Família busca por conta própria jovem desaparecido há 17 dias na chuva
Erick Silva, de 24 anos, está desaparecido desde a noite de quinta (6/2), quando seu carro foi arrastado por uma enxurrada na zona sul de SP
atualizado
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São Paulo — Familiares e amigos de Erick Silva, jovem de 24 anos desaparecido desde a noite de 6 de fevereiro após ter seu carro levado por uma enxurrada no Capão Redondo, na zona sul de São Paulo, estão fazendo buscas por ele por conta própria neste domingo (23/2).
O Corpo de Bombeiros suspendeu temporariamente as buscas por Erick na última terça-feira (18/2), “após esgotamento das possibilidades viáveis de localização”, segundo a corporação.
A irmã dele, Ayla Silva, anunciou nas redes sociais que a família e os amigos se reuniram no córrego onde o carro dele foi encontrado para fazer as buscas “eles mesmos”.
As pessoas se dividiram em quatro equipes: uma em área de mata, uma nas proximidades da ciclovia do Rio Pinheiros, outra equipada com drones em uma usina e a quarta e última para distribuir panfletos no córrego.
“Já que a gente não consegue pelos órgãos públicos, então vai ter que ser do nosso jeito e com as nossas mãos”, disse a irmã nas redes sociais.
Ao anunciar a suspensão das buscas, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que, “após oito dias de operação minuciosa, em que as equipes buscaram em pontos estratégicos ao longo de todo o córrego, proximidades do local da ocorrência e também no Rio Pinheiros, o efetivo inicia a fase de monitoramento, incluindo o da região”.
“Em caso de novas informações sobre o paradeiro da vítima, as operações serão imediatamente retomadas”, diz a nota da pasta.
O caso foi registrado no 47º Distrito Policial, no Capão Redondo, como desaparecimento de pessoa e encaminhado ao Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que segue com as diligências necessárias para o completo esclarecimento dos fatos.
O que se sabe até agora
- Após as fortes chuvas que atingiram a capital em 6 de fevereiro, os bombeiros foram informados pelo primo da vítima de que ele havia sido levado pela inundação e estava desaparecido.
- As equipes foram até o local, na Rua Marmeleira da Índia, e apenas encontraram o veículo, parado no meio do Córrego da Cohab Adventista.
- As buscas foram feitas na região da Ponte Solidariedade até o início da madrugada do dia 7/2..
- Na manhã dos dias 8 e 9/2, duas equipes estavam empenhadas realizando as buscas, com início pela Av. Integrada, no Capão Redondo, informou o Corpo de Bombeiros.
- A família chegou a cogitar que Erick poderia estar no piscinão do Capão Redondo, obra municipal em andamento desde 2022. Em nota, a Prefeitura de São Paulo afirmou que estava “à disposição das autoridades policiais que seguem na busca do munícipe”.
- “As equipes da empresa responsável pela construção do piscinão no Capão Redondo, contratada pela SPObras, estavam já com bombas provisórias no local para esvaziar e, assim, dar andamento à obra”, informou a nota, dizendo que essas bombas auxiliariam na busca por Erick.
- No dia 10/2, equipes do Corpo de Bombeiros se dividiram em três frentes de trabalho para procurar o motorista. Duas delas fizeram buscas na Marginal do Rio Pinheiros, a partir da ponte João Dias, e a outra concentrou os trabalhos na região do piscinão e do Parque Santo Dias.
- O piscinão foi esvaziado e Erick não foi encontrado.
- No dia 11/2, três equipes retomaram as buscas na área do Rio Pinheiros e região para uma maior abrangência das buscas.
- Na sexta-feira (14/2), uma equipe retomou as buscas pela manhã, em princípio na área do Rio Pinheiros. Esta foi a última atualização do Corpo de Bombeiros sobre o caso.
Um vídeo registrou o momento em que o carro foi arrastado. Veja:
Família mobilizada
Desde o dia em que o carro de Erick foi arrastado pela enxurrada, os parentes têm se envolvido diretamente nas buscas. No dia do desaparecimento, parte da família entrou no córrego para procurar o motorista quando soube que o Corpo de Bombeiros interromperia os trabalhos por causa da baixa visibilidade no local.
Nos dias seguintes, o grupo se revezou para acompanhar os trabalhos dos bombeiros, fez um protesto na região cobrando uma solução para o caso, e buscou vereadores e deputados à procura de apoio para pressionar o poder público.
Jadiel Duarte, primo de Erick, diz que a família está desesperada e “se sentindo impotente” em meio à falta de informações sobre o primo.
Noiva de Erick, Katarine Martins, de 24 anos, cobra mais atenção do poder público nas buscas. “A gente vota, paga imposto. Todo mundo é trabalhador, sabe? A gente faz o nosso dever. Por que eles não fazem o deles?”, diz a jovem.