Sem banheiros, igreja reformada está fechada na Candangolândia
Patrimônio Cultural do DF, capela São José Operário não pode ser aberta para missas e visitações
atualizado
Compartilhar notícia

As sobras de madeira usadas na construção de Brasília resultaram naquela que seria a primeira igreja da nova capital. Batizada de São José Operário, a modesta capela, inaugurada em 1957, precisou de 30 dias para ficar pronta e mais de 16 anos para ser, enfim, reformada. Entregue em 2014 com uma pomposa reinauguração, a igrejinha construída por pioneiros fervorosos permanece fechada, abrindo somente para poucas reuniões e uma celebração por ano. Motivo? Esqueceram de construir banheiros.
O padre Rafael Souza, vigário da paróquia da Candangolândia, explica que no momento em que o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) autorizou a reforma foi solicitada a construção de um banheiro nas imediações da capela. Segundo o religioso, o projeto foi alterado e os sanitários seriam instalados: “No dia que o governo entregou a igreja, já sabíamos que não poderíamos celebrar missas no local. A comunidade é grande e sempre temos crianças nas missas, sem banheiros fica inviável fazer reuniões ou outros eventos”. O sacerdote acrescenta que não há bebedouros e precisam improvisar para fornecer água durante a Missa das Crianças, único evento realizado anualmente na capela, na Páscoa.

O templo de 256 metros quadrados foi considerado Patrimônio Cultural do DF, em 1998, e tombado por meio do Decreto 19.690, de 29 de dezembro de 1998, por isso não pode sofrer alterações. Foram investidos R$ 324,3 mil na reforma. O nome homenageia o santo, mas também os pioneiros que tornaram realidade a cidade planejada.
Insegurança
Embora o banheiro seja o principal motivo para a igreja permanecer fechada, a comunidade tem outras reivindicações. Maria Pereira, 39 anos, mora próximo à capela e conta que a pracinha ao lado do templo, que também foi tombada pelo Iphan, virou ponto de encontro para usuários e traficantes de drogas. “É complicado ar por lá durante a noite. O movimento de usuários é constante e nos sentimos ameaçados”, conta.
Sobre a segurança, o vigário Rafael Souza lembra da época em que a igreja foi incendiada por usuários de drogas. “Foi há dez anos, o pároco chegou a cercar a igreja com muros para evitar novos danos, mas precisou derrubar por se tratar de área pública e tombada”, explica.
Procurada pelo Metrópoles, a istração Regional da Candangolândia informa que já solicitou uma solução para o Iphan em relação à falta de banheiros na igreja. Sobre a segurança, destaca que pediu reforço na área para a Polícia Militar.