Não deposite energia naquilo que não te dá um retorno
As coisas mais importantes da existência dependem de comprometimento. Mas isso só é válido quando encontramos correspondência nos propósitos
atualizado
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À exceção de criança prematura e animal de abate, quando algo começa a ganhar muito peso é sinal de que as coisas não vão bem. Seja uma amizade, um hobby, um amor, um trabalho. Quando a manutenção exige um esforço maior da nossa disposição, precisamos reavaliar nossas prioridades.
Sendo a vida um exercício diário de superação constante de limitações, seria contraditório falar que não devemos nos esforçarmos em prol de algo positivo. Este é o ponto: o peso pode sinalizar um déficit de recompensa, quando comparado com nosso empenho.
Mas tudo isso só é válido quando encontramos correspondência nos propósitos, quando um sentido interior sinaliza que vale a pena priorizar nossa energia para aquilo permanecer vivo em nós.
Assim, por mais complexa e demandante, a situação não será penosa. Não cansamos diante daquilo que nos retroalimenta, não ficamos enfadados com relações fornecedoras de pertencimento. Elas fazem sentido, dialogam com nosso íntimo – e isso nos refaz de qualquer dispêndio.
No entanto, tudo é transitório e, com isso, a interpretação das coisas está em constante transformação. Aquilo que antes ajudava a me definir, hoje pode não ser mais pertinente a mim.
As coisas parecem ser mais pesadas na medida em que conseguimos dar mais leveza à vida. Daí fica mais difícil sustentar algo não verdadeiro.
Exemplos: quando percebemos as ausências como menos importantes quando comparadas às presenças. Quando entendemos que as cobranças não conotam atenção e apreço. Quando o valor é atribuído a partir do que somos, e não naquilo que não conseguimos ser. Quando o melhor resultado não é o atestado por números, e sim o crescimento proporcionado.
Assim, deixar para trás aquilo que pesa não é uma atitude de ingratidão ou abandono. Nem mesmo de simples desistência diante das dificuldades. O medo de ficarmos sem nada ou sem ninguém não pode ser o guia nesse trajeto. Sustentar esse peso é trair nossa alma, é promover um acúmulo vazio, que embarga o desenvolvimento.