diz ter sido usado para pagar a suposta propina estão em nome do próprio advogado Ramses e da filha dele, e que na investigação feita pelo Deic, Antônio Vinícius nao teve nenhuma vantagem: ele foi indiciado, teve a prisão pedida e bens bloqueados e continuou com o aporte apreendido”, afirma Caipira.