União Europeia se une à China e ao Canadá em retaliação contra os EUA
O pacote de medidas aprovado pelos europeus deve ter um impacto de 20 bilhões de euros e atinge produtos como soja, suco de laranja e carne
atualizado
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Em um novo capítulo da guerra comercial entre algumas das maiores potências econômicas do mundo, a União Europeia (UE) aprovou nesta quarta-feira (9/4) o primeiro pacote de medidas retaliatórias aos Estados Unidos, com tarifas de 25% sobre diversos produtos norte-americanos.
A ação dos europeus é uma resposta à decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de impor tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio dos países da UE. Além disso, o bloco foi alvo de taxas adicionais de 20% sobre praticamente todos os demais produtos.
O pacote de medidas aprovado pelos europeus deve ter um impacto de 20 bilhões de euros (cerca de R$ 129,5 bilhões, pela cotação atual) e atinge produtos como soja, suco de laranja, carne, motos e itens de beleza.
O uísque dos EUA foi retirado da lista de última hora, com o objetivo de proteger os fabricantes de bebidas do bloco europeu de eventuais novas taxas norte-americanas.
De acordo com a UE, as taxas retaliatórias começarão a ser cobradas a partir do dia 15 de abril.
“Essas medidas podem ser suspensas a qualquer momento, caso os EUA concordem com um resultado negociado justo e equilibrado”, informou a Comissão Europeia, em nota.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que continua apostando na negociação entre o bloco e representantes do governo Trump.
“A Europa está sempre pronta para um bom acordo. Mas também estamos preparados para responder por meio de medidas de retaliação para defender nossos interesses”, afirmou Von der Leyen.
Canadá também reage
O Canadá também reagiu às tarifas das quais é alvo por parte dos EUA. A contramedida canadense havia sido divulgada na semana ada. Ela aplica uma tarifa de 25% aos veículos não cobertos pelo acordo de livre comércio EUA-México-Canadá, conhecido como USMCA. A medida começa a valer nesta quarta-feira.
O primeiro ministro do Canadá, Mark Carney, foi às redes sociais para anunciar a reação de seu país. E mirou no comércio de automóveis: “Haverá tarifas de 25% sobre todos os veículos não compatíveis com o acordo Canadá-Estados Unidos-México e tarifas de 25% sobre o conteúdo de veículos compatíveis com o acordo, que não sejam do Canadá ou México”, disse.
“O presidente Trump causou essa crise comercial, e o Canadá está respondendo com propósito e força”, pontuou.
Já o ministro das Finanças canadense, François-Philippe Champagne, afirmou que a tarifa de 25% sobre importações de veículos dos EUA é uma resposta a tarifas “injustificadas e irracionais”.
Embora o Canadá não esteja na nova leva de tarifas impostas por Trump nessa quarta, o país vizinho já estava em conflito com Washington sobre as políticas preexistentes dos EUA, que taxaram uma série de itens comercializados pela fronteira em 25%.
“Protegeremos nossos trabalhadores, nossos negócios e nossa economia”, escreveu Champagne no X.
Serão taxados pelo Canadá:
- Quaisquer veículos totalmente montados provenientes dos EUA que não estejam em conformidade com o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Cusma, na sigla em inglês).
- Qualquer “conteúdo não canadense e não mexicano” que fizesse parte de um veículo totalmente montado proveniente dos EUA, mesmo que esteja em conformidade com a Cusma.
- A confirmação ocorre depois que o primeiro-ministro canadense, Mark Carney — que está em uma disputa eleitoral —, prometeu uma resposta enérgica às tarifas de Trump.