Despedida de diretor afastado emociona alunos: “Não é justo”. Vídeo

Estudantes da escola municipal Caio Sérgio Pompeu de Toledo, na zona leste da cidade de São Paulo, ficaram emocionados com a notícia do afastamento do diretor da escola, Carlos Roberto Medeiros Cardoso.

O profissional faz parte da lista de 25 profissionais que foram afastados pela Secretaria Municipal de Educação de São Paulo sob a justificativa que as unidades escolares apresentaram baixo desempenho em indicadores educacionais.

Seu afastamento, contudo, foi recebido com revolta pelos estudantes. Vídeos publicados nas redes sociais (veja abaixo), mostram dezenas de alunos despedindo-se emocionados do ex-diretor. Eles gritam o nome de Carlos e seguram cartazes com frases como “Isso não é justo”.

No discurso de despedida, o diretor questionou o argumento da prefeitura para o seu afastamento:

“Caio Sérgio não é Carlos. Caio Sérgio é cada um. Caio Sérgio é cada pai, cada mãe, cada um que tá aqui (…) O nosso Ideb não é ruim, é 5.2. É melhor que muitas escolas, podem pesquisar. Eu estou saindo porque eu estou aqui há muito tempo e a gente é uma escola de resistência. E eu, eu saio daqui grande por vocês. Porque vocês me fazem grande”, disse o diretor, ao se despedir de alunos da Escola Municipal Caio Sérgio Pompeu de Toledo.

Entenda o caso

• Os diretores afastados trabalham em unidades de tempo integral e estão há pelo menos quatro anos na função, segundo a Secretaria de Educação.
• A gestão Ricardo Nunes (MDB) alega que eles arão por uma “requalificação intensiva do Programa Juntos pela Aprendizagem”.
• O programa foi criado em abril deste ano com o objetivo de melhorar os indicadores de aprendizagem na rede.
• A medida acontece depois que os baixos indicadores da Prefeitura na educação viraram alvo de críticas durante a campanha de Nunes em 2024, e ameaçaram a continuidade de Fernando Padula à frente da secretaria.
• Segundo a Prefeitura, as escolas foram selecionadas pelas notas que obtiveram no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e no Índice de Desenvolvimento da Educação Paulistana (Idep) de 2023.

Crítica aos afastamentos

O afastamento de Carlos Medeiros Cardoso e de outros profissionais da rede municipal foi comunicado pela Secretaria de Educação um dia antes da publicação da medida no Diário Oficial dessa quinta-feira (22/5).

A mudança foi criticada por profissionais da educação, que apontam que a decisão foca apenas nas notas, ignorando a realidade de cada escola. A lista das escolas afetadas inclui até mesmo uma unidade premiada por suas boas práticas.

Segundo a Prefeitura, enquanto os diretores permanecerem fora das unidades, outros profissionais serão enviados para atuar na gestão das escolas. O Metrópoles apurou que os educadores que vão reforçar as equipes são de outras unidades da rede.

Parlamentares do PSol acionaram o Ministério Público de São Paulo (MPSP) contra a medida. O vereador Celso Giannazi, o deputado estadual Carlos Giannazi, e a deputada federal Luciene Cavalcante afirmam que a decisão é arbitrária e pedem que o MPSP anule os afastamentos e reconheça o direito dos diretores a permanecerem no cargo.

Em nota, a Secretaria Municipal da Educação diz que a remuneração dos diretores será mantida durante a formação.

“A capacitação, inédita, inclui vivência em outras unidades educacionais e tem como objetivo o aprimoramento da gestão pedagógica para melhorar a aprendizagem de todos os estudantes. As unidades contarão com o reforço de mais um profissional na equipe gestora. A remuneração dos diretores será mantida”, afirma a nota.