Ex-seccional ligado ao PCC está proibido de entrar em delegacias
O delegado classe especial Alberto Pereira Matheus Junior é um dos policiais suspeitos de compor quadrilha envolvida na morte de Gritzbach
atualizado
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São Paulo – O ex-delegado seccional de São José dos Campos, interior paulista, Alberto Pereira Matheus Júnior, está proibido judicialmente de entrar em qualquer delegacia, ou prédio policial, a não ser na condição de investigado. Ele é apontado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) como um dos policiais civis que compõem uma organização criminosa prestadora de serviços do Primeiro Comando da Capital (PCC) e acaba de se tornar réu no processo sobre o caso.
A quadrilha de agentes públicos mantinha negócios com criminosos envolvidos no assassinato do corretor de imóveis Vinícius Gritzbach, que delatou, em 31 de outubro, a ligação de policiais civis com o PCC. Ele foi executado com 10 tiros de fuzil, oito dias depois, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na região metropolitana.
Ao aceitar a denúncia do Ministério Público de São Paulo (MPSP) contra o delegado, a Justiça determinou a proibição de o a repartições policiais, “salvo para atender a obrigações judiciais e chamados da Corregedoria”. Além disso, o ex-seccional teve seu cargo como policial civil suspenso, precisa pagar uma multa de R$ 100 mil e está proibido de manter contato com qualquer pessoa ligada ao processo. A defesa dele não foi localizada. O espaço segue aberto para manifestações.
Ligações criminosas
Segundo o MPSP, Alberto Junior mantinha relações suspeitas com o delegado Fabio Baena e o chefe de investigações Eduardo Lopes Monteiro. Ambos estão atrás das grades, por envolvimento com o grupo apontado como responsável pelo assassinato de Vinícius Gritzbach.
Conforme decisão assinada pelo juiz Paulo Fernando Deroma de Mello, o delegado Alberto Junior “recebeu, direta e indiretamente, vantagens econômicas indevidas e dissimulou a natureza, movimentação e propriedade de valores decorrentes direta ou indiretamente de crimes de corrupção iva”.
Alberto Junior, Fabio Baena e Eduardo Monteiro foram denunciados e tornados réus por corrupção iva, peculato e lavagem de dinheiro.
Ao Metrópoles, a defesa de Fabio Baena e Eduardo Monteiro afirmou, em nota, que a denúncia “é recheada de ilações, sem qualquer elemento sério a respaldá-la”. “É inissível estar ancorada nas elucubrações do mitômano e criminoso confesso, Vinícius Gritzbach. Aguarda-se que agora a Justiça analise e decida de forma adequada e isenta os pedidos da defesa, fazendo cessar a injusta coação imposta aos nossos clientes”.
Ajudou a prender Marcola
Atualmente recebendo salário como delegado classe especial, cujo salário bruto mensal é de R$ 30.219,43, segundo o Portal de Transparência do Estado, Alberto Pereira Matheus Junior foi um dos responsáveis pela prisão de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder máximo do PCC, em 1999.
Além disso, no início do ano 2000 Alberto Júnior foi um dos primeiros policiais civis a investigar e indiciar, por associação criminosa, os fundadores e principais lideranças da maior organização criminosa do país.
Em 2015, o delegado fez parte de uma operação na qual 11 chefões do PCC foram detidos, em diferentes regiões do estado de São Paulo.
Alberto Junior, de 61 anos, é formado em direito e ingressou na Polícia Civil em 1989.