Incerteza está “espalhada”, diz Galípolo em dia de pânico nos mercados
“Hoje, o tema incerteza e volatilidade parece que está um pouco mais espalhado no mundo”, afirmou Gabriel Galípolo, presidente do BC, em SP
atualizado
Compartilhar notícia

Em mais um dia de pânico generalizado nos mercados financeiros por causa dos impactos econômicos da nova rodada de tarifas comerciais anunciadas na semana ada pelo governo dos Estados Unidos, o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou que a “incerteza” e a “volatilidade” parecem ter se espalhado por diversas partes do mundo e não estão restritas ao mercado brasileiro.
O chefe da autoridade monetária fez um rápido e protocolar discurso de abertura na cerimônia de entrega dos prêmios aos vencedores do Top 5 da pesquisa Focus em 2024. O evento é realizado nesta manhã no edifício do BC em São Paulo.
“Já dizia um dos pais da física quântica: fazer projeções sobre o futuro é especialmente difícil. No Brasil, esse é um ditado que valeria com alguma ênfase maior, mas o dia de hoje está mostrando que talvez não seja só no Brasil”, disse Galípolo.
“Todo mundo que estudou economia alguma vez na vida achou que os índices de volatilidade e incerteza do Brasil pudessem migrar para economias mais avançadas com o tempo e ficar mais parecidos. Eu sempre achei que era porque nós iríamos nos aproximar do deles, não o caminho contrário. Hoje, o tema de incerteza e volatilidade está mais espalhado no mundo”, completou o presidente do BC.
Nesta segunda-feira, os mercados globais têm mais um dia de fortes perdas, com os principais índices ainda sentindo os efeitos da nova rodada do “tarifaço” do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre produtos importados de diversos países.
Na Ásia, o destaque negativo do primeiro pregão da semana foram as ações da Bolsa de Hong Kong, que despencaram mais de 13% e registraram seu pior dia em quase 30 anos (o índice Hang Seng desabou 13,22%, aos 19,8 mil pontos).
Na Europa, o cenário é semelhante. No início do pregão, a Bolsa de Valores de Frankfurt, na Alemanha, recuava 5,75%. Na abertura dos mercados em Paris, Londres, Milão e na Suíça, também eram registradas fortes quedas.
Evento em SP
Após a abertura do evento com o discurso de Galípolo, estão programadas três mesas de debate sobre o cenário internacional, o cenário doméstico e a política monetária.
As mesas serão presididas pelos diretores do BC Paulo Picchetti (Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos), Nilton David (Política Monetária) e Diogo Guillen (Política Econômica) e contarão com a participação de representantes das instituições premiadas.
Focus
Os analistas do mercado financeiro consultados pelo BC mantiveram inalterada a estimativa de inflação para 2025 em relação à semana ada. É o que mostrou a nova edição do Relatório Focus, divulgada nesta segunda-feira.
De acordo com o relatório, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, deve terminar este ano em 5,65%, mesma projeção da semana anterior.
Segundo o Focus, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para 2025 deve ter crescimento de 1,97%, também a mesma projeção da semana ada.
Em relação à taxa básica de juros da economia, a Selic, o mercado financeiro manteve a estimativa para o fim de 2025 em 15% ao ano.
Os analistas consultados pelo BC reduziram a projeção para o dólar em 2025 de R$ 5,92 para R$ 5,90.
O Relatório Focus resume as expectativas de mercado coletadas até a sexta-feira anterior à sua divulgação. O boletim é divulgado, normalmente, às segundas-feiras.