Dólar perde força e Bolsa sobe com novo recuo de Trump sobre tarifas
Por outro lado, mercado reagiu negativamente ao provável anúncio, pelo governo federal, de medidas para conter a alta no preço dos alimentos
atualizado
Compartilhar notícia

O dólar operava estável na tarde desta quinta-feira (6/3), dia em que o mercado financeiro aguarda os desdobramentos de uma reunião marcada entre o vice-presidente Geraldo Alckmin e o secretário do Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, sobre as tarifas comerciais impostas pelo governo norte-americano.
Por outro lado, o mercado brasileiro reagiu negativamente ao provável anúncio, por parte do governo federal, de medidas para conter a alta nos preços dos alimentos.
A informação de que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve anunciar medidas nesse sentido ainda nesta quinta-feira (6/3) foi divulgada pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD).
Segundo o ministro, o anúncio deve ocorrer após uma reunião entre Lula e empresários do setor, no Palácio do Planalto. A partir dessa declaração, houve uma piora dos ativos domésticos no mercado.
O que aconteceu
- Às 15h45, a moeda recuava 0,04%, a R$ 5,754.
- Mais cedo, às 15h23, o dólar avançava 0,13% e era negociado a R$ 5,764.
- Na cotação máxima do dia até aqui, o dólar bateu R$ 5,781. A mínima é de R$ 5,732.
- Na véspera, a moeda dos EUA despencou 2,71% e fechou o dia cotada a R$ 5,75.
- Com o resultado, o dólar acumula queda de 2,71% em março e de 6,86% em 2025.
- Nos dois primeiros dias da semana, segunda-feira (3/3) e terça-feira (4/3), não houve pregão no Brasil por causa do Carnaval. O mercado reabriu na quarta-feira (5/3).
Ibovespa
O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), operava em alta nesta tarde.
Às 15h49, o indicador avançava 0,25%, aos 123,3 mil pontos.
No dia anterior, o Ibovespa fechou o pregão em alta de 0,2%, aos 123 mil pontos.
Com o resultado, o principal indicador da bolsa brasileira acumula ganhos de 0,2% no mês e de 2,3% no ano.
Alckmin e auxiliar de Trump
O destaque desta quinta-feira é a reunião entre o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), e o secretário do Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, por videoconferência.
O tema do encontro será o “tarifaço” imposto pelo governo de Donald Trump nos Estados Unidos sobre produtos importados de uma série de países, entre os quais o Brasil.
O mercado de madeira brasileira pode ser um dos mais prejudicados, já que os EUA são o principal destino das exportações do setor, recebendo 42,4% do total. Trump já anunciou uma tarifa de 25% sobre produtos florestais importados, o que pode dificultar a competitividade dos produtos nacionais.
Outro ponto de preocupação do governo brasileiro é o etanol. Atualmente, o país aplica uma tarifa de 18% sobre o produto norte-americano, enquanto os EUA cobram apenas 2,5% do etanol brasileiro. A política de “tarifas recíprocas” defendida por Trump pode levar a um aumento dessa taxação.
Além disso, aço e alumínio, que estão entre os principais produtos exportados pelo Brasil para os EUA, também podem ser afetados. Até o momento, o governo brasileiro não anunciou nenhuma medida em resposta à taxação, como o aumento das tarifas sobre produtos americanos.
Segundo Alckmin, a melhor estratégia diante do ime é o diálogo. O vice-presidente defende a possibilidade de um acordo para a definição de cotas de exportação, como foi feito em 2018, evitando a imposição de sobretaxas.
Em discurso feito ao Congresso dos EUA, na noite de terça-feira (4/3), Trump citou expressamente o Brasil como um dos países que estariam prejudicando comercialmente os interesses norte-americanos.
Apesar da preocupação quanto a uma guerra comercial global, investidores reagiram positivamente às declarações do secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, segundo as quais o governo norte-americano estuda um acordo com México e Canadá para aliviar as tarifas impostas aos dois países.
“Tanto os mexicanos quanto os canadenses ficaram o dia todo no telefone comigo tentando mostrar que vão melhorar, e o presidente Trump está ouvindo”, afirmou Lutnick em entrevista à Fox.
Alívio de tarifas
Os investidores também reagiram ao anúncio de Trump sobre decidir adiar as tarifas para montadoras de veículos nas importações de México e Canadá. A decisão foi anunciada pela Casa Branca na quarta-feira.
Segundo o governo norte-americano, o recuo aconteceu após o presidente dos EUA se reunir com executivos das montadoras Stellantis, Ford e General Motors.
A medida vale para veículos que fazem parte do mercado do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), assinado em 2020 pelos três governos.
O gesto positivo de Trump ao setor aconteceu um dia após as tarifas sobre importações de México e Canadá, de 25%, entrarem em vigor.
Outros dados internacionais
Ainda no cenário internacional, os investidores repercutem nesta quinta-feira a decisão do Banco Central Europeu (BCE) sobre a taxa de juros e novos dados do mercado de trabalho nos EUA, como os pedidos por seguro-desemprego.
A autoridade monetária da Europa cortou a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, de 2,75% para 2,5%, em linha com as estimativas do mercado.
Reforma ministerial
No cenário doméstico, os investidores seguem em como de espera pelo anúncio de novos nomes que arão a compor o primeiro escalão do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na semana ada, a confirmação de que a deputada federal Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, comandará a Secretaria de Relações Institucionais foi mal recebida pelo mercado financeiro.
Gleisi assumirá a vaga de Alexandre Padilha, também do PT, que deixa a pasta rumo ao Ministério da Saúde após a demissão de Nísia Trindade.
Desde quarta-feira, os investidores vêm repercutindo rumores de que Lula teria convidado o também deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) para assumir a Secretaria-Geral da Presidência no lugar de Márcio Macêdo, que deve deixar o cargo na reforma ministerial.
Assim como Gleisi, o nome de Boulos – candidato derrotado à Prefeitura de São Paulo nas eleições do ano ado – sofre grande resistência do mercado, que o vê como um “radical” de esquerda.