Defesa de mulher que atacou casal gay fala em “linchamento virtual”
Segundo os advogados de Jaqueline Santos Ludovico, empresária estava em “situação de vulnerabilidade” e que reação ao caso é uma “injustiça”
atualizado
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São Paulo – A defesa da empresária Jaqueline Santos Ludovico, a mulher que atacou um casal gay em uma padaria no bairro de Santa Cecília, região central de São Paulo, afirmou nesta sexta-feira (9/2) que a cliente estava em “situação de vulnerabilidade” e que a reação ao caso é uma “injustiça”.
Os advogados da empresária disseram, em nota assinada pelos advogados Adriana Sousa, Paulo Eduardo e Tiago de Mello, e enviada ao portal UOL, que há duas versões dos fatos: “A história completa e a verdadeira complexidade dos eventos exigem uma abordagem mais sensível e equilibrada, que reconheça a situação de vulnerabilidade da sra. Jaqueline e a injustiça de julgá-la apenas com base em fragmentos de informações”.
Jaqueline Santos Ludovico teria virado alvo de um “linchamento virtual”, segundo seus advogados. Eles ainda classificaram a repercussão do caso como “exagerada” e “parcial”.
“A exagerada e parcial forma como o caso tem sido tratado e divulgado através da internet e dos meios de comunicação de massa não só comprometem a integridade da investigação em curso, mas também colocam em risco a segurança e o bem-estar da família da acusada, entre eles seus dois filhos menores, que vem sofrendo ameaças constantes”.
Os defensores pedem ainda privacidade para Jaqueline e sua família: “Neste momento delicado, é imprescindível que se resguarde a privacidade e a dignidade da família da Sra. Jaqueline, especialmente dos seus filhos menores envolvidos, garantindo-lhes o direito a um julgamento justo e imparcial, sem o peso indevido da pressão pública e do linchamento virtual”.
A defesa esclareceu que a versão da empresária será apresentada as autoridades cabíveis. “Os fatos encontram-se sob investigação das autoridades policiais, e nesse momento não há que se antecipar às conclusões da Polícia e do Poder Judiciário”.
Agressões físicas e verbais
O ataque homofóbico ocorreu na na madrugada do último sábado (3/2). Rafael Gonzaga, uma das vítimas, saiu com o nariz sangrando após as agressões físicas.
Além das agressões físicas, a mulher proferiu falas homofóbicas contra o casal. “Só que eles acham que são viados e podem fazer o que eles querem, até onde a gente está… de boa. E está achando que pode fazer o que quer, porque dá o c*. E os valores estão sendo invertidos, tá?! Tá bom?! Eu sou de família tradicional, tenho educação. Diferente dessa porra aí”, disparou.
Em outro momento, ela disse que é “branca”, afirmou que é “mais macho” que Adrian e o chamou de “lixo”. “Você nasceu homem”, continuou.
Rafael e Adrian registraram boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia de Repressão aos Crimes Raciais e de Delitos de Intolerância (Decradi), na segunda-feira (5/2). À Polícia Civil, eles relataram que a mulher começou a ofendê-los no estacionamento da padaria, quando o casal parou em uma vaga que a autora ocupava antes, junto a outra mulher e um homem.