Política federal impulsiona uma indústria mais tecnológica no país

O Brasil vive um novo momento para a indústria nacional. Com a Nova Indústria Brasil (NIB) foi possível voltar a debater política industrial e construir uma agenda de longo prazo para uma indústria mais verde, mais inovadora, mais exportadora e mais produtiva. O investimento em atividades de inovação e digitalização é condição indispensável para a promoção de uma indústria mais competitiva nacional e internacionalmente.

É com esta compreensão que o governo do presidente Lula e do vice-presidente Geraldo Alckimin está estimulando a atividade de inovação das empresas nacionais por meio de linhas de apoio financeiro com recursos diferenciados.

No âmbito do Plano Mais Produção (P+P), o braço de financiamento da NIB, estão sendo disponibilizados mais de R$ 80 bilhões entre crédito, recursos não reembolsáveis e equity para as empresas inovadoras por meio do BNDES, da Finep e da Embrapii.

Junto a outras instituições financeiras públicas que compõem o P+P, este apoio tem sido essencial para incentivar o setor industrial em atividades inovativas que têm inerentemente grande risco e incerteza.

Algumas respostas expressivas, frutos da NIB, já começam a aparecer. O resultado agregado da Indústria de Transformação, por exemplo, levou o Brasil para a 25ª posição no ranking global de desempenho industrial de 2024, de acordo com dados da United Nations Industrial Development Organization (Unido), superando de longe a melhor posição anterior neste indicador (43ª em 2020).

Em termos qualitativos, merece amplo destaque o crescimento de 6,9% do segmento da indústria de média-alta intensidade tecnológica em 2024, após sete anos de estagnação. Isso demonstra uma mudança importante no comportamento da indústria nacional, que vem respondendo positivamente a uma política industrial de linhas estratégicas claras e com metas estabelecidas.

Alta intensidade tecnológica

Outro exemplo muito relevante foi o crescimento de 11,5% nas exportações da indústria de alta intensidade tecnológica no ano ado. Um setor industrial mais inovador é fundamental para que as empresas nacionais sejam capazes de disputar mercados externos nos quais a competição é muito grande e fortemente relacionada com a capacidade de investimento em inovação e digitalização.

O BNDES tem contribuído de forma relevante no fortalecimento de uma indústria mais inovadora e, consequentemente, mais competitiva. O fato de o governo federal ter criado uma linha com taxa diferenciada para o BNDES financiar a atividade de inovação e digitalização proporcionou uma mudança estrutural no apoio do banco.

No ano de 2024 foram apoiados com recursos do programa Mais Inovação e outros recursos mais de R$ 13 bilhões em inovação e digitalização, um valor nominal recorde na história do Banco.

Este valor representou 6,4% das aprovações totais do BNDES, a maior participação da história. Somados os anos de 2023 e 2024, foram aprovados aproximadamente R$ 18 bilhões, um valor superior à soma dos seis anos anteriores ao governo do presidente Lula.

Uma análise realizada pela equipe técnica do BNDES no apoio direto do Banco a projetos para inovação e digitalização confirmou que os projetos apoiados têm contribuído fortemente para uma indústria mais complexa tecnologicamente.

Pelos dados analisados, 61,5% dos projetos destinaram-se a empresas dos setores de alta e média-alta complexidade tecnológica. O apoio ao setor farmacêutico em 2024, por exemplo, foi recorde, com grande foco em inovação.

Tecnologias habilitadoras

Dos demais projetos que não estão entre os de maior complexidade, procurou-se compreender quais desses utilizavam tecnologias habilitadoras, como sensoriamento, inteligência artificial, biotecnologia etc, com base em classificação da National Science and Technology Council (NSTC).

O diagnóstico é que um conjunto adicional de mais 26,2% dos projetos empregava essas tecnologias de alta complexidade tecnológica. Assim, nota-se que 87,7% dos projetos apoiados diretamente possuem alta densidade tecnológica.

O Brasil está no rumo certo de uma mudança estrutural para um país de maior complexidade tecnológica e mais competitivo. A NIB tem contribuído de forma decisiva para uma nova indústria e o BNDES tem cumprido o papel de estimular uma indústria mais inovadora com complexidade tecnológica.

*José Luís Gordon é diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES.