BC estuda novo modelo de financiamento para habitação, diz Galípolo
Segundo Galípolo, a perda de recursos da poupança tem um caráter “estrutural”, pois outros produtos financeiros oferecem rentabilidade maior
atualizado
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O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou nesta terça-feira (10/6) que a autoridade monetária vem discutindo com bancos e instituições do sistema financeiro a construção de um modelo alternativo à caderneta de poupança para o financiamento da casa própria.
Nesta manhã, Galípolo participou da abertura do Febraban Tech 2025, evento promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em São Paulo. Coube ao chefe da autoridade monetária fazer o discurso inicial do seminário, mas ele não fez qualquer comentário sobre a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) ou sobre a trajetória da taxa básica de juros (Selic).
“Estamos trabalhando nisso e conversando com os bancos, especialmente a Caixa. Nós pretendemos apresentar em breve um processo que vai utilizar captação de mercado para normalizar isso”, disse Galípolo, sem dar maiores detalhes sobre o novo modelo.
Atualmente, a poupança é a maior fonte de “funding” do setor imobiliário no país, mas vem perdendo recursos com o aumento de saques. “Funding” é a captação de recursos financeiros para o investimento específico de uma empresa.
Segundo Galípolo, a perda de recursos da poupança tem um caráter “estrutural”, pois outros produtos financeiros oferecem uma rentabilidade superior à da caderneta.
“Acho que a perda de recursos é mais estrutural, já que é difícil competir com outras alternativas. Parece natural, com mais educação financeira, a redução de recursos da poupança”, observou o presidente do BC.
Governo mira LCI
As declarações de Galípolo sobre uma possível nova fonte para o financiamento imobiliário ocorrem no momento em que o governo federal pretende cobrar Imposto de Renda (IR) sobre as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) – papéis atualmente isentos de imposto e habitualmente utilizados pelo setor para garantir a oferta de crédito.
A LCI é lastreada na carteira de empréstimos relacionados ao setor imobiliário mantida pelas instituições emissoras. Ela pode ser lançada pelos bancos e também por sociedades de crédito imobiliário, associações de poupança e empréstimo e companhias hipotecárias que queiram captar recursos.
A tributação sobre a LCR faz parte do pacote de novas medidas fiscais apresentado pela equipe econômica no último domingo (8/6) como compensação ao recuo no aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
As medidas serão detalhadas nesta terça-feira pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em uma reunião em Brasília. As alterações serão encaminhadas ao Congresso Nacional e dependem da aprovação de deputados e senadores.